Arquivos diarios: 24/07/2022

BERGSON (INTRODUÇÓN À METAFÍSICA)

A “Introduçón à Metafísica” reveste-se de especial interesse por ser considerado o manifesto inaugural do “bergsonismo” como moda intelectual. Era costume, entre as novas correntes artísticas de princípios do século XX, apresentar-se à sociedade com um texto explosivo, carregado de agressividade e desprezo face ao “velho”. Non bastaba oferecer novas ideias: era preciso reinventar o ser humano. Neste caso, Bergson resume a sua crítica à filosofia tradicional, cristalizada nos valores do estáctico e do eterno. No seu lugar, esboça um novo método, o da “intuiçón”, que é introduzida pola primeira vez na sua obra. O texto é pura dinamite para unha época exaltada. É traduzido para as principais falas e serve de inspiraçón às correntes mais diversas, do futurismo italiano de Giovanni Papini ao sindicalismo revolucionário de Georges Sorel, passando polo dadaísmo anarquista russo ou o recém-nascido cubismo françês. Os nove “princípios do método” incluídos nesse texto som, de forma abreviada, os seguintes:

1º “Há unha realidade exterior e, no entanto, dada imediatamente ao nosso espírito.” O senso comum tem razón neste ponto tanto em relaçón ao idealismo como ao realismo dos filósofos.

2º Esta realidade é mobilidade e “tendência”, e, no entanto, trata-se de unha existência “substancial” e persistente.

3º O nosso espírito, que procura pontos de apoio sólidos para a acçón, tem por funçón principal, no curso ordinário da vida, representar “estados e cousas”. Reduz visóns quase instantâneas sobre a mobilidade indivisíbel do real obtendo “sensaçóns e ideias”. Assim procede a nossa intelixência quando segue o seu curso natural: com percepçóns sólidas e concepçóns estáveis. Mas também deixa escapar do real o que constitui a sua própria essência.

4º As dificuldades inerentes à metafísica, as suas antinomias, contradiçóns e disputas entre escolas antagónicas, resultam de se aplicar os procedimentos de utilidade práctica ao conhecimento desinteressado do real. “O fixo pode ser extraído do móvel, mas a mobilidade non será reconstruída com fixidez.”

5º “As demonstraçóns que Kant deu da relatividade do nosso conhecimento están viciadas: suponhem, como o dogmatismo que atacam, que todo conhecimento debe partir de conceitos de perfis definidos para apreender com eles unha realidade que, polo contrário muda.” Toda a história da filosofia, de Platón a Kant, repousa sobre o postulado “erróneo de que o nosso pensamento é incapaz de outra cousa que non sexa “platonizar””, isto é, esvaziar toda a experiência possíbel em moldes preexistentes.

6º Mas a verdade é que o nosso espírito pode seguir o caminho inverso. Conduzirá assim a conceitos fluidos, capazes de seguir a realidade em todas as suas sinuosidades e de adoptar o movimento da vida interior das cousas. “Filosofar é inverter a direcçón habitual do trabalho do pensamento.”

7º Esta inversón nunca foi practicada de forma metódica, mas unha história profunda do pensamento mostrará que lhe debemos o mais importânte que foi feito em metafísica. “Um dos obxectos da metafísica consiste em operar diferenciaçóns e integraçóns qualitativas”.

8º “É relativo o conhecimento simbólico através de conceitos preexistentes que ván do fixo ao móvel, mas non o conhecimento intuitivo que se instala no móvel e adopta a própria vida das cousas. Esta intuiçón atinxe um absolucto”.

9º Os filósofos antigos pensaram que a acçón era unha contemplaçón debilitada; a duraçón, unha imaxem enganosa e móvel da eternidade imóvel; e a alma, unha queda da “Ideia”. Esta concepçón, embora inicialmente rexeitada, foi assumida também polos modernos, que se deixaram arrastar pola confortábel inclinaçón do pensamento.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO