Arquivos mensuais: Novembro 2022

ROUSSEAU (A TEORIA DOS SENTIMENTOS MORAIS)

Rousseau non se singulariza por satisfazer a nossa vertente sentimental no meio do culto iluminista à razón. A escola escocesa xá o tinha feito e Adam Smith escreveu unha obra intitulada “A Teoria dos Sentimentos Morais”. Os enciclopedistas franceses também non menosprezaram por completo o papel das paixóns, nomeadamente os pensadores materialistas de quem nos fala Philipp Blom no seu libro “Gente Perigosa. O radicalismo esquecido do Iluminismo Europeu” (A Wicked Company: The Forgotten Radicalism of the European Enlightenment). Diderot, sem ir mais lonxe, abre assim os seus “Pensamentos Filosóficos”: “Vilipendiam unha e outra vez as paixóns; acusam-nas de todos os males do home, esquecendo que também som a fonte de todos os seus prazeres. E mais, só as paixóns, as maiores, podem elevar a alma até às cousas mais sublimes”. O próprio Kant non deixará de se referir ao entusiasmo, apesar de sublinhar o seu carácter ambivalente e os seus perigos, ao considerar a Revoluçón Francesa como um marco histórico memorábel. Estava no ar. A razón seria divinizada como Ser Supremo por Robespierre, mas nenhum iluminista europeu podia desdenhar o sentimento nem as paixóns ou as tendências, mesmo sendo para tentar pôr entraves a estas últimas, apelidando-as de “patolóxicas”. Os iluminista escoceses, franceses e alemáns deram um bom testemunho a esse respeito. O que caracterizou Rousseau foi converter sentimentos como o “amor” de si ou a “piedade” em eixos da sua doutrina política, mas o que sobretudo o singulariza, especialmente no que aqui abordamos, é o empenho por imprimir unha “viraxem afectiva” a todos e cada um dos seus textos, independentemente do conteúdo e de se tratar de um texto com que concorre a um prémio académico, um romance, unhas cartas, um tratado sobre política ou um ensaio pedagóxico. De alguma maneira, estava consciente de que as alteraçóns profundas e radicais que a humanidade vivencia partem de um estímulo sentimental. Nada mudará, por exemplo, a respeito das causas responsáveis pela desigualdade humana, se esta for percebida como unha questón de facto perante a qual non resta outra opçón senón aceitá-la com resignaçón. Rousseau estava muito consciente da importância do estilo, de unha retórica que soubesse activar com eficácia os afectos do destinatário. De facto, nos seus “Fragmentos Autobiográficos” assegura, como xá sabemos: “O meu estilo fará ele próprio parte da minha história”.

ROBERTO R. ARAMAYO

O FADO (MARIA DA FÉ)

Maria da Fé (Maria da Conceiçao Costa Marques Gordo) nasceu a 25 de Maio, no Porto, na década de quarenta, e cedo revelou aptidón para o canto, em especial para o fado. Aos nove anos xá actuava em festas particulares e participa em concursos de onde sai muitas vezes vencedora. O início da sua carreira profissional aconteceu no Teatro Vale Formoso, no Porto, a que se seguem espectáculos, interpretaçóns em teatro revista e, como fadista, faz diversas digressóns polo pais com Amália Rodrigues. Aos 18 anos decide viver em Lisboa e actua, logo como primeira figura, na Adega Machado. Em 1959 grava o primeiro “single” e, quatro anos depois, o controverso “Pop Fado” que lhe dá ainda mais notoriedade. Com a carreira em ascensón, grava em 1967 o seu primeiro grande êxito com o fado “Valeu a Pena”, logo seguido de “Primeiro Amor (20 Anos)”. Em 1968 ganha o “Prémio Revelaçao na categoria Fado”, atribuído pola Casa da Imprensa. Em 1969 participa no VI Grande Prémio TV da Cançao onde interpreta a cançón “Vento do Norte”. É a primeira fadista a participar num festival RTP da Cançao. A partir da década de 70 é a consagraçón da fadista com espectáculos em Portugal de lés-a-lés e disgressóns por todo o mundo. onde actua nas mais importantes salas de espectáculo. Maria da Fé tem visto reconhecida a sua carreira com vários prémios e galardóns. A discografia de Maria da Fé ao longo de cinquenta anos de carreira é vasta, tendo gravado perto de meio milhar de cançóns. Entre os seus maiores êxitos destacam “Cantarei Até Que a Voz Me Doa”, “Valeu a Pena”, “Primeiro Amor”, “Divino Fado”, “Fado Errado”, “É Mentira”, “Obrigado”, entre muitos outros.

