Arquivos mensuais: Xullo 2022

GALLEIRA (27)

AS TRADIÇÓNS REFERENTES AOS TESOUROS

Este conto apresenta notábeis semelhanzas com o publicado por Sebillot, baixo o título de “La houle du Châtelet”, e por tanto ser aquí, como na alta Bretanha francesa, producto de xentes pertencentes à raza céltica. Heis aquí o conto: No monte “d’as croas” estaba, noutros tempos, encantada unha senhora de singular beleza. Habitaba num palácio que habia no interior do monte e no qual se guardaba um tán grande tesouro, que a fama da sua riqueza chegou até Cádiz. Muitos eram polo tanto os que desexabam atopalo, mas non lhes resultou possíbel a pesar de que a cançón daba, nos seguintes versos, os sinais exactos do lugar em que estaba enterrado. Monte d’as croas,/ Ponte d’o batan,/ Fonte de clara (augua?) fria/ Monte de Samariné,/ Tiran c’o ouro as ovellas/ E non saben o que é. A senhora alí encantada, aparecia-se a miúdo aos habitantes de aqueles lugares, mas estes fuxíam dela como de unha posséssa polos maus espíritos. Unha vez, um pequeno, que pastaba as ovelhas do seu pai, atopou-na sentada sobre unha pedra, baixo a qual estabam escondidos os tesouros que a senhora albergaba. Penteába-se com pente de ouro quando o pastorcinho acertou passar a seu lado, e entón ela chamou-o e pedíu-lhe um cordeiro. Asustado o moço, nada respondeu, escapando enseguida para contar ao seu pai o que lhe tinha acontecido, temendo que por ter negado o cordeiro à senhora, perde-se todo o rebanho, obrigou ao rapaz a que voltara e lhe entregá-se o que ela quixéra. Voltou o pastorcinho, mas o seu asombro non tivo limítes, quando víu que o rebanho tinha desaparecido. Chorando e cheio de medo, começou a buscar as ovelhas, e assím andou muito tempo sem que lhe fora possíbel encontrá-las, até que de repente apareceu o rebanho conducido pola senhora, quem lhe dixo: “avisa o teu pai que venha por el, que tenho que falar-lhe” Tornou o pequeno à sua casa, e contou ó pai quanto a senhora dixéra, e este dirixíu-se ao monte, ainda que cheio de medo porque tinha que vêr-se com unha dama encantada. Pouco durou o seu temor, xá que ela lhe asegurou que nada mau lhe acontecería, antes grandíssimo bem ganharia se guardá-se o segredo e fixé-se tudo o que lhe fora ordenado. O que a senhora lhe dixo, ninguém o sabe, mas notarom os vecinhos que el e outro seu amigo, se fixérom ricos em muito pouco tempo, que os seus frutos eram os melhores do lugar e a sua prosperidade manifésta. Correu entón a voz de que âmbos os amigos eram os encargados de levar ao alto do monte quanto a dama encantada necesitaba para a sua alimentaçón. Assim as cousas, enfermou tán gravemente o dono do rebanho, que desenganado dos médicos, se desesperaba de poder salvar-se. Sucedeu entón, que num momento em que a mulher do doênte tivo que sair da casa, para atender aos seus assuntos, encontrou ao passo a dama, quem lhe perguntou como se encontraba o marido. Non lhe deu palabra, e entón a enlutada desapareceu de repente; mas ¡Qual sería o seu asombro, quando ao entrar na casa encontrou a senhora ao lado do seu marido, e este tán melhorado, que podía dicer-se xá fora de perigo! Curiosa como verdadeira mulher, perguntou ao enfermo que facía alí aquela senhora, a que tinha víndo e como se encontraba tán bem? Mas el negou-se a responder. Insistíu a mulher nos seus interrogatórios e recelos, e para sosegá-la tivo de contar-lhe tudo quanto lhe tinha dito a dama encantada e os remédios que lhe tinha deixado para curar. Nunca o fixéra! Ao outro día, apareceu morto e todo o seu corpo cheio de manchas negras e como produzidas por paus que lhe tivéram dado. A sua mulher aseguraba ter sentído, durante toda a noite, ruido como de golpes e queixas e ais lastimeiros.

