Arquivos mensuais: Xuño 2022

PASSEIOS PARA UNHA TARDE DE SÁBADO (PÓVOA DE LANHOSO)

Se em princípio saímos para Braga, com a intençón de buscar unha vía cômoda para viaxar a Lisboa, o passeio acabou por transformar-se nunha experiência mesmamentemente inesperada. Vamos pela auto-estrada A-3, desde Valênça até à saída Braga Sul. Na saída da autoestrada, logo ó princípio, xirar à direita quando apareça o letreiro “Caminhos de ferro”. Depois, estar atento ao “Parque de estacionamento” da “Estaçao de Braga”, onde se pode deixar o carro toda unha semana por aproximadamente trinta euros. Os horários do “Alfa Pendular”: 5 horas; 9 horas; 12 horas; 17 horas, aproximadamente. O Preço é de 38 euros e tál, mas, se for um reformado, poderá pagar a metade.

Logo, aviámos para a Póvoa de Lanhoso, para comer no Victor, percorrendo once quilómetros de estradas beiradas polas famosas vinhas altas, que ainda há bastântes na beira rua, antigamente decíam que estas vinhas altas era para combater a acidês do vinho debida à humidade do clima.

Sao Joao de Reis, é unha aldeia da Póvoa do Lanhoso, e o único rei actual é o Victor, que se esqueceu de colocar o cartel do restaurante, é como se coméramos na sua eira, ó lado das laranxeiras e das oliveiras.

Especializado em bom bacalhau da Noruega, gordo, assado na brasa, o qual lhe dá um sabor especial.

O Victor, é um negócio peculiar, familiar, e dunha sinxelêxa pasmosa. Conservou o essêncial da cozinha casseira das festas das aldeias.

Para começar, unha chouriza assada na brasa, que era bastânte saborosa e non demasiado gordurosa.

Bacalhau com batatas à murro, é o prato da casa, e a melhor parte som as lascas gordas, pois as partes delgadas están bastânte mais duras.

O “Leite Crême” caseiro, estaba delicioso.

E a “Tarta de Laranxa” também.

A visita a esta aldeia, é como um retorno ao mundo de todos os “Reis Pequenos”, da farturenta vida rural, xá lamentábelmente passada.

LÉRIA CULTURAL

de

MONTAIGNE (ESPRITS LIBRES)

Como um sepulcro da cidade, a Roma moderna quebrava e enterrava as suas próprias ruínas, “profundas até aos antípodas”. Na arqueoloxia da censura e das fogueiras dos libros encontram-se sempre o espectro de Roma, há muito tempo sombra da liberdade, tal como Montaigne podia ler no “Discurso da Servidón Voluntária” de La Boétie. Por fim, os “Ensaios” serán incluídos no “Índex” a 28 de Xaneiro de 1676, devido à influênça de Montaigne nos ambientes libertinos, cépticos, epicuristas, precisamente nos “esprits libres”. A 19 de Abril do mesmo ano (1571) vai a Loreto e, a 25, deixa um ex-voto na basílica, que se tornou num lugar de peregrinaçón. Depois desloca-se até Florença, Pisa e Bagni di Lucca para beber as àguas. Entretanto, e sem o seu conhecimento, Montaigne tinha chegado ao final da sua aventura italiana e do seu “tour”. Quase um ano depois da sua partida, durante a estada termal em Bagni di Lucca (7 de Septembro), chega-lhe a notícia da sua nomeaçón como presidente da Câmara de Bordéus por dous anos. No entanto, Montaigne non se dispón a preparar as malas (alguém avança a hipótese de que, certamente, foi pola decepçón da falhada nomeaçón formal como embaixador do rei de França em Roma: a nomeaçón para presidente da Câmara deverá ter-lhe parecido unha compensaçón inadequada). No final do mês, volta a Roma, de onde regressa a casa a 15 de Outubro. Chegará a 30 de Novembro, unha quinta feira, dia de Santo André: “Tinha partido a 22 de Xunho de 1580, para ir a La Fère. Por isso a minha viaxem durou dezassete meses e oito dias”. Unha viaxem que durou quase um ano e meio e que tinha mudado várias cousas. Até entón, Montaigne non tivéra de enfrentar a censura. Mas, com todos os seus olhos, até no seu caso “indulxente”, a censura tinha realizado o seu trabalho.

NICOLA PANICHI

ROBERTO MERA COVAS (HOMENAXEM A ALEJANDRO VIANA) (6)

O mosteiro de San Cugat del Vallés é o seguinte escenario da sesión das Cortes e, un día despois, esta celébra-se na Caja de Ahorros de Sabadell. Viana asina, xunto a varias ducias de deputados, a súa derradeira iniciativa parlamentaria para que o Congreso lle conceda unha pensión á familia dun deputado falecido. No debate político ponse de manifesto unha crecente oposición a Negrín e á súa política de resistencia. Tan só o Partido Socialista, o Partido Comunista e unha parte de Izquierda Republicana, na que se inclúe Viana, manteñen o seu apoio incondicional ao presidente. Iníciase así unha etapa de división no seo de Izquierda Republicana entre os detractores e os partidarios de Negrín. Alejandro Viana sitúase no grupo que mantén o seu compromiso co presidente. Na súa actividade como deputado, Viana incorpórase á Unión Interparlamentaria e con Tafall e Castelao visita en Barcelona o presidente da Generalitat. Lluís Companys. Ademais, continúa exercendo a súa responsabilidade no Banco de Crédito Industrial e participa activamente na vida da comunidade galega na capital catalá: preside a asemblea de Solidariedade Galega Antifeixista e a asemblea de afiliados de Izquierda Republicana de Pontevedra, na que se reconstitúe a organización provincial e se lles rende unha emocionada lembranza a todos os correlixionarios asasinados ou falecidos na fronte de batalla. Antes de finalizar 1938 as autoridades franquistas dan un novo paso na persecución de Alejandro Viana: á causa xudicial aberta por un delito de masonería súmase agora outra por responsabilidades políticas.

ROBERTO MERA COVAS

LOCKE (CROMWELL)

A questón é que, naquele momento. non había quem enfrentasse Cromwell, nomeado “Lord Protector” do império britânico. Unha revoluçón surxida a favor do parlamentarismo tinha acabado por estabelecer unha oligarquia que governaria despoticamente. Nesses anos da Commonwealth, em que o bem-estar non foi tán comum como os ingleses tinham pensado, Locke introduziu-se nos círculos de poder por intermédio de Lorde Anthony Ashley-Cooper. Fundador do partido Whig britânico, orixem daquele que hoxe conhecemos como Partido Liberal inglês, lorde Ashley era um defensor do parlamentarismo. Foi um político de relevo que participou nos feitos mais relevantes da política inglesa após a queda de Cromwell. Como membro do parlamento, fez parte da delegaçón que se deslocou aos Países Baixos, em 1660, para trazer Carlos II de volta, o rei que o nomearia lorde. Uns anos depois, em 1667, Locke fez parte do seu serviço como médico pessoal, secretário e home de confiança. Ambos travaram unha amizade duradoura, da qual Locke beneficiou non só economicamente, como também no aspecto intelectual, visto que as teses liberais de Ashley-Cooper o influenciarom de forma evidente. Xuntos redixiram a Constituiçón da província da Carolina, na América, unha das colónias que Ashley-Cooper administrava. Nesse primeiro texto ainda non encontramos o Locke tolerante e aberto das suas obras posteriores, mas fica patente o seu interesse pola lexislaçón e pelo ordenamento político. Em 1672, lorde Ashley foi nomeado conde de Shaftesbury e Locke beneficiou da boa posiçón do seu protector para desempenhar vários cargos administractivos de relevo. Todavia, com a deriva absoluctista do rei, Shaftesbury caiu em desgraça, e Locke teve a mesma sorte. Ambos tiveram de se exiliar nos Países Baixos, onde Shaftesbury faleceu em 1683. Cromwell morreu quase dez anos depois da sua chegada ao poder. O seu filho, a quem faltavam as habilidades para o comando do proxenitor, non conseguiu manter o legado. O povo inglês, após os excessos do seu próprio parlamento, acolheu de bom grado a restauraçón da monarquia. Carlos II tomou o poder de forma pacífica e deu início a um novo período de estabilidade, enquanto o parlamento se protexeu contra o catolicismo e obrigou o rei a assinar a “Test Act”, que dictava que todos os governantes non só deviam xurar fidelidade ao rei, como também à fé anglicana. Apesar da rexeiçón do catolicismo, a Inglaterra viveu unha época de maior abertura do que a anterior, como demonstra a assinatura da lei do “Habeas Corpus”, que procurava garantir os direitos dos súbditos contra as detençóns arbitrárias e, assim, evitar inxustiças. Unha lei muito ao gosto de Locke, apesar de os católicos ficarem excluídos do seu amparo, o que nos revela que as antigas desavenças non tinham sido superadas e que ainda era preciso trabalhar a convivência. Morto o rei sem descendência, em 1685 a coroa passou para as máns do seu irmán, que se tornaria o último rei católico do Reino Unido. Com a subida ao trono de Jaime II non acabaram os problemas para Locke, pois o rei acusou-o de estar envolvido num complô para impedir a sua nomeaçón. Parece que Locke, refuxiado nos Países Baixos, non teve nada a ver com o assunto, mas o rei pediu às autoridades holandesas que o prendessem. Estas, por sorte, pouco receptivas às monarquias absoluctistas, non estiverom para isso. Mesmo com toda a axitaçón, o exílio holandês foi productivo para Locke, que conseguiu organizar as suas ideias e redixir grande parte das obras que há tantos anos andava a preparar. A mentalidade tolerante que se respirava nos Países Baixos debe ter constituído mais um incentivo para se pôr a escrever e a preparar os seus textos com vista à sua futura publicaçón.