A COZINHA DOS FAMOSOS

ESPINOSA (AMESTERDAM 1632 – 1660)

Baruch de Espinosa nasceu, por conseguinte, em Amesterdam, a 24 de Novembro de 1632, no seio de unha família comerciante xudaica pertencente à comunidade sefardita. Unha família de unha certa complexidade: o pai de Baruch, Miguel, casou três vezes e enterrou as suas três esposas antes de morrer. Com a primeira, Rachel, teve um primeiro filho Isaac. Com a segunda, Hanna D’Évora, teve três filhos: Baruch, Miriam e Gabriel. Com a terceira, Ester, teve unha filha, Rebeca. Miguel era um comerciante abastado, embora non fosse rico, e um respeitado membro da comunidade xudaica de Amesterdam, eleito várias vezes como membro de um conselho encarregado de tratar e resolver assuntos públicos. A família Espinosa viveu nunha das principais alamedas do bairro xudeu de Amesterdam, chamado Vlooienburg. A fala materna de Baruch era o português (em casa chamavam-lhe Bento, que vem a ser Benito), embora o idioma oficial entre os convertidos sefarditas fosse o castelán. Claro que o pequeno Baruch aprendeu um pouco, ou muito de holandês a brincar na rua. Na infância, a sua educaçón correspondeu à de um menino xudeu do seu tempo, mas foi especialmente esmerada: aprendizaxem do hebraico, a fala do Antigo Testamento, e estudo da Lei Sagrada (Tora) e do Talmude num centro de estudos especializado, a “yeshivá”. Baruch abandonou esta formaçón por volta dos 14 anos, e entrou precocemente no negócio paterno de importaçón de fruta desidratada e de frutos secos. Com a morte do pai, em 1654, a lóxa passou para as máns de Baruch e do irmán, baixo o nome de “Bento e Gabriel de Espinosa”. Dous anos depois, Baruch deixou de pagar uns impostos estipulados como contribuiçón para a sua comunidade, sem que se saiba se foi unha falência do negócio ou a um distanciamento e ruptura com o xudaísmo ortodoxo. Os dados disponíbeis indicam que Baruch non foi um comerciante hábil e que o negócio, xá muito afectado polas dívidas que o pai tinha deixado, acabou por se afundar sob a sua xestón. O escasso interesse de Baruch polos negócios e polas cousas materiais, bem como o desexo de se dedicar ao conhecimento, som visíbeis num precoce texto seu que encabeça o “Tratado da Reforma do Entendimento”.

JOAN SOLÉ

Learn more

O VINHO (11)

A VIDEIRA CABERNET-FRANC

Ésta cepa é prima da “Cabernet-sauvignon”. Cultiva-se em Burdeos para elaborar vinhos tintos, mas ainda é minoritária nas misturas com Cabernet sauvignon e com Merlot. A excepçón é confirmada pelos “Saint Émilion”, alguns de cuxos “Grands crus” (como por exemplo o “Cheval-Blanc” e o “Ausone”) contenhem um cinquenta por cento ou mais de Cabernet-Franc. Menos presente nos “Premières-côtes-de-Bordeaux” e ainda menos nas misturas de “Crus Classés” do Médoc ou de Graves. Ésta videira tinta é non obstânte dominante em certas rexións do Loira: alguns vinhos como o “Saumur”, o “Bourgueil” e o “Chinon” procedem esencialmente, por non dizer exclusivamente, de Cabernet-Franc. A sua fama está fundamentada na participaçón nas misturas clássicas bordelesas. Fora da França é popular, sobre tudo, no noreste de Itália, em Veneza e na zona de “Friul-Venecia Julia”.