MANUEL MURGUÍA

ESPINOSA (AMESTERDAM)

Baruch de Espinosa nasceu em Amesterdam, Holanda, a vintiquatro de Novembro de 1632, Mas, se a harmonia e a tolerância constituíram as forças predominantes no xénero humano, Portugal ou Espanha seriam a naçón que se podería vanagloriar de ter iluminado um dos maiores filósofos da História. Provavelmente orixinária de Espinosa de los Monteros (Castela), a família Espinosa fuxíu para Portugal debido ao édito de expulsón dos xudeus de Espanha, promulgado polos Reis Católicos em 1492 para coroar o chamado processo de Reconquista. Em 1496, o rei português D. Manuel I promulgou, por sua vez, um édito, em que os xudeus eram obrigados a abandonar a Península ou a abraçar o cristianismo, com o que, caso permanecessem na Península Ibérica, se tornariam unha comunidade humilhada à qual se impôs o muito pexorativo nome de “marrana”. Os “cristáns-novos” acabavam por observar o credo e os rituais do cristianismo, embora em privado “xudaizassem”, ou sexa, mantivessem as prácticas relixiosas xudaicas. Tratava-se de um exílio interior que se tornou cada vez mais precário e inviábel, unha vez que a Inquisiçón, estabelecida em Portugal em 1547, intensificava e estendia a sua política repressiva. A família Espinosa, tal como quase toda a comunidade “marrana”, abandonou Portugal na última década do século XVI, em busca dos mais tolerantes Países Baixos, que, naquela época, se encontravam sob domínio espanhol, mas onde non existia pressón católica. Na verdade, os Países Baixos eram o país europeu mais tolerante da época, cousa que, em tempo de guerras relixiosas, non significa que fosse o cúmulo do respeito nem um retiro de paz, como se verá em breve. Tal como muitos xudeus sefarditas (ou sexa, provenientes da Península Ibérica ou seus descendentes), os Espinosas estabeleceram-se em Amesterdam, unha cidade próspera, moderna e cosmopolita. A tolerância que predominava na cidade dos canais permitiu aos “cristáns-novos”, ou “convertidos”, recuperar abertamente a sua relixión e a sua cultura. Embora ainda demorassem a obter o reconhecimento oficial, deixavam-nos viver em paz segundo as suas prácticas e crênças. Hoube sectores holandeses que se recusavam a admiti-los, mas as autoridades de Amesterdam evitaram cometer o mesmo erro que as espanholas mais de um século antes, e aproveitaram o impulso económico daquela productiva comunidade em seu próprio benefício.

JOAN SOLÉ

O VINHO (9)

AS VIDEIRAS MAIS FAMOSAS

Quando o grande industrial vitivinicultor, Abel Pereira da Fonseca, reuníu os seus filhos em torno do leito de morte, com o obxectivo de repartir a herência, dixo: “Filhos meus, quero que saibádes, que de uvas também se fai vinho.” Por este motivo, vamos falar das videiras mais conhecidas e usadas neste vasto mundo. Começamos, pola variedade “Airén”, que é unha das mais antigas e cultivadas na Península. A branca “Airén”, ocupa a maior superfície de vinhedo cultivado com um total de perto de um terço. Unhas 450 000 hectáreas, o qual signifíca que é das mais prantadas no mundo. O seu cultivo concentra-se maioritáriamente na Mancha e Valdepeñas. É unha variedade rústica e fértil, de crescimento e maduraçón tardía, e muito resistente à sequía, polo qual suporta bem o clima árido. Pranta vigorosa, resistente às enfermedades (motivo polo qual se prantou muita depois da praga da filoxéra). Os seus vinhos, caracteriçam-se por unha côr amarela, alguns bastânte pálidos, com reflêxos verdosos e aromas frutais, saborosos e sem muita complexidade.

BODÊGAS ONDE SE PODERÍA ENCONTRAR

A Mancha é o maior vinhedo do mundo, com 202 350 ha prantadas. A uva branca “Airén”, é assim mesmo a variedade mais prantada do planeta, sobre tudo na parte central da península. Este é um “Tempranillo”, mais concentrado do que é habitual, de uva seleccionada tinta, muito adecuado para a comida e de elevado valor gastronómico. Fruta roxa, canela e roble tostado.

É um vinho estrela, trata-se de um “Vino de la Tierra de Castilla”. Foi considerado um dos melhores vinhos do centro da península. Tem a exuberância de alguns dos prestixiosos “Burdeos”, mas com açento local. Doce sabor a coco, feito com moderado roble americano, e a sua côr resulta quase negra. Melhora em garrafa.

LÉRIA CULTURAL

LEIBNIZ (A CONSPIRAÇÓN ESTÁ NO AR)

Xá em Febreiro de 1676, Leibniz fica a saber que o duque o quer em Hanôver o mais rapidamente possíbel, e que lhe pagará o seu ordenado a partir do primeiro de Xaneiro; contudo, Leibniz pede-lhe que lhe dê mais duas ou três semanas para resolver os seus assuntos em Paris. No entanto, ao fim de um mês ainda ali permanecia, convencido de que obteria melhores resultados para a ciência em benefício da humanidade ao non mudar de residência. Mas nem sequer nestes difíceis momentos interrompeu a sua correspondência com matemáticos e filósofos sobre diversas questóns. Abandona finalmente Paris em Outubro, apressado polo duque, mas ainda ficará dez dias em Londres durante a viaxem de regresso – onde se encontrou com Collins, consultou alguns escriptos de Newton e, por fim, mostrou a Oldenburg a sua máquina de calcular – e em diferentes lugares da Holanda. No final de Novembro, enviou da Holanda unha carta a Johann Karl Kahm, funcionário da Corte de Joao Frederico de Hanôver, informando-o sobre as suas viaxens e actividades desde que tinha deixado Paris. Através desta missiva sabemos que Leibniz escrebeu o famoso diálogo “Pacidius Philalethi prima de motu philosophia” nunha incómoda travessia polo Tamisa a caminho de Roterdam, onde retoma um dos seus temas preferidos e que mais tarde o levaria à sua teoria metafísica das mónadas: “o labirinto do contínuo”. Leibniz afirma que sem mergulhar neste labirinto non é possíbel conhecer a natureza do movimento; a composiçón do contínuo revela-se como um dos problemas fundamentais que se debem resolver antes de poder construir unha teoria racional do movimento, pois o espaço non pode simplesmente ser um conxunto de pontos nem o tempo um conxunto de instântes. De Roterdam viaxou até Amesterdam, onde conheceu o microscopista Jan Swammerdam, famoso polas suas investigaçóns sobre insectos, e o matemático Johannes Hudde. Depois fixo unha pequena travessia por Haarlem, Leiden e Delft, onde conheceu Anton van Leeuwenhoek, cuxo estudo dos micro-organismos poderia ter influênciado o desenvolvimento da “teoria das mónadas”, xá que as investigaçóns do holandês pareciam confirmar a ideia de pré-formaçón que esta teoria requeria. Por fim, visitará Benito de Espinosa em Haia. Recordemos que o pensador xudeu ganhava a vida na cidade holandesa “a polir lentes”; por isso, non é de estranhar que o que mais interesse despertou em Leibniz fossem os seus trabalhos de óptica, tal como mostra a única carta que lhe escrebeu no final de Outubro a solicitar-lhe um encontro. Leibniz xulgaba que era possíbel construir um tipo de lentes com as quais se pudesse medir, a partir de qualquer posiçón, a verdadeira distância e tamanho de um obxecto, algo que Espinosa punha muito em causa. O nosso autor remeterá de Amesterdam unha carta a Oldenburg, no final de Novembro, a relatar os detalhes matemáticos do encontro, mas é óbvio que também tiveram tempo para falar sobre questóns metafísicas (especialmente sobre o grande labirinto, o da liberdade), sobre a “Característica Universal” e sobre a demonstraçón da existência de Deus, tal como testemunha unha carta dirixida a Gallois em 1677, após a morte de Espinosa: “Tem unha metafísica estranha, cheia de paradoxos. Entre outras cousas, xulga que o mundo e Deus som a mesma cousa, que Deus é a substância de todas as cousas e que os seres non som mais do que modos ou accidentes dela. Mas xá sublinhei que algunhas das demonstraçóns que me apresentou non som exatas”. Leibniz xá conhecia o “Tratado Teológico-Político” de Espinosa em 1670, através do filólogo Graevius, com quem trocava correspondência. Em Amesterdam também conheceu Schüller, que lhe facultou três cartas de Espinosa que som um bom reflexo das suas posiçóns metafísicas (podemos encontrá-las no volûme I dos “Philosophischen Schriften” de Gerhardt), e, no início de 1678, enviuo-lhe um exemplar da “Opera Posthuma” de Espinosa. No Leibniz-Archiv de Hanôver podemos encontrar os exemplares do tratado “De intellectus emendatione” e da “Ética” que Leibniz sublinhou e sobre os quais escrebeu os respectivos comentários. Apesar das diverxências filosóficas, Leibniz ficou fascinado com a demonstraçón xeométrica da ética que Espinosa inicia e que ele próprio relaciona com os seus interesses em revelar a existência de unha “Característica Universal” com base nos pensamentos e linguaxens humanos, tal como escrebe nunha carta a Tschirnhaus em 1678. Vemos assim como a estada parisiense teve um fim de festa multidisciplinar, embora também sexa evidente que, durante os quatro anos passados em Paris, os problemas filosóficos nunca tenham saído da sua cabeça, apesar de os seus esforços se centrarem no estudo da matemática. Na verdade, como muito bem soube mostrar o investigador françês Michel Serres, a filosofia leibniziana apoia-se sempre nos seus modelos matemáticos, e a sua matemática está fundamentada em princípios lóxicos e metafísicos. A conspiraçón está no ar.

CONCHA ROLDÁN

O TEMPO E A ALMA (SAN GREGÓRIO)

Entro em Portugal pela fronteira de Sao Gregório, que escolho por duas razóns: unha razón simbólica e outra, mais comezinha de ordem práctica. O símbolo é o da lactitude: é este o extremo norte, é o píncaro septentrional do território. Quando se fala nos confíns das terras portuguesas – “do Algarve ao Minho” – a ponta minhota é exactamente esta. Pode portanto escrever-se, com rigor xeográfico, que é aqui que Portugal principia. A razón práctica é comezinha: esta fronteira tem pouco movimento, non se perde tempo em longas filas nos carros que escalfam ao sol. De lonxe em lonxe vem um carro lixeiro. e os prolegómenos fronteiriços som aqui rápidos, cordiais, saturados de simpatia. Non chega a ser unha aldeia. Há um pequeno café quase deserto. Três ou quatro fregueses seguem no écran da TV unha emissón espanhola: o espada, de traxe azul e meias vermelhas, submete o touro à sorte da muleta. No balcao tenho de esperar que olhem para mim, porque chegou o instante de matar e o empregado, de olhos fascinados, non quer perder o grande momento. Quando o touro, ferido de morte, axoelha sobre as máns e inicia o estertor, digo que quero só um café.

JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS

GADAMER (A HERMENÊUTICA COMO MÉTODO)

TODOS OS OVOS DE TODOS OS BASILISCOS

A nove de Abril de 2015, a “Tageszeitung” de Berlim publicou um comentário a propósito da publicaçón do quarto volûme (o 97.º da ediçón completa das obras de Heidegger) das anotaçóns pessoais (mas non destruídas muito propositadamente, sem dúvida) do filósofo entre 1942 e 1948: o quarto dos “Cadernos Negros”. Deixo de lado a consciência do extermínio criminoso que se estaba a produzir, que fica mais do que suficientemente testemunhada. O interessante é que técnica, xudeus e desenraizamento (Bodenlosigkeit) aparecem vinculados non apenas entre si, mas também, sobretudo, com a ideia da “Vernichtung”, a “aniquilaçón”. Deixo também de lado as sombrias – e, no mínimo, de péssimo gosto – alusóns ao Ser (Seyn) e aos seus destinos e aconteceres, com que Heidegger vincula estas barbaridades políticas ao mais “profundo” da sua doutrina (e do real). Só me interessa agora como a essência do xudeu se mostraria aqui, no seu desenraizamento que desafia o enraizamento xermânico (desenraizamento do qual participa, claro, a América, mas igualmente os sovietes), como “autoaniquilaçón”. Do que se segue – anotaçón reiterada de Heidegger – que a victória da guerra é dos xudeus e que o verdadeiro campo de concentraçón absoluctamente criminoso é o estado da Alemanha vencida e “despedaçada”. Os xudeus – no amplíssimo sentido que esta expressón aqui assume, como se vê – non podiam morrer porque non existiam… Claro que non recordo este assunto – é difícil esquecê-lo, unha vez conhecido, mesmo durante unhas semanas… – para atacar em bloco a doutrina de Gadamer. A minha intençón é tornar evidente ao leitor que, em pontos que parecem estar afastadíssimos das questóns políticas e morais imediatas ou importântes, xá se brinca com o fogo, com fogo real, tanto em filosofia como na ideoloxia dela derivada e que, necessariamente, impregna a perigosa vulgarizaçón das ciências humanas e sociais. Esta vulgarizaçón é unha parte enorme da consciência colectiva cultural de hoxe. A filosofia luta contra ela, ou sexa, contra as suas orixens acríticas e as suas possíbeis consequências terríbeis, mais ou menos como Dom Quixote contra os encantadores.

