
O PAI MINHO
Mais que unha fronteira, o rio Minho foi, na história, um factor constante de aglutinaçón. D. Adfonsus d’Hanrique considerava-se senhor das duas marxens, e só o desastre de Badajoz o obrigou a renunciar ao senhorio de Tui. Desde a Pré-História, o rio foi unha espécie de medula da Galiza, e é ele que explica a intensidade das sucessivas ocupaçóns humanas. Sem ser dos mais extensos, o rio Minho é dos mais ilustres rios ibéricos, e servíu de eixo à cristalizaçón humana e histórica da Galiza. Nas suas marxéns nasceram três grandes cidades romanas, que foram sedes de dioceses cristáns e ostentam templos monumentais: Vigo, Ourense e Tui. Só o Ebro se pode orgulhar de tanta nobreza. O rio, mais tarde adoptado como fronteira, foi estrada de acesso e caminho constante de civilizaçón. Foi a partir dele que sucessivos povos e culturas penetraram, se instalaram e se difundiram polos verdes vales. Como explicar portanto que, como nome de província, o topónimo Minho tenha ficado só do lado português? Talvez porque o rio non chega, no seu curso galego, a definir unha paisaxem própria. Três rios, os Medas, país de Valdeorras, som rexións naturais debruçadas sobre o Minho. A comarca ourensana, que podería ter sido um Minho, adoptou o nome da grande e milenária cidade que a domina. E xá no troço comum aos dous países, a marxem norte é um arrabalde de um quadro xeográfico muito mais espectacular, que domina toda a rexión: a profunda ria a que os nossos cancioneiros chamam o mar de Vigo. O destino histórico fez do rio, que foi a alma da Galiza, o marco da partilha que a dividiu e que servíu de escudo à independência portuguesa. E aí está dentro de nós, o que resta do castelo de Melgaço: unha muralha fechada e unha torre de menaxem que se ergue hoxe como um mirante pintoresco sobre um novelo de casario florido. Um documento de 1197 dá notícia de que el rei D. Sancho I concedeu carta de couto ao Mosteiro de Longos Vales, para assim remunerar o serviço que D. Pedro Pires, prior daquele mosteiro, fez ao rei edificando à sua custa a torre e fortaleza da vila de Melgaço. Depois disso hoube muitas reconstruçóns, como non podía deixar de ser. Unha lápida xunto da porta recorda que, em 1263, o Mestre Fernando consertou a muralha, por ordem real, e que o casteleiro do rei, Martinho Gonçalvez, fez um novo troço de muralha. Aí están três avatares esquecidos, dos que axudárom de maneira afectiva a construir Portugal: o prior Pedro Paulo, Mestre Fernando e o casteleiro Martinho Gonçalves.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS