Arquivos diarios: 09/01/2023

ARISTÓTELES (TRANSFERIR A REALIDADE PARA UM MUNDO ABSTRACTO)

Perante estas duas visóns contrapostas (a dinâmica de Heraclito e a estáctica de Parménides), Platón propôn unha soluçón conciliadora a pergunta pelo “Ser”: a “Teoria das Ideias”. Desdobra a realidade e concebe um mundo sensíbel (aquele em que habitamos, o físico) onde tudo (pessoas, animais, obxectos, etc…) é um reflexo dos seus autênticos modelos (Ideias ou Formas), que se encontram num mundo abstracto, intelixíbel. Isto é, a realidade que somos capazes de perceber através dos nossos sentidos é unha realidade inferior, e isso é assim porque o que identificamos non é mais do que unha cópia imperfeita, unha sombra da autêntica realidade, que som as ideias arquetípicas (que residem no mundo abstracto). Deste modo, a árbore que existe em frente da minha xanela é unha árbore, porque de algum modo, é um reflexo imperfeito da ideia de árbore, e as facas som facas porque som cópias imperfeitas de unha faca ideal. Portanto, o “Ser” de Platón é dual, está dividido em dous mundos, um mais real (o mundo abstracto, ao qual chama “das Ideias ou Formas”) e outro menos real (o mundo sensíbel). Para Platón, as mudanças de que falava Heraclito só ocorrem no mundo sensíbel, porque é um mundo imperfeito e só o imperfeito tem necessidade de mudar. O plenamente real, o “Ser” a sério. é preciso procurá-lo no mundo das “Ideias”, que é perfeito, eterno e imutábel, como acreditava Parménides. Aristóteles non está de acordo com o mestre. Considera que transferir a realidade para um mundo abstracto, como faz Platón, non é o melhor caminho para alcançar a verdade. O seu espírito “científico” leva-o a pensar que a realidade tem que ser imanente, isto é, tem de estar aí, presente nas cousas que temos à frente. Como veremos em detalhe mais adiante, para Aristóteles, o real som os obxectos concretos que nos rodeiam e podemos identificar e nomear. Um dos princípios xerais de que parte para negar a teoria platónica do mundo das Ideias é que unha causa tem de estar necessariamente em contacto com o seu efeito e se as Ideias platónicas están noutro mundo (o abstracto), separadas da esfera sensíbel, como podem essas Ideias ser a causa das cousas do mundo sensíbel? Além do mais, que sentido teria procurar a explicaçón do “Ser” num mundo ao qual os homens, na realidade, non pudessem aceder? Outra cousa é que o entendimento humano, graças à linguaxem e à lóxica, sexa capaz de deduzir a existência de causas a partir dos obxectos que vemos, mas em qualquer caso, essas causas têm de estar em contacto directo com as cousas do mundo. No entanto, o argumento de maior peso que Aristóteles defende e que contradiz o mundo das Ideias de Platón é o chamado “argumento do terceiro homem”, que significa, basicamente, que, se a causa da existência de um homem concreto é um homem ideal, que também existe, tal como defende Arístocles, entón tería de haber um terceiro home que sexa a causa desse segundo home. E esta sucessón continuaria até ao infinito, sempre à procura de unha causa última que nunca chegaria; algo que é inaceitábel, entre outras cousas, por non conduzir a nenhuma explicaçón. Assim sendo, o que faz Aristóteles non é exactamente eliminar as Ideias platónicas, mas, pelo contrário, “fazê-las descer à Terra”, ao mundo sensíbel, e pô-las em contacto com as cousas concretas.

P. RUÍZ TRUJILLO