MIGUEL GARCÍA BARÓ

PASSEIOS PARA UNHA SEMANA (A CONCHA DE SAO MARTINHO DO PORTO)

Frequentado basicamente por xente portuguesa, o qual lhe dá um encanto especial. E por muitos meninos de tenra idade, cada grupo com o seu gorro dunha côr, ercarnados, verdes, azuis, amarelos, alaranxados, e as suas mochilas infântis, todos uns da mán dos outros como carrapatos caminho do mar e da areia.

Dando um aspecto enternecedor, a esta benigna “concha” de vieira, comunicada pelo cú (bastânte estreito) com um mar aberto de ondas bravas.

A praia interior é um remanso de àguas mornas, sem ondas fortes, ideal para os nenos brincar e para passear à fresca da tardinha, antes de comer.

É, um “universo” desconhecido para o grande turismo, perto da Nazaré, perto de Alcobaça e perto das Caldas da Rainha. Quando chegamos a este lugar desconhecido, afastado do mundo e das notícias, o âmbiente era mínimo.

Mas, rapidamente, começou a aumentar dia a dia, até alcançar o quinze de Xulho, dia da plenitude do apoxeo vacacional.

Um percurso possíbel, para um tempo de pensar, dormir longas horas, passear pola beira mar, tomar o sol da tardinha, comer como um abade de Guillade e perder-se em largas e prazenteiras conversas fiádas.

Depois de dormir à perna solta, durante toda a noite e disfrutar do silêncio do lugar. Um, pode encaminhar os seus passos, cara a unha “Leitaria” frequentada por populares perto da praia, para o “pequeno almorço”.

Logo, é necessário, deâmbular sem tino, até à hora de comer. Activando a máquina e pensando cousas sem sentido lóxico, até que a condenada fâme apareça irremediábelmente.

Neste preciso momento y lugar, e gastronomicamente falando, quem sabe, dirá, que o prato perfeito é unha “Caldeirada de Peixe”. Estava perfeita, e non conseguimos acabar com ela totalmente.

Depois de comer, o corpo pede descanso, durante unhas horas, e para isto foi inventada unha cousa chamada “sésta”, que se disfrutava durante a hora sexta, mentras os escrávos se deslomávam.

Á tarde, há que buscar unha explanada sombría, onde, ao âmparo de um refrixério, se poida rumiar demoradamente filosofia despretênciosa e fortemente heterodoxa, aproveitando a impunidade que nos proporciona o anonimato.

Pola caída da tardinha, passear com os pés pola àgua, e expôr o corpo aos últimos raios do sol. Dar largas caminhadas pola areia, até que a vontade cega de comer, apareça como unha ladrona, confirmando toda a teoría de Schopenhauer de unha metafísica sem Deus.

Encaminhamos os nossos passos resoluctos, cara a um templo de Baco, onde saciar os nossos desexos mais apremiantes.

Um dos hábitos que colhemos em Portugal, foi o de pedir sempre unha sopa. E, a verdade é que, ademais de serem muito reconfortântes para o organismo (fán com que a comida che sente bem no estômago), resultam deliciosas todas elas.

Unha “Cataplana de Lagosta”, é também um dos pratos perfeitos para a ribeira do mar. Estava muito bem feita, mas a matéria-prima primordial era um bastânte escása, o que diríamos unha lagosta “Liberal”.

Por último, mandámos grelhar unha “Garoupa” grande do nosso mar, que era um portento culinário de primeira magnitude gastronómica.

O último dia, decidímos visitar o “Convento de Alcobaça”, entre as possíbidades que nos quedabam, Nazaré e Caldas da Rainha.

O refeitorium dos monxes ou monxas.

Non podemos abandonar, estes saudosos campos do Mondêgo, de teus fermosos olhos, nunca enxutos, Inés. Sem unha homenáxe sentída, ao tráxico amor de Pedro e Inés de Castro.

“Estavas linda, Inés. Posta em sossêgo. De teus anos, colhendo o doce fruto. Nesse engano d’alma, ledo e cego. Que a fortuna, non deixa durar muito.”

