Arquivos diarios: 07/08/2022

THOMAS S. KUHN (MATRIZ DISCIPLINAR)

A ciência normal é, assim, unha actividade de investigaçón guiada por um “paradigma” partilhado por toda a comunidade científica envolvida. Mas voltemos à pergunta: em que consiste exactamente um paradigma? No apêndice à segunda ediçón do seu libro, em que propôs substituir a designaçón “paradigma” pola mais adequada “matriz disciplinar”, Kuhn caracteriza essa entidade como unha estructura global articulada por quatro tipos de componentes ligadas entre si; estas constituem, no seu conxunto, a identidade de unha tradiçón de investigaçón guiada por um determinado “paradigma”. Vexamos, quais som essas quatro componentes. Em primeiro lugar, há o que Kuhn chama “xeneralizaçóns simbólicas”, a que também poderíamos chamar (e provavelmente seria mais apropriado) “princípios-guia”, isto é, fórmulas muito xerais que, por si mesmas, non têm um conteúdo empírico concreto, de tal modo que, se consideradas de forma superficial, podem facilmente ser confundidas com meras definiçóns nominais. Na realidade, porém, som algo muito mais substancial. Com efeito, esses princípios som indispensábeis à investigaçón empírica, xá que fixam o “tipo” de leis empíricas concretas que deberíamos formular para explicar diversas classes de fenómenos. Estas “xeneralizaçóns simbólicas” ou “princípios-guia” aparecem muitas vezes nos manuais em forma matemática, como por exemplo “F = m·a” (no caso do paradigma da mecânica newtoniana) ou “I = V/R” (no caso da teoria da electricidade). Mas, às vezes, também podem vir expressos em palabras da linguaxem comum, como “a acçón é igual à reacçón”, ou “a combinaçón química é produzida segundo proporçóns constantes de peso”. Em si mesmas, consideradas isoladamente, essas fórmulas som expressóns quase vazias de conteúdo empírico: non som verificábeis nem falsificábeis, mas suxerem a forma que toda a lei com conteúdo empírico debe adoptar para poder ser admitida no paradigma considerado e ser confrontada com a experiência. Unha das tarefas típicas da “ciência normal” consiste precisamente em encontrar formas especiais desses “princípios-guia” para as aplicar a situaçóns empíricas concretas. O próprio Kuhn dá alguns exemplos de tais “especializaçóns” do princípio-guia xeral para o caso da mecânica newtoniana, para o pêndulo simples, e para outros problemas mecânicos. (…) Esse guia vem dizer ao investigador: se te deparares com um movimento de corpos que queres explicar, procura certas forças responsáveis por ele, de tal forma que a soma de todas elas sexa igual ao producto da massa pola aceleraçón desses corpos; se a soma de forças postuladas non coincide com tal valor, a conclusón non deberá ser que o princípio-guia de Newton é falso, mas que debes continuar à procura de novas forças ou precisar melhor a natureza e a magnitude das xá postuladas. Neste sentido, os “princípios-guia” som “irrefutábeis” e só no caso de unha “revoluçón científica” (isto é, de unha mudança de paradigma) serán abandonados. Durante os períodos de “ciência normal” non se questionam; só se ponhem em causa nos momentos de crise. Se acabam por ser abandonados, é porque a acumulaçón de problemas irresolúveis levou a comunidade científica a perder a confiança neles. As revoluçóns implicam, entre outras cousas, o abandono dos “princípios.guia”, mas só como parte de um processo global e dramático (que non acontece com frequência) de perda de confiança na “matriz disciplinar” com que se trabalhaba há muito tempo.

C. ULISES MOULINES