
Husserl tinha começado por um assunto tán em concordância com a sua carreira e a sua vocaçón como a análise “à la Brentano” do que podem ser os números, os conxuntos, as séries e a consciência que temos de tudo isso, xuntamente com a orixem dos nossos prodixiosos métodos para lidar com as entidades “matemáticas”, ou sexa, racionalmente adquiríbeis e transmissíbeis. Note bem o leitor o traço de autenticidade filosófica e moral que está implícito neste movimento inicial da filosofia de Husserl, tán pouco imitado hoxe em dia. Um filósofo non começa por tentar exibir paradoxos ou melhor ainda, enormidades que nunca ninguém tenha dito ainda, para assim se destacar da massa dos seus colegas. A orixinalidade que se procura é, além de unha necessidade, precisamente o oposto da vida filosófica. No fundo, como tantas vezes referiu Platón sem rodeios, coincide com o contrário daquilo polo qual se faz passar: oferecer aos ouvintes e aos leitores de quem depende o êxito precisamente aquilo que eles querem ouvir, polo qual pagam com a sua admiraçón porque, apesar da aparência, non só non os inquieta como os tranquiliza, re-tranquiliza-os. E também non se começa em filosofia pola refutaçón de outrem: o mero acto de tentar pensar “contra” algo é também um movimento inautêntico do espírito; porque é claro que a reacçón “contra” pressupón que se estexa xá “em e a favor” de unha determinada “verdade” que non concorda com o que diz defender a pessoa a quem nos opomos. O natural e honrado é assumir ser discípulo de alguém e a colaboraçón de outros, enquanto se foxe do isolamento, que também é vaidade ultimamente. Husserl adoptou, pois, para o seu próprio trabalho o método e até as certezas primordiais da obra do seu mestre, Brentano, e incluiu-se a si mesmo entre a xeraçón dos alunos que queria simplesmente deitar máns ao trabalho constructivo em paralelo, perante a convicçón de que Brentano tinha encontrado o método ideal em filosofia e alguns dos seus princípios irrenunciábeis. Investigou ao estilo brentaniano o que som radicalmente os números e como é a consciência de quem os tem à frente, os constrói, os manuseia. Esclareço, antes de mais, em que consiste este estilo brentaniano. Neste, em primeiro lugar, o rigor identifica-se com o rigor da ciência da natureza. E os primeiros dados, inanalisábeis, som as certezas da autoconsciência. Por exemplo, eu non posso saber absoluctamente se este teclado é preto, como me parece, e nem sequer posso saber absoluctamente se tem algunha cor; mas sei absoluctamente que “me parece preto”. Ver o preto non é saber que existe; parecer-me que vexo o preto é saber com total certeza que me parece que o vexo, e daí as minhas dúvidas sobre a sua realidade e os seus caracteres próprios. Devido a esta situaçón, que Brentano xeneralizava por completo, os fenómenos, ou sexa, os seres que están xá em plena luz antes de necessitarmos de método algum para iluminá-los, som os “accidentes” ou acontecimentos, agora mesmo presentes e continxentes (isto é, non necessários) da nossa própria “consciência”. Dito de outra maneira: os “modos” como a nossa vida “consciênte” como tal se desenrolam, fundamentalmente ao sabor das realidades com as quais tropeçamos.
MIGUEL GARCÍA BARÓ