Arquivos diarios: 20/08/2022

JANSENIUS (A DISPUTA ENTRE DOMINICANOS E XESUÍTAS, QUE XÁ VINHA DO CONCÍLIO DE TRENTO)

A obra de Jansenius tinha como pano de fundo a disputa que dominicanos e xesuítas tinham mantído no Concílio de Trento e que ainda continuava acesa. Os termos eram simples: os dominicanos defendiam a necessidade da “graça” para a salvaçón do home, enquanto os xesuítas alegavam que o home só precisava da sua liberdade para se salvar. O que estava em xogo era a interpretaçón do pecado orixinal. Os dominicanos apresentavam unha interpretaçón mais dramática: o home, após a sua queda, está corrompido, tal como todas as suas acçóns, e só através da “graça”, que é o dom divino, consegue alcançar a salvaçón. Polo contrário, os xesuítas interpretam-no de unha forma mais benévola: a queda verificou-se, mas o home, guiado polo exemplo de Cristo, consegue axir de tal maneira que chega por si próprio à sua salvaçón. No aspecto filosófico, esta disputa implicava a pergunta pola liberdade humana, xá que se optasse pola versón benévola do pecado orixinal determinava-se que o home podia escolher entre o bem e o mal no momento de axir, e que possuía a capacidade de conseguir a salvaçón (ou de cargar com a culpa) polos seus próprios meios. Polo contrário, se assumímos a versón dramática do pecado orixinal, estabelecia-se que a natureza orixinal do home, debido à culpa de Adán e Eva, tinha ficado corrompida e marcada por unha tendência para o mal, o que implicava que xá non era completamente libre para escolher entre o que está, ou non bem e que, portanto, precisava da axuda da “graça” divina para se tornar merecedor da salvaçón (e por outro lado, traspassava para as costas de Deus algo da culpa do pecado). Esta questón terá muita importância em reflexóns filosóficas posteriores. Com efeito, segundo a versón dramática do pecado orixinal o home é mau por natureza, enquanto, de acordo com a versón benévola, essa maldade non é inherente à Humanidade. Estas duas visóns do home marcaram dous rumos opostos da filosofia política: por um lado, aqueles que se situam sob o lema de que o home é um “lobo para o home”, ou sexa, mau por natureza, e, por outro, aqueles que defenderam o contrário. No primeiro grupo estám autores como Thomas Hobbes, que publicou em 1651 o seu famoso “Leviatán”, e no segundo grupo destacam-se Jean-Jacques Rousseau e Karl Marx. Como dizíamos, a obra de Jansenius, o seu “Augustinus”, tinha como pano de fundo a disputa entre dominicanos e xesuítas, e com ela tentava encerrar a polémica, demonstrando que a opinión dos dominicanos, a interpretaçón dramática do pecado orixinal, era a correcta.

GONZALO MUÑOZ BARALLOBRE