A MINHA HISTÓRIA CNA

CAPÍTULO SEGUNDO (B)
O Curinha entrou e deu-lhe a versao do professor como lhe correspondia, mas, salvaguardou e mencionou a nossa versao. O Dr. Raul Lopes mandou-nos entrar; ficamos frente a frente com ele. Respirava-se mal. A figura pequena mas, ampla de ombros e formas do Dr. Raul Lopes impunha. Ouviu a nossa versao; a versao que lhe dei e que foi confirmada a coro pelos dois colegas. Mandou-nos sair. Ficamos à espera. Chegou, passado um tempo, o coronel com a alcunha de Salazar. Esteve reunido com o Director. Finalmente, fomos chamados. Entramos. O xá pestilento Salazar continuava com a sua versao. Entrei em discórdia com o nome que a maioria arrasadora dos portugueses nao quer recordar. O Dr. Raul, virando-se para mim, perguntou-me: como sabes os conxuntos? – O Dr. Catarino, o ano passado, no segundo ano, deu-nos tudo isso… O Dr. Raul ficou sério se é que xá non estava seríssimo. Olhou para o Salazar. O Salazar veio-se abaixo e reconheceu o seu erro. Mandou-nos embora e disse-nos que solucionaria o nosso caso, entretanto, non iriamos às aulas do Salazar. A fotografia do Sátrapa ficou dentro. Nao sei que falaram, non transcendeu nada. Quando a música virava ronca os alunos (por muito que se fabule agora…) nao sabíamos nada; nada e menos ainda outras coisas mais privadas ou íntimas. O dado real é o seguinte: no ano vindeiro o dito cujo coronel nao deu aulas no CNA, nem foi visto por perto… Aos alunos, aos três, separou-nos; eu dei, entao, com os ossos no tal 3ºA e os outros dois colegas foram cada um para uma turma diferente. Durante o acontecimento conheci o Dr. Raul Lopes. Nao era, nem foi um pedagogo, nem nada que se pareça a um pedagogo, mas, era das pessoas que tinha -talvez a que mais- sentido do arbítrio e da justiça no meio daquela selva rangente.
JOSÉ LUÍS MONTERO
.