SERGI AGUILAR

GALICIA DE CONTO (1)

FRANCISCO RODRÍGUEZ IGLESIAS (HÉRCULES DE EDICIONES)

Vivían nun lugar dous irmáns, un moi rico e outro moi pobre. E un día en que non había que comer na casa do irmán pobre, foi iste e díxolle a un dos seus fillos: -Anda, chégate nun istante á casa do teu tío e dille, da miña parte, que che dea un pouco de pan polo amor de Dios. Chegouse o rapaz á casa do rico e repetiulle, palabra por palabra, o recado do pai. E entón o tío, despois de rosmonear, meteuse pra dentro e volveu logo cun anaco de pan e deullo ao rapaz, ao tempo que lle decía: -Toma o pan. E dille ao teu pai que llo dou como se llo dera ao demo. E o rapaz contoulle ao pai o que lle pasara co tío, e daquela foi o pai e, collendo o anaco de pan, dixo: -Ai hom, pois agarda; que llo vou levar ao demo. E foise andando e, cando xa levaba andado moito camiño, alcontrou cunha señora que lle perguntou: -E logo, ¿pra onde vas? -Pois voulle levar iste pan ao demo. Porque eu son probe e teño moitos fillos e o meu irman é moi rico e deunos hoxe iste pan, que eu lle pedira polo amor de Dios, e dixo que mo daba como se llo dera ao demo. E entón a señora sacou un anel e púxose: -Deiquí en adiante non has de pasar mais necesidade. Toma iste anel; e cando precises algunha cousa non tes mais que pedirlla. E se algo che cómpre pra outra vez vén a alcontrarme niste mesmo sitio. Volveuse o home pra casa, e, como todo o que lle pedía ao anel todo lle daba, deu en ir pra arriba que non había máis que ver. E ao irmán rico entroulle moita envexa de ver ao pobre tan ben acomodado, e un día falou ca súa muller do caso e a muller, que era comadre da probe, díxolle: -Ai, comadre; mire que a xente xa se sabe como é. e todo se lle volven falas de que se os cartos lles veñen dun lado ou doutro, e eu non sei, mais paréceme que van chamar á xusticia. E a comadre, que era unha infeliz, contestoulle: -Non, a xente fala porque quer. É certo que denantes eramos probes e que agora estamos máis gobernados. Pero todo lle veu dun anel que lle deron ao meu home; que cousa que lle pide, cousa que lle dá. A muller do rico que se pasmaba moito ao ouvir aquelo, e, como quen non quer facer nada, díxolle á comadre que lle prestara o anel e que deseguida llo volvía. E a outra infeliz, prestoullo, e a comadre volveulle outro que non tiña virtude ningunha. Dalí a uns días, o home pediulle ao anel algo que lle cumpría e o anel non llo deu. E entón o home marchou ao sitio da primeira vez e atopou alí á señora, que lle perguntou: E logo, ¿que che pasa, meu fillo? -Pois, que me ha pasar. Que tiña un benciño de Dios; un anel que me daba todo o que lle pedía. E a miña muller prestoullo á miña cuñada e cando llo volveu, volveulle outro que non sirve pra cousa ningunha. E daquela a señora, sacou unha servilleta, deulla ao home e díxolle: -Toma ista servilleta. Cando che cumpra comer, non tes máis que decirlle: -Servilleta, pon a mesa, e xa verás como vos podedes fartar todos. Marchou o home e pasado algún tempo, foi a unha feira e deulle a gardar a servilleta a unha taberneira, e deixoulle moi encargado que non lle mandara pór a mesa. Mais á taberneira entroulle curiosidade por ver o que era aquelo e, en canto tivo modo, mandoulle á servilleta que puxera a mesa, e co que lle serviu deulle de xantar a