A IRMANDADE CIRCULAR

HUSSERL (UNHA FILOSOFIA PRIMEIRA DA QUAL PARTIR)

Husserl tinha começado por um assunto tán em concordância com a sua carreira e a sua vocaçón como a análise “à la Brentano” do que podem ser os números, os conxuntos, as séries e a consciência que temos de tudo isso, xuntamente com a orixem dos nossos prodixiosos métodos para lidar com as entidades “matemáticas”, ou sexa, racionalmente adquiríbeis e transmissíbeis. Note bem o leitor o traço de autenticidade filosófica e moral que está implícito neste movimento inicial da filosofia de Husserl, tán pouco imitado hoxe em dia. Um filósofo non começa por tentar exibir paradoxos ou melhor ainda, enormidades que nunca ninguém tenha dito ainda, para assim se destacar da massa dos seus colegas. A orixinalidade que se procura é, além de unha necessidade, precisamente o oposto da vida filosófica. No fundo, como tantas vezes referiu Platón sem rodeios, coincide com o contrário daquilo polo qual se faz passar: oferecer aos ouvintes e aos leitores de quem depende o êxito precisamente aquilo que eles querem ouvir, polo qual pagam com a sua admiraçón porque, apesar da aparência, non só non os inquieta como os tranquiliza, re-tranquiliza-os. E também non se começa em filosofia pola refutaçón de outrem: o mero acto de tentar pensar “contra” algo é também um movimento inautêntico do espírito; porque é claro que a reacçón “contra” pressupón que se estexa xá “em e a favor” de unha determinada “verdade” que non concorda com o que diz defender a pessoa a quem nos opomos. O natural e honrado é assumir ser discípulo de alguém e a colaboraçón de outros, enquanto se foxe do isolamento, que também é vaidade ultimamente. Husserl adoptou, pois, para o seu próprio trabalho o método e até as certezas primordiais da obra do seu mestre, Brentano, e incluiu-se a si mesmo entre a xeraçón dos alunos que queria simplesmente deitar máns ao trabalho constructivo em paralelo, perante a convicçón de que Brentano tinha encontrado o método ideal em filosofia e alguns dos seus princípios irrenunciábeis. Investigou ao estilo brentaniano o que som radicalmente os números e como é a consciência de quem os tem à frente, os constrói, os manuseia. Esclareço, antes de mais, em que consiste este estilo brentaniano. Neste, em primeiro lugar, o rigor identifica-se com o rigor da ciência da natureza. E os primeiros dados, inanalisábeis, som as certezas da autoconsciência. Por exemplo, eu non posso saber absoluctamente se este teclado é preto, como me parece, e nem sequer posso saber absoluctamente se tem algunha cor; mas sei absoluctamente que “me parece preto”. Ver o preto non é saber que existe; parecer-me que vexo o preto é saber com total certeza que me parece que o vexo, e daí as minhas dúvidas sobre a sua realidade e os seus caracteres próprios. Devido a esta situaçón, que Brentano xeneralizava por completo, os fenómenos, ou sexa, os seres que están xá em plena luz antes de necessitarmos de método algum para iluminá-los, som os “accidentes” ou acontecimentos, agora mesmo presentes e continxentes (isto é, non necessários) da nossa própria “consciência”. Dito de outra maneira: os “modos” como a nossa vida “consciênte” como tal se desenrolam, fundamentalmente ao sabor das realidades com as quais tropeçamos.

MIGUEL GARCÍA BARÓ

BREVE HISTÓRIA DE QUASE TUDO (11)

