O TEMPO E A ALMA (SAN GREGÓRIO)

Entro em Portugal pela fronteira de Sao Gregório, que escolho por duas razóns: unha razón simbólica e outra, mais comezinha de ordem práctica. O símbolo é o da lactitude: é este o extremo norte, é o píncaro septentrional do território. Quando se fala nos confíns das terras portuguesas – “do Algarve ao Minho” – a ponta minhota é exactamente esta. Pode portanto escrever-se, com rigor xeográfico, que é aqui que Portugal principia. A razón práctica é comezinha: esta fronteira tem pouco movimento, non se perde tempo em longas filas nos carros que escalfam ao sol. De lonxe em lonxe vem um carro lixeiro. e os prolegómenos fronteiriços som aqui rápidos, cordiais, saturados de simpatia. Non chega a ser unha aldeia. Há um pequeno café quase deserto. Três ou quatro fregueses seguem no écran da TV unha emissón espanhola: o espada, de traxe azul e meias vermelhas, submete o touro à sorte da muleta. No balcao tenho de esperar que olhem para mim, porque chegou o instante de matar e o empregado, de olhos fascinados, non quer perder o grande momento. Quando o touro, ferido de morte, axoelha sobre as máns e inicia o estertor, digo que quero só um café.

JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS

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