Arquivos diarios: 16/07/2022

LEIBNIZ (A CONSPIRAÇÓN ESTÁ NO AR)

Xá em Febreiro de 1676, Leibniz fica a saber que o duque o quer em Hanôver o mais rapidamente possíbel, e que lhe pagará o seu ordenado a partir do primeiro de Xaneiro; contudo, Leibniz pede-lhe que lhe dê mais duas ou três semanas para resolver os seus assuntos em Paris. No entanto, ao fim de um mês ainda ali permanecia, convencido de que obteria melhores resultados para a ciência em benefício da humanidade ao non mudar de residência. Mas nem sequer nestes difíceis momentos interrompeu a sua correspondência com matemáticos e filósofos sobre diversas questóns. Abandona finalmente Paris em Outubro, apressado polo duque, mas ainda ficará dez dias em Londres durante a viaxem de regresso – onde se encontrou com Collins, consultou alguns escriptos de Newton e, por fim, mostrou a Oldenburg a sua máquina de calcular – e em diferentes lugares da Holanda. No final de Novembro, enviou da Holanda unha carta a Johann Karl Kahm, funcionário da Corte de Joao Frederico de Hanôver, informando-o sobre as suas viaxens e actividades desde que tinha deixado Paris. Através desta missiva sabemos que Leibniz escrebeu o famoso diálogo “Pacidius Philalethi prima de motu philosophia” nunha incómoda travessia polo Tamisa a caminho de Roterdam, onde retoma um dos seus temas preferidos e que mais tarde o levaria à sua teoria metafísica das mónadas: “o labirinto do contínuo”. Leibniz afirma que sem mergulhar neste labirinto non é possíbel conhecer a natureza do movimento; a composiçón do contínuo revela-se como um dos problemas fundamentais que se debem resolver antes de poder construir unha teoria racional do movimento, pois o espaço non pode simplesmente ser um conxunto de pontos nem o tempo um conxunto de instântes. De Roterdam viaxou até Amesterdam, onde conheceu o microscopista Jan Swammerdam, famoso polas suas investigaçóns sobre insectos, e o matemático Johannes Hudde. Depois fixo unha pequena travessia por Haarlem, Leiden e Delft, onde conheceu Anton van Leeuwenhoek, cuxo estudo dos micro-organismos poderia ter influênciado o desenvolvimento da “teoria das mónadas”, xá que as investigaçóns do holandês pareciam confirmar a ideia de pré-formaçón que esta teoria requeria. Por fim, visitará Benito de Espinosa em Haia. Recordemos que o pensador xudeu ganhava a vida na cidade holandesa “a polir lentes”; por isso, non é de estranhar que o que mais interesse despertou em Leibniz fossem os seus trabalhos de óptica, tal como mostra a única carta que lhe escrebeu no final de Outubro a solicitar-lhe um encontro. Leibniz xulgaba que era possíbel construir um tipo de lentes com as quais se pudesse medir, a partir de qualquer posiçón, a verdadeira distância e tamanho de um obxecto, algo que Espinosa punha muito em causa. O nosso autor remeterá de Amesterdam unha carta a Oldenburg, no final de Novembro, a relatar os detalhes matemáticos do encontro, mas é óbvio que também tiveram tempo para falar sobre questóns metafísicas (especialmente sobre o grande labirinto, o da liberdade), sobre a “Característica Universal” e sobre a demonstraçón da existência de Deus, tal como testemunha unha carta dirixida a Gallois em 1677, após a morte de Espinosa: “Tem unha metafísica estranha, cheia de paradoxos. Entre outras cousas, xulga que o mundo e Deus som a mesma cousa, que Deus é a substância de todas as cousas e que os seres non som mais do que modos ou accidentes dela. Mas xá sublinhei que algunhas das demonstraçóns que me apresentou non som exatas”. Leibniz xá conhecia o “Tratado Teológico-Político” de Espinosa em 1670, através do filólogo Graevius, com quem trocava correspondência. Em Amesterdam também conheceu Schüller, que lhe facultou três cartas de Espinosa que som um bom reflexo das suas posiçóns metafísicas (podemos encontrá-las no volûme I dos “Philosophischen Schriften” de Gerhardt), e, no início de 1678, enviuo-lhe um exemplar da “Opera Posthuma” de Espinosa. No Leibniz-Archiv de Hanôver podemos encontrar os exemplares do tratado “De intellectus emendatione” e da “Ética” que Leibniz sublinhou e sobre os quais escrebeu os respectivos comentários. Apesar das diverxências filosóficas, Leibniz ficou fascinado com a demonstraçón xeométrica da ética que Espinosa inicia e que ele próprio relaciona com os seus interesses em revelar a existência de unha “Característica Universal” com base nos pensamentos e linguaxens humanos, tal como escrebe nunha carta a Tschirnhaus em 1678. Vemos assim como a estada parisiense teve um fim de festa multidisciplinar, embora também sexa evidente que, durante os quatro anos passados em Paris, os problemas filosóficos nunca tenham saído da sua cabeça, apesar de os seus esforços se centrarem no estudo da matemática. Na verdade, como muito bem soube mostrar o investigador françês Michel Serres, a filosofia leibniziana apoia-se sempre nos seus modelos matemáticos, e a sua matemática está fundamentada em princípios lóxicos e metafísicos. A conspiraçón está no ar.

CONCHA ROLDÁN