O que, do nosso ponto de vista, parece extraordinário é a forma espantosa como tudo se confabulou a nosso favor. Se tudo tivesse acontecido de unha forma lixeiramente diferente – se a gravidade fosse mais fraca ou mais forte, se a expansón se tivesse produzido mais depressa ou mais devagar -, entón talvez nunca tivessem sido criados elementos suficientemente estáveis para nos formar, a sí, e a mim e ao ambiente que nos rodeia. Se a gravidade fosse um nada mais forte, o universo podería ter colapsado como unha tenda de campanha mal montada, non tendo exactamente os valores certos para lhe dar as dimensóns, a densidade e os componentes certos. Se, por outro lado, a gravidade, tivesse sido mais fraca, nada se teria unido e o universo teria permanecido para sempre um vácuo informe e sem vida. Esta é unha das razóns por que alguns especialistas acreditam que debe ter habido muitos outros “big bangs”, talvez bilións e bilións deles, espalhados polo enorme período da eternidade, e que a razón pola qual existimos neste universo em particular é somente por ela ser possíbel neste universo, e neste apenas. “Em resposta à pergunta ¿por que é que isto aconteceu? , ponho a modesta hipótese de o nosso universo ser apenas unha dessas cousas que acontecem de tempos em tempos,” disse Edward P. Tryon, da Universidade de Columbia. A que Guth acrescentou: “Apesar de a criaçón de um universo parecer muito pouco provábel, Tryon sublinhou o facto de nunca ninguém ter contado as tentativas falhadas.” O astrónomo da Coroa inglesa, Martin Rees, acredita que há vários universos, possivelmente um número infinito deles, cada um com atributos e combinaçóns diferentes, e que nós vivemos simplesmente naquele que combina as características que nos permitem existir. Ele faz unha analoxia com unha grande loxa de roupa: “Non é surpreendente que encontre a roupa ideal quando a variedade de “stock” é grande. Se houber muitos universos, cada um governado por um conxunto diferente de números, vai haber necessariamente um conxunto adequado à vida. É nesse conxunto que nos encontramos.” Rees afirma que existem seis números que xerem o nosso universo, e que se algum desses valores fosse lixeiramente alterado sequer, as cousas poderiam deixar de ser o que som. Por exemplo, para que o universo exista como tal, é necessário que o hidroxénio sexa convertido em hélio de forma precisa – especificamente, de maneira a converter sete milésimos da sua massa em enerxia. Se esse valor baixasse lixeiramente – de 0,007 para 0,006 por cento, por exemplo – , non haberia qualquer transformaçón: o universo consistiria em Hidroxénio e nada mais. Aumentando o valor lixeiramente – para 0,008 por cento – o processo de ligaçón teria sido de tal forma xeneralizado que o hidroxénio xá tería desaparecido há muito tempo. Em ambos os casos, bastaria unha lixeira alteraçón de valores para que o universo, tal como o conhecemos e necessitamos, non existisse.

BILL BRYSON

HEGEL (UM SARÂMPO POLO QUAL É OBRIGATÓRIO PASSAR)

Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasce em Estugarda, em 1770, no seio de unha família abastada, xá que o seu pai era um alto funcionário das finanças. Tem apenas 12 anos quando, em 1782, surpreende os seus professores ao citar acertadamente um dos filósofos mais em voga na época, Christian Wolff (1679-1754), racionalista radical influênciado por Descartes e Leibniz e referência absolucta na filosofía de Kant. Grande entusiasta dos autores clássicos, com 15 anos dá início a um diário intelectual no qual vai alternando o latim e o alemán. Aos 17 anos, escrebe um opúsculo onde compara as relixións dos gregos e dos romanos, seguido de outro no qual estabelece diferênças entre os poetas antigos e os modernos. Também se interessa por teoloxía, o que o leva a solicitar, e obter, unha bolsa ducal para o seminário de Tubinga. Hegel tem entón 18 anos e permanecerá cinco anos em Tubinga, xunto a condiscípulos entre os quais se contam os espíritos mais promissores do seu tempo: o poeta Johann Christian Friedrich Hölderlin (1770-1843) e o filósofo Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling (1775-1854), espírito precoce que precederia Hegel em notoriedade. Vários acontecimentos importântes têm lugar durante esses anos de formaçón. Ao seminário de Tubinga chegam os ecos do acontecimento social da época e talvez de muitas épocas: a tomada da Bastilha em Paris, a Revoluçón, a queda da monarquia… Tudo isso é vivido com grande emoçón polos xovens seminaristas. Aparentemente, em 1791 (isto é, em plena efervesçência revolucionária) Hegel e Schelling plantaram unha árbore da liberdade nos arredores de Tubinga. Mas há algo mais. Ao seminário chegam também os ecos de um debate cultural e, mais concretamente , filosófico. A kantiana “Crítica da Razón Pura”, cuxa primeira ediçón data de 1781, e é reeditada em 1787 com um novo e importante prefácio. Um ano depois aparece a “Crítica da Razón Práctica” e, em 1790, é a vez do terceiro pilar da construçón kantiana, a “Crítica do Xuíço”. Nesse mesmo ano, Hegel obtêm o seu diploma superior “Magister Philosophiae”. As autoridades académicas apelidam com despeito a obra de Kant de “nova filosofia”, mas o seu interesse non escapa aos condiscípulos de Tubinga, em particular a Hegel, que se afasta pouco a pouco da ortodoxia encarnada por Wolff.

