A LEI “NATURAL” DA OFERTA E DA PROCURA

Se fizermos a experiência de perguntar nunha aula do ensino secundário (sem ler o comentário final de Marx) do que foi que o senhor Peel se tinha esquecido em Inglaterra, para que as cousas lhe correram tán mal (no dia a seguir ao desembarco, “o senhor Peel non contava nem com um servente que lhe trouxéra água do rio”), será normal, que algum aluno mais avantaxado responda despudoradamente, que se tinha esquecido de trazer a “guarda real”. Em parte, isso está certo. A primeira cousa que se compreende, de facto, é que a lei da oferta e da procura de trabalhadores, por algum misterioso motivo, non funcionava nas colónias sem a axuda da polícia e do exército. Em Inglaterra, é suficiente que alguém tenha capital, isto é, dinheiro, máquinas e “boas ideias”, para que a sua procura de trabalho se vexa imediatamente satisfeita por unha fila de operários dispostos a oferecer-se. Polo contrário, ao senhor Peel nem sequer lhe valeu a argúcia de exportar os seus operários xuntamente com o seu capital. Mal desembarcou, o contracto de trabalho que com eles assinara transformou-se em letra-morta, os operários desapareceram e, pouco tempo depois, as máquinas e os meios de produçón tinham deixado de ser capital, para se transformarem num monte de ferro-velho enferruxado. Os operários reaparecerom instalados em fazendas particulares, reconvertidos em colonos, dedicados – quem sabe – a exterminar aboríxens, a trabalhar com o suor da sua frente lotes de terra heroicamente defendidos dos intrusos… e se o filme for suficientemente longo, provábelmente aparecerám no final transformados em magnátes, depois de terem descoberto algum pozo de petróleo nas suas terras dilixentemente trabalhadas. O senhor Peel acreditava que metia no barco os seus operários e, sem se aperceber, tinha embarcado também a sua concorrência; tinha pago a passaxem aos seus mais inflamados competidores.

CARLOS FERNÁNDEZ LIRIA

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