Ausone, poucas das videiras da rexión de Burdeos, gozam de unha reputaçón tán brilhante. Situado num espolón de pedra caliza com vistas à cidade de Saint Emilion, Ausone tomou o seu nome do poeta romano Ausonius. Todavía sobrevivem garrafas da década de 1840, e os afortunados que as probarom, confirmam a sua qualidade e o seu aguante. Alain Vauthier assumíu o mando de toda a propriedade baixo a sua direcçón. Em 2003, Ausone elaborou um vinho brilhante. Os cháns de pedra caliza, impédem que as videiras sufram por falta de àgua, e a alta proporçón de Cabernet-Franc deu um perfume e complexidade pouco habituais em 2003, mas muito características de Ausone. Os vinhos som muito potentes e de sabores regularmente concentrados, elaborados a partir de videiras com unha média de cinquenta anos de idade. Apesar de tudo isto os vinhos também tenhem frescura, e unha extructura que garantiza unha larga vida por diante. Consumir durante, 2010 – 2030.

Clive Coates MW define “Cheval Blanc” como “o único grande vinho do mundo elaborado predominantemente à base de “Cabernet-Franc”.” Non obstânte, o “encépagement” de 1998 contem mais “Merlot”. Unha colheita temperán, fixo que a “Merlot” se recolhera antes das fortes chuvias do 27 de Septembro. Em xeral a colheita foi muito escása, com produçóns baixas. Como cabe esperar de um vinho tán explêndido, ainda permanece relativamente pechado. Non obstânte, xá suxére unha complexidade picante de madeira de cedro com o peculiar carácter de baias do “Cheval Blanc”. Apesar de ser só dous anos anterior ao de 2000, o de 1998 xá está muito mais avançádo e complexo. O paladar deliciosamente cautivador também oferece compostura e elegância. Carece da extrema concentraçón que alberga o de 2000, mas os taninos mais finos, combinam-se com textura de fruta aveludada, com unha extensón simplesmente maravilhosa. O “Cheval-Blanc” de 1998, como ocurre com os de 2001 e 2000, possee um excessivo alcohol do 13%. Um “Cheval Blanc” excepcional, que alcanzará a categoría de lexendário, xunto com o de 1947 e o de 1921 à medida que evolucione. Consumir: 2010 – 2030.

LÉRIA CULTURAL

HUME (DIÁLOGOS SOBRE A RELIXIÓN NATURAL)

A HIPÓTESE NEO-EPICURISTA OU MATERIALISTA

Para explicar a orixem do universo, todas as hipóteses, mesmo as mais absurdas, desde que consistentes com a experiência, parecem probábeis. É esse, por exemplo, o caso da hipótese epicurista, desde que sofra algunhas alteraçóns. Segundo esta hipótese, que Hume afirma ser considerada com razón a mais absurda algunha vez proposta, a matéria e o tempo som infinitos e tudo o que existe tem orixem em causas estrictamente mecânicas. Mas, se em vez de se considerar a matéria infinita, como fez Epicuro, se supuser que é finita – de modo a que nunha duraçón eterna a mesma ordem e organizaçón das partículas que a componhem possa ocorrer várias vezes – e dotada de movimento próprio, esta hipótese torna-se credível, porque explica igualmente bem a ordem do mundo e o aparente axustamento dos meios aos fins, mesmo nos seres vivos, sem fazer intervir qualquer forma de desígnio. Nos “Diálogos” esta hipótese é usada por Fílon apenas para mostrar a fraqueza do argumento do desígnio e para xustificar a sua suspensón do xuízo, unha vez que, como diz, é tán probábel quanto a hipótese teísta. Mas, com Darwin, as cousas mudam de figura. Logo veremos porquê.

DAVID HUME

LITERATURA CLÁSSICA LATINA (CATÓN E FLAMININO)

