PLOTINO (UM AMOR IMPOSSÍBEL)

Vemos assim reflectido um dos traços da filosofia plotiniana. Plotino ama sinceramente a filosofia grega, mas existe um problema: o seu amor resulta impossíbel. Procura deslocá-la, forçá-la além do que ela lhe pode dar. Ao fazê-lo, pretende adaptá-la a problemas relixiosos para os quais ela non foi concebida. É necessário, portanto, um reaxuste, unha transformaçón profunda. Émile Bréhier, um dos grandes historiadores da filosofia antiga e traductor para françês das “Enéadas”, escrebeu que Plotino quis fazer com que a filosofia grega dissesse o que ela non estaba preparada para dizer (porque non queria). Mais do que demarcar unha faixa de existência para o ser humano, como parecia ser o caso de Platón e de Aristóteles (e a filosofia “clássica” em xeral, caracterizada polo optimismo racional), o pessimismo do século III leva os autores neoplatónicos a renunciar ao espaço público e a tentar recuperar, polo contrário, um “vínculo directo” com a divindade. Isto explica igualmente que Plotino se aproximasse da filosofia de Pitágoras, que acreditaba que o home podia alcançar a condiçón divina e a quem Platón tinha tomado como um sábio venerábel, embora, ao mesmo tempo, como sucedeu com Parménides, o tivesse superado inevitavelmente. Sexa como for, Plotino empunha na sua segunda etapa o papiro e a pluma, para o que na Antiguidade, como sabemos, eram necessárias muito boas razóns. Nesse momento, sentia que tinha algo de importante e novo para dizer. Queria distinguir-se do platonismo de escola, seguindo a inspiraçón de Amónio Sacas, mas indo mais lonxe do que ele: xulgava ter intuído de forma latente nas relixións do Oriente um modo de apresentar e resolver um problema filosófico que era recente no pensamento grego: o da procedência e do retorno da alma individual, do “Uno” e até ao “Uno”. Sendo todos eles tardios, entendemos também que os seus escritos sexam facilmente “sistematizáveis” e non exista neles rasto de unha evoluçón intelectual, ao contrário do que acontece, por exemplo, com Platón e Aristóteles.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

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