Arquivos diarios: 30/08/2022

NIETZSCHE (O ANEL DO SER)

Unha das virtudes da nova cosmoloxia é a de dissolver a oposiçón metafísica entre o Ser e o devir. Zaratustra arranca o Ser do reino mumificado do suprassensíbel e insere-o no mundo vivo do devir. A única essência que podemos atribuir ao existente reside, precisamente, na sua falta absolucta de descanso. O ser íntimo das cousas consiste num devir radical, no seu retorno infinito. “Tudo se despede, tudo volta a saudar-se; eternamente permanece fiel a si mesmo “o anel do ser.” Assim sendo, altera-se também a noçón metafísica de eternidade, noçón que xá non tem a ver com a duraçón infinita. As cousas non som eternas porque som imortais, mas precisamente porque nascem e morrem infinitas vezes. A eternidade recém-descoberta também non tem a ver com o Deus cristán, que se considera eterno por estar para além do tempo, por transcender a temporalidade. Zaratustra consegue apreender a eternidade dentro do tempo, no próprio corazón da fugacidade. O eterno latexar em cada átomo do universo sob a forma de unha repetiçón sem fim. A doutrina do “eterno retorno” faz parte do proxecto de “transformar-nos em deuses” que devemos empreender após a morte de Deus. Os atributos que durante milhares de anos depositámos na divindade (como o ser ou a eternidade) som devolvidos aos seres humanos e, mais ainda, a tudo o que existe no planeta (“também esta aranha e este luar entre as árbores e…”). Mas divinizar a realidade mundana non nos vai sair grátis. Quando o tempo deixar de ser linear, quando se tornar impossíbel deixar para trás o passado, a nossa capacidade de orientar o presente para um futuro melhor fica gravemente ferida. Os propósitos que guiam a nossa vida individual (“non penso tropeçar na mesma pedra”) ou colectiva (“que Auschwitz non se repita”) tornam-se ridículos. A “teoria do eterno retorno” concebe o universo como um sistema hermético no qual todos os seres e acontecimentos dán voltas sem parar. Somos partes diminutas de unha engrenaxem circular, simples gráns que sobem e baixam dentro do “eterno relóxio de areia da existência”. Fagamos o que fizermos, tudo voltará infinitas vezes. Os sofrimentos e os horrores, o mais mesquinho e o mais desprezíbel, regressaram também. Consciente do carácter monstruoso da sua própria doutrina, Zaratustra queda sem forças e adoece. Ferido pola verdade de Sileno, exclama: “Ai, ai! – náusea, náusea, náusea – ai de mim!”. Nietzsche conhecia muito bem a claustrofobia que provoca o “anel do ser”. Como pessoa que passava os seus dias a tentar lidar com as doenças, a solidón e a angústia existencial, imaxinar que ia ter de reviver infinitas vezes todos os padecimentos físicos e psíquicos da sua vida, non debería ser unha experiência nada agradábel. (Na sua autobiografia Nietzsche confessa que a maior obxeçón contra o eterno retorno “som sempre a minha nai e a minha irmán”…) Logo, non é de estranhar que quando explicou o “pensamento autenticamente abismal” do eterno retorno a Lou Salomé, Nietzsche o fizesse em voz baixa, assombrado, como se tratasse de um terríbel segredo.

TONI LLÁCER

NOTA FORA DE TEXTO: (Consideramos que, este último raciocínio sobre a vida particular de Nietzsche, falsifica totalmente a mensaxem da “Teoría do eterno retorno”.