Catón alcançou o consulado no 195 a. C., à idade de trinta e nove anos, um logro notábel naquela época para um “nouus homo”, mas este foi só o começo para um período pleno de acontecimentos, ao qual pertence a sua carreira literária. Como cónsul lutou em Hispania; no 191 a. C. foi enviado nunha importante misón diplomática a Atenas, onde falou em latim, e destacou no exército nas Termópilas baixo as órdens de M. Acilio Glabrión, ao que depois, levou ante os tribunais. Em 189 a. C. competíu sem êxito pola censura, triunfando os aristócratas liberais e filohelenos T. Quinctio Flaminino e Marcelo: o irmán de Flaminino foi também obxecto de denuncia por parte do implacábel Catón. Flaminino, uns seis anos mais novo que Catón, tinha em comúm com el unha vehemente ambiçón, mas era muito diferente na maioria dos aspectos referentes a educaçón e temperamento. A sua carreira anterior tinha-o posto em estreito contacto com a cultura grega de Tarento e graças à habilidade militar e diplomática, assim como as suas excelentes relaçóns, alcanzou o consulado três anos antes que Catón e foi encargado da guerra contra Filipo de Macedonia, que ganhou em 197 a. C. O espírito da sua censura e da de Marcelo foi optimista e liberal. As guerras estabam acabando, e ao menos existía a expectativa de unha paz duradoura. Os exércitos e as armadas voltavam com um vasto botín e novos gostos. Roma era agora o foco diplomático da “oecumene”. Cinco anos mais tarde, non obstânte, a situaçón tinha mudado totalmente. Os Escipións tinham caído em desgraça, nunha série de xuízos que o próprio Catón había promovido. O escândalo do asunto das Bacanais, tinha sacudido a confiânça interior e um exército consular tinha-se perdido em Liguria. Catón foi elexído censor para o 184/3 a. C., num momento no que parecía que todas as facetas da vida romana, estabam suxeitas a forzas momentâneas e incontroladas que, em opinión de Catón, ameaçabam com destruir o carácter das instituiçóns romanas. A sua censura, nunca mais se esqueceu, pola sua severidade.

E. J. KENNEY E W. V. CLAUSEN (EDS.)

PLOTINO (PORFÍRIO E A ESCOLA)

Porfírio chega a Roma em 263 e disfruta daqueles que som provavelmente os cinco melhores anos de Plotino como mestre, embora também ele contribua para aguçar o intelecto do seu mentor. O encontro non foi simples nem a simpatia imediata. Porfírio vinha de Atenas, onde recebera unha formaçón filosófica impecábel, embora “fora de moda” aos olhos do seu novo professor. Por sua vez, a primeira impressón que o novo estudante teve de Plotino foi que este divagava excessivamente, que carecia de formaçón técnica e se deixava arrebatar demasiado para poder alcançar o rigor necessário. Porfírio pôs em causa especialmente a tese de que os intelixíveis (isto é, as “Formas”) som imanentes à “Intelixência do demiurgo”, e non modelos separados e independentes, tal como Platón tinha referido no Timeu. Com o passar das semanas, no entanto (e esta é unha impressón comum a muitos ouvintes de Plotino), Porfírio foi sendo cautivado pela profundidade da doutrina, na qual começou a vislumbrar a culminaçón de todo o platonismo, que ali era levado a equacionar os problemas verdadeiramente importantes e, mais ainda, a responder-lhes de um modo orixinal e profundo. Era como se, de repente, toda a formaçón adquirida ganhasse vida própria e revelasse o seu sentido, tornando-se, além de unha forma de mobilar o intelecto, unha maneira de alcançar a paz e a serenidade. Após a referida discussón sobre os intelixíveis com Amélio (o aluno que actuava como “cán de caça” de Plotino), Porfírio acabou por claudicar e reconhecer a superioridade da tese plotiniana: deu o dito por non dito e foi autorizado a receber os textos do mestre, algo que até entón lhe tinha sido negado. A escola era um lugar activo. As aulas eram participativas e non seguiam um padrón fixo, o que no início desagradou a Porfírio. Habia comentário de textos clássicos e contemporâneos, bem como discussóns entre alunos ou com o mestre. Quanto às explicaçóns (lecionadas em grego, como a filosofia era ensinada habitualmente no Império), a sua maneira de proceder era abordando problemas soltos, non unha exposiçón ordenada do sistema. Os temas eram impostos polas circunstâncias ou a pedido dos próprios estudantes. Porfírio eloxía o entusiasmo e a eloquência característicos do seu mestre, a quem se lhe iluminava o rostro e se tornava ainda mais belo do que xá era. O novo estudante realça ainda os problemas de dicçón do filósofo (trocava sílabas de lugar), que o levavam a pronunciar erradamente alguns termos (talvez pelo seu sotaque exípcio), assim como o seu costume de nón evidenciar a sucessón lóxica dos seus argumentos, o que era compensado por um estilo simples, contrário ao pedantismo dos retóricos, e pola sua honestidade e proximidade nas respostas.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO