
Mençón à parte merece a sua maneira de elaborar os tratados que vemos nas “Enéadas”: segundo relatam os que lhe eram próximos, reflectia sem tomar notas de qualquer tipo, e apenas quando via a questón perfeitamente clara começava a escrever como um possesso, qual amanuense copiando de um orixinal, até o tratado estar completo. Isto traduz-se nunha filosofia que, como notou Bréhier, tem sempre a totalidade do sistema em mente, em vez de ir atravessando as suas divisóns ordenadamente, o que dá ao texto unha aparência de desordem, mas é na verdade um sinal de máxima clareza, pois nenhuma parte se desliga do resto. Tem-se, de facto, a impressón de que Plotino pretende dizer tudo ao mesmo tempo e de que encontrará o todo onde quer que procure. Como escritor, Plotino caracterizou-se também pola sua densidade ou “breviloquentia”, um traço típico de grandes filósofos gregos (face à redundância dos latinos), e pola sua exaltaçón entusiasta das doutrinas que cita, o que, em conxunto, o leva a alcançar unha qualidade literária que se aproxima à do próprio Platón. A norma, em todo o caso (a ordem, ou melhor “desordem”, da exposiçón), costuma ser unha espécie de diálogo do mestre consigo mesmo a propósito de um texto clássico de Platón, Aristóteles ou dos estoicos. No seu diálogo finxido, vai sendo assaltado por todo o tipo de obxeçóns, perguntas, réplicas e contrarréplicas (algunhas delas tomadas a outros críticos e autores, embora Plotino xamais os nomeie, o que torna o texto difícil e sexa premente distinguir estas teses das do próprio autor) que ván estreitando cada vez mais a questón até chegar ao ponto em que a verdade suprassensíbel se torna evidente. Precisamente nesse momento, prefere o exemplo ao raciocínio. É o famoso uso plotiniano das imaxens sensíbeis para descrever o intelixíbel. Um uso que, segundo muitos estudiosos, non tem paralelo na língua grega. Trata-se de unha seleçón de imaxens que lonxe de serem trazidas ao acaso, por pura inspiraçón momentânea, regressam continuamente ao longo dos escritos, e com as quais o autor mantinha unha longa relaçón: o primeiro princípio representado pola fonte (ou chorro) de luz, a seiva da árbore como a vida universal que mantém todo o existente unido, o escultor para figurar a tarefa do sábio de despoxar-se do supérfluo (“non deixes de esculpir a tua própria estátua”), etc… Depois de escritos, por outro lado, os tratados non eram sequer revistos por Plotino, para horror dos seus esudantes, que teríam de aprender a descifrar a sua obscura letra, que piorava debido aos seus problemas de visón. Foram os seus alunos, e principalmente. Porfírio, a fazer o papel de editores, incluíndo a separaçón e correçón ortográfica de palabras, sinais de pontuaçón e estructura do texto. Porfírio demonstrou unha perícia e um rigor notavelmente modernos nesta taréfa, titulando, resumindo, argumentando e anotando os seus escritos (hoxe em dia, infelizmente, estes trabalhos de ediçón confundem-se com o orixinal, embora um leitor atento consiga distingui-los). Nem Platón nem Aristóteles tiveram um editor com a importância de Porfírio. Isso demonstra que, na época alexandrina, os pensadores tinham unha noçón da importância do cuidado rigoroso dos textos, o que torna ainda mais frustrante o facto de se ter perdido practicamente todo esse saber.
ANTONIO DOPAZO GALLEGO