Arquivos diarios: 17/09/2022

JACQUES DERRIDA (O FALOCENTRISMO)

Se ao exposto se acrescentam os perto de oitenta libros que componhem a bibliografia de Derrida, qualquer tentativa de abreviar essa disseminaçón nunhas poucas páxinas resulta completamente inútil. E, no entanto, é possíbel entrever um princípio de ordem nesse arquipélago de temáticas que componhem os textos, se as remetêmos à explosón primordial que causou o seu nascimento. Cabe-nos visualizar como unha constelaçón nessa voraxem se alguém se colocar no ponto de partida da “fenomenoloxia”, face à sua caracterizaçón da “consciência como pesença de si”. Ao mesmo tempo a partir de dentro e de fora da fenomenoloxia, a crítica de Derrida, permitiu-lhe situar-se para além dela (em boa medida graças à noçón “estructuralista de signo”, como xogo de diferenças que produzem sentido), conservando, em todo o caso, o desdobramento conceptual da “fenomenoloxia” como referência última das suas prácticas “desconstructivas”. Este desdobramento, nos seus momentos mais doutrinais, será identificado pura e simplesmente como metafísica. O que o “logocentrismo” denuncia é a rexência de um sentido metafísico sobre a escrita, um sentido que é anterior e exterior ao xogo dos signos inscríptos. Unha denúncia que se dobrará como “falocentrismo” no momento em que se tome em consideraçón non xá a consciência, mas o inconsciente. Denunciar-se-á entón a rexência de um sentido anterior e exterior ao xogo de signos inconscientes, que entroniza o “falo” como significante maior. Com este instrumento de dous gumes nas máns, Derrida corta essa “consciência como presença de si” nas suas duas metades. Submetida à “desconstruçón”, a identidade da consciência de si desdobrar-se-á num leque de diferenças, de alteridades. E este será um dos grandes eixos temáticos que alinhava a disseminaçón da sua obra, a alteridade. Podem destacar-se a esse respeito os libros “Psyché: Invençóns do Outro” (Psyché: Inventions de L’Autre, 1987), ou “Políticas da Amizade” (1994). Mas é todo o seu trabalho que é trespassado por essa atençón à alteridade. chegando a entender-se a sua escripta como dirixida por unha fidelidade ao que ocorre nela, à linguaxem “do outro” (que irrompe), “do outro” (que escreve em mim). Nos seus escríptos conxuga-se a alteridade nas suas mais diferentes formas, como “o outro” (a diferença, a repetiçón, o desexo, a morte), como “o outro” (a mulher, o xudeu, o espectro, o estranxeiro), ou como “os outros” (as xenofobias, os nacionalismos, a guerra). E, em todos os casos, a direçón será sempre libertar as diferenças da sua submissón aos antagonismos. A xustiça, dirá o autor, consiste em aprender a viver com o outro.

MIGUEL MOREY