Arquivos diarios: 14/09/2022

MICHEL FOUCAULT (AS SEQUELAS DO MAIO DE 68)

No final de 1971, teve início um movimento de revolta nas prisóns francesas, em parte devido às dinâmicas introduzidas polos estudantes esquerdistas presos na sequência dos acontecimentos de Maio. Com o tempo, as prisóns amotinadas chegarom a ser 35. Xuntamente com alguns intelectuais, Foucault fundará entón o “GIP” (Grupo de Informaçón sobre as Prisóns), que implantou o seu activismo em inúmeras frentes. “Acho que o GIP” – declarou mais tarde (entrevista concedida a C. Baker, 1984) – “foi unha iniciativa de problematizaçón, um esforço para tornar problemáticas e duvidosas algunhas evidências, algunhas prácticas, algunhas regras, algunhas instituiçóns e alguns hábitos instalados há décadas e décadas”. Do ponto de vista do seu trabalho, este foi o seu activismo mais fructífero. A partir dos resultados da acçón, sem dúvida o mais relevante será a fundaçón, nesse mesmo ano, da associaçón “Médicos sem Fronteiras” (e pouco depois a sua participaçón na fundaçón da “Médicos do Mundo”), xuntamente com Bernard Kouchner. Em 1975, em grande parte como resultado das reflexóns que surxiram de acordo com as actividades do “GIP”, Foucault publica “Vigiar e Punir” (com o subtítulo “Nascimento da Prisón”), unha nova alteraçón no seu percurso filosófico, da qual resultará unha modificaçón significativa do seu perfil intelectual. Dir-se-á que, doravante, a grande questón que ordena o desenvolvimento da sua obra deixa de ser a questón do saber e passa a ser a questón do poder. Que mesmo o interesse polo trabalho arqueolóxico parece declinar a favor de unha tarefa agora “xenealóxica”, no sentido que Nietzsche dá ao termo. Assim, na contracapa do libro, assinada por Foucault, lemos: “¿Será possíbel fazer a xenealoxía da moral moderna a partir de unha história política dos corpos?” E, efectivamente, Foucault parece seguir as indicaçóns dadas por Nietzsche em “A Genealoxia da Moral” e, ao mesmo tempo que descreve a articulaçón do poder punitivo prisional, coloca unha questón mais lata sobre o surximento da alma moderna e a sua moral específica. “Se eu fosse pretencioso” – declarou entón (entrevista concedida a J. J. Brochier, 1975) – “colocaria como título xeral do que faço: “genealoxia da moral”. Convém assinalar, no entanto, que os procedimentos xenealóxicos que adoptará daí em diante non venhem substituir a arqueoloxia, polo contrário, pretendem alargar e radicalizar o seu campo de atençón e os seus protocolos de análise.

MIGUEL MOREY