BERGSON (MULTIVERSO EXUBERANTE)

Embora actualmente tendamos a opor a filosofia anglo-saxónica à europeia, há non muito tempo o pensamento norte-americano e o francês apareceram irmanados em James e Bergson. “Se non tivesse lido Bergson, continuaria provavelmente enclausurado a amontoar infindáveis folhas de papel”, escreve James em “Um Universo Pluralista”. A confluência produziu-se no âmbito da filosofia pragmatista, a linha de pensamento dominante nos Estados Unidos. De um ponto de vista filosófico, o pragmatismo defende que, para funcionarem e se desenvolverem bem, as pessoas necessitam de liberdade face às relaçóns entre meios e fins. Mais profundamente, proclama que a verdade se constrói através da acçón: “todo o fazer é um inventar”. Para James, a emoçón e a sensaçón, habitualmente menosprezadas pelo racionalismo, desempenham um papel essencial neste processo. Com as suas diferênças, Bergson e James deram unha base metafísica ao seu pragmatismo: as verdades som relativas às nossas necessidades (non debe perguntar-se “porquê?”, mas “funciona?”), contudo, a realidade da qual se extraem pode, apesar de tudo, suxerir ao filósofo unha verdade mais profunda, esta, sim, absolucta e exaustiva: a sua plasticidade serve para a criaçón contínua de novidade num universo pluralista, nem finito nem infinito, mas indefinido (James criou em 1895 o termo “multiverso”, que depois sería usado pelos astrofísicos noutro contexto). Neste enquadramento, a utilidade é um instrumento de “negociaçón” com a matéria ao qual debemos ater-nos, mas pelas suas frestas non deixa de penetrar algo que a ultrapassa. A “realidade” non se esgota nas suas “verdades”, pelo que a verdade está sempre por decidir.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

Deixar un comentario