
Nos “Esboços das Confissóns”, Rousseau declara ter-se visto compelido a “inventar unha linguaxem”, ao questionar-se sobre o tom e o estilo adequados “para destrinçar este caos de sentimentos tán diversos, tán contradictórios, frequentemente tán vis e algunhas vezes tán sublimes polos quais fui incessantemente perturbado (…) Direi cada cousa como a sinto, como a vexo. Ao entregar-me ao mesmo tempo à lembrança da impressón recebida e ao sentimento presente, pintarei duplamente o estado da minha alma, isto é, no momento em que o facto aconteceu e no momento em que o descrevi”. Como assinala Jean Starobinski em “Jean-Jacques Rousseau, A Transparência e o Obstáculo”, “a perspectiva parte agora do instante presente. O presente governa o espaço retrospectivo em vez de ser esmagado por ele. Rousseau descobre que o passado se produz e se axita em si, no surximento de unha emoçón “actual”… só aqui se mede toda a novidade que contém a obra de Rousseau. A linguaxem converteu-se no lugar de unha experiência imediata, enquanto continua a ser o instrumento de unha mediaçón; pode dizer-se que foi o primeiro a viver de um modo exemplar o perigoso pacto do eu com a linguaxem: a “nova aliança” na qual o homem se torna verbo”. O lexislador de “O Contracto Social” também tem de inventar unha linguaxem para falar ao povo, xá que as visóns xerais están demasiado fora do seu alcance e dificilmente percebe as vantaxens trazidas polas contínuas privaçóns que impôem as boas leis. Para que um povo nascente pudesse entender as salutares máximas da política e seguir as regras fundamentais da razón do Estado, sería indispensábel que o efeito pudesse tornar-se a causa e que “fossem os homes, antes das leis, o que devem ser graças a elas”. Por isso, no decurso da história, os lexisladores tiveram de traduzir as suas pretensóns para outra linguaxem e fizeram falar unha autoridade divina a fim de arrastar quem non era possíbel mover mediante a prudência humana; mas, naturalmente, “non cabe a todos os homes fazer falar os deuses nem que acreditem nele quando se anuncia como seu intérprete”.
ROBERTO R. ARAMAYO