cantos lle foron á taberna. E levada da cobiza, en canto volveu o home entregoulle unha servilleta calquera. Mais como aquela servilleta, por moito que lle dixeran, non punha nada, o home marchou a buscar á señora, que lle dixo: -E logo, ¿que che pasa, meu fillo? -Pois pásame, que tiña um benciño de Dios, que era unha servilleta que me daba comida, e foi unha taberneira e cambeouma por outra. E entón a señora veu cun burro e díxolle: -Toma iste burro. En canto lle mandes que cague, cagará ouro. E dalí a uns días o home foi á mesma feira en que lle cambearan a servilleta, e, namentras il daba unha volta, deixoulle o burro a gardar á mesma taberneira, encargándolle moito que non o mandara cagar, porque cagaba ouro. Mais a taberneira, despois de mandar cagar ao burro e de encher unha cesta de moedas de ouro, colleu o animal, escondeuno e puxo outro no seu canto. E como aquil cagaba o mesmo que os outros burros, o home foise a buscar á señora e a contarlle o que lle pasara. E daquela a señora deulle unha matrácola, que no intre en que se lle decía: -Matrácola, matracolea, mallaba en todo o que se lle puña por diante, e ainda lle encargou que lla deixára a gardar á taberneira que lle cambeara a servilleta e mais o burro. Foi o home xunto á taberneira e dixolle: -Mire, mentras eu vou dar unha volta pola feira, téñame conta dista matrácola. Ora, teña tino de non lle decir: -Matrácola, matracolea. Mais a taberneira, coidando que o home a enganaba, mandou deseguida: -Matrácola, matracolea. E a matrácola deu en mallar nela e en romperlle os vasos, as xerras e as mesas e en arrearlle duro á xente que comía na taberna. E entón a taberneira foi correndo buscar ao home e púxoselle: -Ai, tío home; veña, por Dios, sacarme o demo da casa. E o home chegouse alá e dixo: -Matrácola, matracolea deica que me volvan a servilleta e o burro. E a taberneira, co medo, volveullos, e o home foise á casa con todo. Mais resultou que se puxo máis rico que ningún do lugar, e resultou, tamén, que cando alguén se metia coíl, a matrácola arreáballe de raio, e a xente, co medo, e ca envexa, foi dar parte ao rei de que había alí un home que tiña tratos co demo. E o rei mandou unha tropa de soldados que colleron ao home e levárono a un campo pra o matar, mais il díxolles que se o deixaban que lles había servir unha comida moi boa. Responderonlle que si, e sacou a servilleta, e os soldados comeron tanto e tan ben, que volveron xunto do rei decíndolle que non podian matar a un señor tan bo e que lles déra tan boa comida. Mais coma os veciños non parában de denunciálo, o home foi a buscar á señora, que dista vez deulle unha chicharra, decíndolle: -Se te volves ver en peligro, non tes máis que decirlle á chicharra que toque. E, pasado algún tempo, vinéron outros soldados que o prenderon e levárono a un campo para matalo, e os veciños foron coíles moi contentos. Chegaron todos ao campo, e o home, cando xa o ían matar, púxoselle á chicharra: -Chicharra, toca. E o mesmo foi empezar a tocar que empezar a beilar os soldados e os veciños e estiveron beilando tres días sen parar. E os soldados foron xunto ao rei a decirlle que non se podía coaquil home e os veciños colleron tanto medo, que non o volveron denunciar. E o home viviu tranquilo e rico, aproveitándose dos seus benciños de Dios.

LÓPEZ CUEVILLAS, F. FERNÁNDEZ HERMIDA, V.; E LORENZO FERNÁNDEZ, X., 1936: PARROQUIA DE VELLE, SEMINARIO DE ESTUDOS GALEGOS, SANTIAGO DE COMPOSTELA.

VOLTAIRE (CAMAREIRO-MOR)

“O rei da Prússia, a quem frequentemente disse que nunca abandonaria a senhora de Châtelet por el, quixo apanhar-me a todo o custo quando se viu libre do seu rival. Non habia forma de resistir a um rei vitorioso, poeta, músico e filósofo, e que finxia gostar de mim! Por fim, rumei a Potsdam em 1750.” Na verdade, Voltaire dedica grande parte das “Memórias” a descrever a sua relaçón com Frederico, “o Grande”, com quem, como veremos mais tarde, publica, em 1740, “O Anti-Maquiavel”. Embora a correspondência entre ambos se tenha iniciado em 1736, Voltaire só aceita o convite de viaxar para Berlim após o falecimento de Émilie. Entretanto, Frederico II constrói em Potsdam o seu “Palácio de Sanssouci, que em francês significa “sem preocupaçóns”, para fuxir dos aborrecimentos da corte que o rodeavam em Berlim. Devemos referir que vale a pena visitar o palácio e os seus xardins, onde se pode ver o túmulo simples do monarca, sepultado xunto dos seus cáns, como foi seu desexo. De início, parece ter-se mudado para o que el próprio denomina de “paraíso dos filósofos”. Voltaire é nomeado camareiro-mor e cavaleiro da ordem de mérito com unha pensón de seis mil táleres ou vinte mil libras, sem que nada disso implique qualquer funçón em concreto, a non ser animar os seráns e corrixir as “Obras do Filósofo de Sanssouci” (Oeuvres du Philosophe de Sans-Souci), como Frederico II gostaba de assinar os seus escritos. Embora inicialmente se tenham verificado todo tipo de fricçóns e desencontros, Voltaire parece querer convencer-se de que as cousas estám a correr bem e, em 1751, escrebe à marquesa Du Deffand: “A vida aqui é muito aprazíbel, muito libre, e a sua igualdade contribui para a saúde. Imaxinem quám agradábel é ser libre no palácio de um rei, ser libre para pensar, escreber, dizer o que se quer”. Talvez estivesse a ser irónico, porque a verdade era que Voltaire se sentia cada vez mais incomodado, vendo, por exemplo, que toda a sua correspondência era aberta por desconfiança. Além disso, o médico e filósofo francês La Mettrie confia-lhe o que o rei lhe disse, referindo-se a Voltaire: “Precisarei dele no máximo durante mais um ano; espreme-se a laranxa e deita-se a a casca fora”. A relaçón entre Frederico II e Voltaire deteriorou-se, em grande parte, devido aos confrontos deste com Maupertuis, presidente da Academia de Berlim. Maupertuis lançou discretamente o boato de que Voltaire achava as obras do rei muito más, algo que, por outro lado, era verdade. Em 1752, Voltaire confidencia à sua sobrinha, convertida em sua companheira sentimental após o falecimento da marquesa de Châtelet, que Maupertuis o “acusa de conspirar contra unha potência perigosa, que é o amor-próprio; faz correr a meia voz que, quando o rei me envia uns versos seus para corrixir, eu respondo: “Quando é que ele se cansará de me enviar a roupa suxa para lavar?”, non deixando de ser verosímil que apesar de tudo, Voltaire se tivesse expressado nesses termos. A sua estada no “paraíso dos filósofos” non podia ter um desfecho pior. Quando Voltaire ridiculariza Maupertuis com um escrito satírico intitulado “História do Doutor Akakia” ( Histoire du docteur Akakia), pedem-lhe que devolva a sua chave de camareiro-mor, e a sua cruz da ordem de mérito, bem como as cartas e os escritos do rei, que tem em seu poder. Voltaire sofre a pior humilhaçón da sua vida. Mandam-no parar em plena viaxem e revistam a sua bagaxem, mas non encontram o manuscrito do rei, que está a caminho com o resto da biblioteca do filósofo. Enquanto se enviam mensaxeiros para alcançarem a escolta que leva a maior parte dos seus libros, Voltaire é retido e aloxado num desconfortábel albergue, deixando-o num quarto vixiado por um destacamento de doze soldados. Esta situaçón dura cinco semanas, ao longo das quais Voltaire protesta, finxe-se doente e até moribundo e, inclusivamente, tenta fuxir, conseguindo que toda a Europa conheça esse incidente.

