
TODOS OS OVOS DE TODOS OS BASILISCOS
A nove de Abril de 2015, a “Tageszeitung” de Berlim publicou um comentário a propósito da publicaçón do quarto volûme (o 97.º da ediçón completa das obras de Heidegger) das anotaçóns pessoais (mas non destruídas muito propositadamente, sem dúvida) do filósofo entre 1942 e 1948: o quarto dos “Cadernos Negros”. Deixo de lado a consciência do extermínio criminoso que se estaba a produzir, que fica mais do que suficientemente testemunhada. O interessante é que técnica, xudeus e desenraizamento (Bodenlosigkeit) aparecem vinculados non apenas entre si, mas também, sobretudo, com a ideia da “Vernichtung”, a “aniquilaçón”. Deixo também de lado as sombrias – e, no mínimo, de péssimo gosto – alusóns ao Ser (Seyn) e aos seus destinos e aconteceres, com que Heidegger vincula estas barbaridades políticas ao mais “profundo” da sua doutrina (e do real). Só me interessa agora como a essência do xudeu se mostraria aqui, no seu desenraizamento que desafia o enraizamento xermânico (desenraizamento do qual participa, claro, a América, mas igualmente os sovietes), como “autoaniquilaçón”. Do que se segue – anotaçón reiterada de Heidegger – que a victória da guerra é dos xudeus e que o verdadeiro campo de concentraçón absoluctamente criminoso é o estado da Alemanha vencida e “despedaçada”. Os xudeus – no amplíssimo sentido que esta expressón aqui assume, como se vê – non podiam morrer porque non existiam… Claro que non recordo este assunto – é difícil esquecê-lo, unha vez conhecido, mesmo durante unhas semanas… – para atacar em bloco a doutrina de Gadamer. A minha intençón é tornar evidente ao leitor que, em pontos que parecem estar afastadíssimos das questóns políticas e morais imediatas ou importântes, xá se brinca com o fogo, com fogo real, tanto em filosofia como na ideoloxia dela derivada e que, necessariamente, impregna a perigosa vulgarizaçón das ciências humanas e sociais. Esta vulgarizaçón é unha parte enorme da consciência colectiva cultural de hoxe. A filosofia luta contra ela, ou sexa, contra as suas orixens acríticas e as suas possíbeis consequências terríbeis, mais ou menos como Dom Quixote contra os encantadores.
MIGUEL GARCÍA BARÓ