VÍCTOR GÓMEZ PIN

LITERATURA CLÁSSICA GREGA (HIPONACTE III)

Há um paralelo notábel (e bastante suspeitoso) entre as biografías e actividade poética dos dous escritores de “yambos” mais famosos, Hiponacte e Arquíloco. Arquíloco, menospreçado por Licambes, volta a sua raiba satírica contra pai e filhas, os quais, segundo se conta, enforcarom-se coa vergonha. Hiponacte, insultado por dous escultores, Búpalo e Aténide de Quíos, que fixérom caricaturas dos seus rasgos pouco agraciados, forom conducídos ao suicídio polas suas imbestidas yámbicas. Só sabemos de Licambes e as suas filhas o que Arquíloco nos conta, mas a Búpalo e Aténide conhecemo-los por outras fontes; trabalharom nas ilhas do Exeo a mediados e finais do século VI a. C. Plinio desautoriza a história de que se colgaram – quod falsum est – e menciona unha estatua firmada por eles em Delos; Pausanias nos conta que houbo unha estatua das “Graças” obra de Búpalo na colecçón artística dos reis helenísticos de Pérgamo. A Aténide non se menciona a miúdo nos nossos fragmentos, mas o nome de Búpalo repéte-se unha e outra vez. Aparece no que probabelmente fora o primeiro verso do libro de Hiponacte; noutro lugar, a Búpalo se lhe acusa de dormir com a sua nái, e em outro fragmento Hiponacte imaxina um enfrentamento com el: “Suxeita o meu abrigo: que lhe vou a sacar um olho de um golpe a Búpalo”, verso que possibelmente conectaba com outro: “Pois podo xirar a esquerda e a dereita e ambas aterrizaram na diana”. Ademais dos dous escultores, um pintor, um tal Mimnes, também figura entre as víctimas das invectivas de Hiponacte. Reprocha-se-lhe, haber pintado unha serpente num barco de guerra em sentido contrário – mirando para atrás, para o timonel na popa, em lugar de para diante, enfrentando o enemigo. “Dexenerado Mimnes, non pintes unha serpe no costado de numerosos bancos de unha trirreme, parecendo que escapa desde o espolón cara ao piloto, pois sería unha desgraça e unha infâmia para o piloto, tú que nasceste escrávo e filho de escrávo, que unha serpente lhe mordera nos colhóns.” Outra personáxe desta saga da vida nos baixos fundos (non sabemos se com algún fundamento) é unha mulher cuxo nome homérico e programático se enfrenta singularmente com a sua conducta e entorno. Asocía-se com certo esquema fraudulento de Búpalo, mas em outros lugares aparece associada intimamente com Hiponacte: “Inclinando-se para mim sobre a lâmpara Arete…”, procede claramente de um contexto erótico e podería pertencer ao mesmo poema no qual Hiponacte afirma: “Ao anoitecer fun a casa de Arete, com unha garza voando à minha dereita e alí acampei.” “…bebendo de unha colodra, pois que ela non tinha copa, xá que o escravo caíu encima e a rompeu. …bebiam do caldeiro: unhas vezes el e outras brindava Arete.” “Hermes, querido Hermes, filho de Maya, nascido em Cilene, a tí dirixo as minhas súplicas, pois tenho um frío terríbel… Dalhe um manto a Hiponacte, unha túnica persa, unhas alpargatas e unhas sesenta estateras de ouro…”

P. E. EASTERLING E B. M. W. KNOX (EDS.)

PITÁGORAS (LIBRE SERÁ TAMBÉM O HOME)

“De modo que, se os homes filosofaram para libertar-se da ignorância, é evidente que buscavam o conhecimento unicamente em vista do saber e non por algunha utilidade práctica. E o modo como as cousas se desenvolveram o demonstra: quando xá se possuía practicamente tudo o que se necessitava para a vida e também para o conforto e para o bem estar, entón começou-se a buscar essa forma de conhecimento. É evidente, portanto, que non a buscamos por nenhu-ma vantaxem que lhe sexa estranha, e, mais ainda, resulta evidente que, como chamamos libre ao home que é fim para si mesmo e non está submetido a outros, assim só esta ciência, dentre todas as outras, é chamada libre, pois só ela é fim para si mesma.” É essencial este vínculo entre a filosofia e a liberdade. Pode ser considerado libre aquele ao qual nada impede de actualizar as faculdades para as quais está dotado por natureza, o peixe ao qual nada lhe dificulta nadar ou a águia que empreende o seu voo. Libre será também o homem que actualiza plenamente a sua condiçón de ser de razón e, se essa liberdade se expressa para Aristóteles na práctica da filosofia, isso supón que a filosofia non é unha cousa continxente, mas a expressón de que unha potencialidade essencial da nossa natureza está a ser levada a cabo.

VÍCTOR GÓMEZ PIN