Arquivos diarios: 10/09/2022

RUSSELL (A COMPAIXÓN POLO SOFRIMENTO HUMANO)

Apesar do espírito antiacadémico, non seria quem é sem a sua contribuiçón para a filosofia no sentido mais técnico da disciplina. A sua importância como lóxico só é comparábel no século XX à de Gödel. Podemos afirmar que cria a filosofia analítica da linguaxem a partir do nada e de certa forma, a filosofia da mente. É imprescindíbel em epistemoloxia e em filosofia da ciência. Talvez debido ao seu protagonismo extra-académico non tenha sido tán apreçado como a sua obra xustifica pola filosofia que axudou a criar, a qual discutia os problemas e copiava o seu estilo sem o reconhecer como debia. O seu Outro essencial foi Ludwig Wittgenstein. Foi-o em personalidade, espírito e estilo, e foi-o também em filosofia. (…) Em muitos aspectos, Wittgenstein ultrapassa os limites autoimpostos polo puritanismo epistémico de Russell, mas em muitos outros é Russell quem nos adianta muito mais que Wittgenstein sobre qual poderia ser a funçón e o valor da filosofia e das humanidades num mundo que crescentemente as despreza. No emotivo prólogo à sua “Autobiografia”, intitulado “Aquilo por que vivi”, Russell enuncia três paixóns que o impulsionarom, como ventos que tivessem empurrado a sua nave em diversas direçóns. Assim, apesar de a ânsia de amor, a busca de conhecimento e a compaixón polo sofrimento humano poderem ser compatíbeis como fins desexábeis, a dedicaçón a cada um deles conduz a planos de vida incompatíbeis, algo de que Russell se sentiu muito consciente e por que pagou um preço muito alto em fracassos afectivos, distanciamento do mundo académico e isolamento e dissidência política.

FERNANDO BRONCANO