Arquivos diarios: 20/07/2022

PLOTINO (UM AMOR IMPOSSÍBEL)

Vemos assim reflectido um dos traços da filosofia plotiniana. Plotino ama sinceramente a filosofia grega, mas existe um problema: o seu amor resulta impossíbel. Procura deslocá-la, forçá-la além do que ela lhe pode dar. Ao fazê-lo, pretende adaptá-la a problemas relixiosos para os quais ela non foi concebida. É necessário, portanto, um reaxuste, unha transformaçón profunda. Émile Bréhier, um dos grandes historiadores da filosofia antiga e traductor para françês das “Enéadas”, escrebeu que Plotino quis fazer com que a filosofia grega dissesse o que ela non estaba preparada para dizer (porque non queria). Mais do que demarcar unha faixa de existência para o ser humano, como parecia ser o caso de Platón e de Aristóteles (e a filosofia “clássica” em xeral, caracterizada polo optimismo racional), o pessimismo do século III leva os autores neoplatónicos a renunciar ao espaço público e a tentar recuperar, polo contrário, um “vínculo directo” com a divindade. Isto explica igualmente que Plotino se aproximasse da filosofia de Pitágoras, que acreditaba que o home podia alcançar a condiçón divina e a quem Platón tinha tomado como um sábio venerábel, embora, ao mesmo tempo, como sucedeu com Parménides, o tivesse superado inevitavelmente. Sexa como for, Plotino empunha na sua segunda etapa o papiro e a pluma, para o que na Antiguidade, como sabemos, eram necessárias muito boas razóns. Nesse momento, sentia que tinha algo de importante e novo para dizer. Queria distinguir-se do platonismo de escola, seguindo a inspiraçón de Amónio Sacas, mas indo mais lonxe do que ele: xulgava ter intuído de forma latente nas relixións do Oriente um modo de apresentar e resolver um problema filosófico que era recente no pensamento grego: o da procedência e do retorno da alma individual, do “Uno” e até ao “Uno”. Sendo todos eles tardios, entendemos também que os seus escritos sexam facilmente “sistematizáveis” e non exista neles rasto de unha evoluçón intelectual, ao contrário do que acontece, por exemplo, com Platón e Aristóteles.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

GALLEIRA (27)

AS TRADIÇÓNS REFERENTES AOS TESOUROS

Este conto apresenta notábeis semelhanzas com o publicado por Sebillot, baixo o título de “La houle du Châtelet”, e por tanto ser aquí, como na alta Bretanha francesa, producto de xentes pertencentes à raza céltica. Heis aquí o conto: No monte “d’as croas” estaba, noutros tempos, encantada unha senhora de singular beleza. Habitaba num palácio que habia no interior do monte e no qual se guardaba um tán grande tesouro, que a fama da sua riqueza chegou até Cádiz. Muitos eram polo tanto os que desexabam atopalo, mas non lhes resultou possíbel a pesar de que a cançón daba, nos seguintes versos, os sinais exactos do lugar em que estaba enterrado. Monte d’as croas,/ Ponte d’o batan,/ Fonte de clara (augua?) fria/ Monte de Samariné,/ Tiran c’o ouro as ovellas/ E non saben o que é. A senhora alí encantada, aparecia-se a miúdo aos habitantes de aqueles lugares, mas estes fuxíam dela como de unha posséssa polos maus espíritos. Unha vez, um pequeno, que pastaba as ovelhas do seu pai, atopou-na sentada sobre unha pedra, baixo a qual estabam escondidos os tesouros que a senhora albergaba. Penteába-se com pente de ouro quando o pastorcinho acertou passar a seu lado, e entón ela chamou-o e pedíu-lhe um cordeiro. Asustado o moço, nada respondeu, escapando enseguida para contar ao seu pai o que lhe tinha acontecido, temendo que por ter negado o cordeiro à senhora, perde-se todo o rebanho, obrigou ao rapaz a que voltara e lhe entregá-se o que ela quixéra. Voltou o pastorcinho, mas o seu asombro non tivo limítes, quando víu que o rebanho tinha desaparecido. Chorando e cheio de medo, começou a buscar as ovelhas, e assím andou muito tempo sem que lhe fora possíbel encontrá-las, até que de repente apareceu o rebanho conducido pola senhora, quem lhe dixo: “avisa o teu pai que venha por el, que tenho que falar-lhe” Tornou o pequeno à sua casa, e contou ó pai quanto a senhora dixéra, e este dirixíu-se ao monte, ainda que cheio de medo porque tinha que vêr-se com unha dama encantada. Pouco durou o seu temor, xá que ela lhe asegurou que nada mau lhe acontecería, antes grandíssimo bem ganharia se guardá-se o segredo e fixé-se tudo o que lhe fora ordenado. O que a senhora lhe dixo, ninguém o sabe, mas notarom os vecinhos que el e outro seu amigo, se fixérom ricos em muito pouco tempo, que os seus frutos eram os melhores do lugar e a sua prosperidade manifésta. Correu entón a voz de que âmbos os amigos eram os encargados de levar ao alto do monte quanto a dama encantada necesitaba para a sua alimentaçón. Assim as cousas, enfermou tán gravemente o dono do rebanho, que desenganado dos médicos, se desesperaba de poder salvar-se. Sucedeu entón, que num momento em que a mulher do doênte tivo que sair da casa, para atender aos seus assuntos, encontrou ao passo a dama, quem lhe perguntou como se encontraba o marido. Non lhe deu palabra, e entón a enlutada desapareceu de repente; mas ¡Qual sería o seu asombro, quando ao entrar na casa encontrou a senhora ao lado do seu marido, e este tán melhorado, que podía dicer-se xá fora de perigo! Curiosa como verdadeira mulher, perguntou ao enfermo que facía alí aquela senhora, a que tinha víndo e como se encontraba tán bem? Mas el negou-se a responder. Insistíu a mulher nos seus interrogatórios e recelos, e para sosegá-la tivo de contar-lhe tudo quanto lhe tinha dito a dama encantada e os remédios que lhe tinha deixado para curar. Nunca o fixéra! Ao outro día, apareceu morto e todo o seu corpo cheio de manchas negras e como produzidas por paus que lhe tivéram dado. A sua mulher aseguraba ter sentído, durante toda a noite, ruido como de golpes e queixas e ais lastimeiros.

MANUEL MURGUÍA