ROUSSEAU (O CÉLEBRE SEDUCTOR)

Na própria biografia, o célebre seductor Giacomo Casanova diz de Rousseau que é um escritor tán eloquente que é capaz de “insultar os seus leitores sem indispô-los contra ele”. Casanova refere-se ao que Rousseau diz no prefácio da sua novela “Júlia, ou A Nova Heloísa”: “Este libro non foi feito para circular polo mundo. O estilo repelirá as pessoas de bpm gosto; o tema alarmará a xente séria. Debe desagradar aos devotos, aos libertinos, aos filósofos; debe chocar as damas cortesáns e escandalizar as mulheres honradas. Entón, a quem agradará? Talvez só a mim. Mas é certo que agradará com paixón ou desgostará absoluctamente. Nunca as xovens honestas leram romances! Aquela que, apesar do título, se atrever a ler unha só páxina, será unha xovem perdida. Se um home austero, ao folhear o libro, se sentir enoxado desde o princípio, rexeita o libro com raiva e indigna-se com o editor; non me queixarei em absolucto da sua inxustiça; eu teria feito o mesmo. Mas se, depois de o ter lido na íntegra, alguém se atrever a censurar-me por o ter publicado, parece-me que non poderia, em toda a minha vida, ter esse home em estima”. No entanto o românce de Rousseau teve unha excelente recepçón; non só foi um aclamado êxito de vendas com reediçóns constantes, também o foi de leitura, xá que inclusive se alugavam exemplares que se liam com toda a voracidade. Ficaram célebres as reaçóns dos leitores. Houbo desmaios e varóns alagados em lágrimas. Alguns abandonaram as respectivas obrigaçóns para lê.lo de unha só vez, conquistados pola intriga e o feitiço do estilo. Foi o que assinalou Casanova. Dir-se-ia que Rousseau pode permitir-se quase tudo, graças à sua singular eloquência, como denegrir os seus potenciais leitores, mas sem que eles se incomodem por isso. Kant, enfeitiçado por outra das suas obras, o “Emílio”, também abandonou os seus passeios regulares por Königsberg, incapaz de interromper a leitura, nem sequer para cumprir as suas lendárias rotinas quotidianas, durante as quais os vizinhos aproveitavam para acertar os relóxios.

ROBERTO R. ARAMAYO

Deixar un comentario