Arquivos diarios: 18/09/2022

O CONTRACTO SOCIAL

Houbo um tempo em Barcelona em que, graças ao Latím apreendido dos curas, puidem amassar unha fortuninha, que se me escorreu entre as máns com idêntica naturalidade com que se escapa a àgua de unha cesta. Andava por Barcelona como puta em quaresma, sem um mal bocata de mortadela, bazofia da miséria, que levar-me à andorga; e dormía nos bancos dos xardins, pois tinha sído desahuciádo da pensón por falta de pago. Um dia encontrei em “La Vanguardia” um anuncio que reclamaba professor xovem de Latím. A páxina estaba enrrugada e com signos graxentos de “bocadillo” proletário. Aproximei-me da morada que indicaba o anûncio, por perto do Paralelo ou quase, non recordo muito bem. Na antesala, encontrei unha lexión de faméntos e entre eles ao Villán, ao qual, desde a Laboral tinha visto algunha vez. Quando cosumíu o seu turno de entrevista o Villán dixo-me, isto tem mala pinta! Entón, vem-me à cabeça um incidente que, à custa de outro anûncio semelhante, me tinha acontecído meses antes. Nos presentáramos unha docena de aspirantes a um lugar também de Latím e, ao terminar o exame, o examinador dixo-me: “La plaza es para usted; usted es el mejor con mucha diferencia. Pasado mañana haremos el contrato”, logo marchei a ronear polas Ramblas, a empapar-me de vida e de futuro. Depois passei pola pensón da Verneda e dixem-lhe à maestresa “está tudo arranxado, vou firmar um contracto, senhora Juana, acabarei sendo famoso xá o verá ustede”. A maestresa era da Extremadura, ou sexa, unha modalidade de charnega; todos os emigrantes eram charnegos, como todas as extranxeiras eram suecas. Às maestresas charnegas podíamos chamá-las por senhoras de tal, ou polo seu nome a secas, mas as cataláns eram chamadas por “doña”: doña Nuria por aquí, doña Montse por alá. Ainda que pareça raro, também había pensóns rexídas por cataláns: damas viúvas que mantinham a duras penas o decoro e a dignidade. Estas pensóns só eram para cataláns: funcionários, viaxantes de comercio, oficinistas de boa posiçón. E também algúm pícaro tapado de estudante, fervoroso das grandezas do catalanismo e em busca de algúm medro, impossíbel nas pensóns de charnegos. Confeso sem arrependimento nem pudor que os meus entusiasmos sobre os nacionalismos eram, por entón, tán autênticos como o som hoxe incertos e recelosos. Aos pícaros reciclados de catalanistas, acabába-se-nos logo “la pela” e voltábamos irremissibelmente para os bairros pobres. Alí também, inevitabelmente, o dinheiro acababa rápido. Polo tanto, insistím-lhe à senhora Juana: “Vou firmar um contracto de professor; acabarei sendo famoso…” “A mim, com tal que pages, me vale. Importa-me o que sexas agora, non o que acabes sendo!” Mas, a alegría na casa dos pobres, pouco dura! No dia seguinte, tudo se foi ó garete: o Latím, a Academia de Preparaçión Múltiple, a minha euforia… E o contracto. Sobre tudo o contracto, esse símbolo sacro de poder que tenhem todas as pessoas respeitábeis. Quando me apresentei para firmar, dérom-me com a porta nas trombas! Eu insistía em que era o novo professor de Latím, que vinha a firmar o contracto. Vía o pupitre no qual me tinha examinado, xunto ao qual o xefe de estudos me tinha díto: “é ustede o melhor…” Naqueles momentos o pupitre me tinha parecido um trono de ouro sobre o qual começava a levantar-se o meu futuro glorioso. Agora parecía um patíbulo onde acababam de ser agarrotadas as minhas fantasías. Recordei de golpe, como um fogonazo, o agarrotamento de Pascualillo em “La familia de Pascual Duarte”, a abrupta novela celiana. E entrarom-me as mesmas ânsias homicidas de Pascual: disparar, acoitelar, alzar a mán, acabar com a humanidade. Logo, acometeu-me unha rara placidez, suponho que a placidez da desesperaçón total. E só logrei pronunciar unha palabra: “¿Por qué?” E, ouvín a resposta que mais me podía ferir, naquela época de xudeu errante, sem um sítio onde cair morto. A resposta non partíu da secretária miope, culona e patizamba, velha raposa guardián da porta e da catalanidade. Chegou do xefe de estudos, o mesmo que dias antes me tinha coroado como latinista insigne. Apareceu de repente entre penumbras montserratinas de maldade e dixo, como um abade maricón e meliflou: “Lo siento. Hemos encontrado otro que es catalán”. Entón, gritei: “¡Tu puta madre…!”

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO