AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (121)

Este é o lugar ¡¡oh Céus!! Que busco, para chorar a desventura, em que vós mesmo me habeis posto. Este, é o sitio, em que o humor dos meus olhos, acrescentará as àguas deste pequeno riacho, e os meus continuados e profundos suspiros, moveram as folhas destas montaráces árbores, em testemunha e sinal da pena, que o meu acelerado corazón padece. ¡¡Oh vós!! Quem queira que sexais, rústicos deuses, que nestes inabitábeis lugares tendes a vossa morada. Ouvide a queixa deste desafortunado amante, a quem unha ausência e uns inimaxinábeis ciúmes, trouxérom a lamentar-se a estas asperezas. Queixas, da dura condiçón em que me puxo aquela bella ingrata. Têrmo e fím da humana fermosura! Náspeas e Dríades, que tendes por costûme habitar nas espessuras dos montes, assim como os lixeiros e lascivos sátiros de antiga raíz. Ainda que em ván amadas, nada perturbe xamais o vosso feliz sossego. Axudáde-me a lamentar a minha desventura. ¡¡Oh Dulcinea del Toboso!! Dia da minha noite, glória da minha pena, norte dos meus caminhos, estrela da minha ventura! O Céu te axude, a pedir-lhe, que considere o lugar e estado, ó qual a sua ausência me conducíu, e que com bom têrmo corresponda à minha fé. Árbores, que desde hoxe em diante, habeis de acompanhar a minha solidón, dai-me indícios com o brando movimento das vossas folhas, que non vos desagráda a minha presença. Tomáde bem nota na vossa memória, destes prósperos e adversos negócios, para que os conteis e reciteis à causante de tudo isto.

MANUEL CALVIÑO SOUTO

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