ROBERTO R. ARAMAYO

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (120)

Hoxe, quince de Xulho de 1917, pelo tempo destas datas, as seguintes máximas forom o princípio das íntimas relaçóns com Maria R. da Costa. Agora, que a natureza quebrou esta rama da amizade (mas, amizade pura e casta). A continuaçón apresento unha carta de Don Quixote de la Mancha, que parece unha reminiscência do que me aconteceu a mim, e que o leitor discréto poderá xulgar, das diferêntes páxinas desta obra: “A tua falsa promesa e a minha certa desventura, me levarom para estes asuntos. As minhas queixas, chegarom aos teus ouvidos, com notícias da minha possíbel futura morte. Deshecháste-me! Oh ingrata! Por quem tem mais, non por quem vale mais que eu; mas, se a virtude fora riqueza que se estimára, non invexaría eu fortunas alheias, nem choraría desditas próprias. O que a tua fermosura levantou, foi derrubado polas tuas obras. Por elas entendím cada fracasso; e por elas reconheço que és mulher. Queda-te em paz, causadora da minha guerra! E, queira o Céu, que os enganos do teu esposo, estexam sempre encubertos, para que non quedes arrependida do que fixéches, e que eu non tome vinganza. É o que mais desexo.”

POEMAS

Como a flor no monte,

estou solinho no mundo.

Desde que morreu no teu peito,

aquel carinho profundo.

.

Ao pensar que as penas,

ninguém comparte conmigo.

Tán angustiádo me vexo,

que xá me pésa ter nascído.

.

Carta, vai onde te mando,

non digas quem te escribíu.

Unha florinha fermosa,

que do meu peito saíu.

MÁXIMAS

Vale mais quem quer, que quem pode.

Acordate, que o querer é poder.

O poder está unido à “Vontade”; mas, a “Vontade”, non está unida ao poder.

Pode um poder, e non querer.

Resulta, como se nón pudéra.

Para el, só há unha satisfaçón de orgulho e egoismo.

MANUEL CALVIÑO SOUTO

HEIDEGGER (O SER E O TEMPO)

“Ser e Tempo” esconde duas obras a proxectada e a realmente escrita, que ficou incompleta. A primeira encontra-se formulada de modo integral na “introduçón” à obra, texto que tem em si mesmo autonomia própria, pois antecipa o alcance completo da investigaçón. A segunda, o texto escrito, publicado sob o conhecido título, sofreu um equívoco decisivo: identificar-se de forma exclusiva com o proxecto xeral da própria ontoloxia fundamental, como se fosse o seu único conteúdo. A própria interrupçón da obra ao chegar a certo ponto tem que ver com esta disparidade. Inicialmente proxectada em duas partes – 1ª A analítica ontolóxica do “ser-aí” e 2ª A destruiçón da história da ontoloxía -, cada unha dividida em três secçóns, o trecho escrito da obra só chegou até ao final da segunda secçón da primeira parte. Ficou assim por redixir essa terceira secçón e a segunda parte completa (vexa-se o plano do tratado, na páxina 51). O escrito coincide essencialmente com aquilo a que a recepçón chamou “analítica existencial”. Se se insiste neste ponto é porque é crucial para a comprehensón prévia da obra. O leitor terá de ser advertido sobre onde se vai meter: num texto inacabado, cuxo proxecto, no entanto, foi plenamente descrito. Assim, se o escrito for lido à luz do proxecto, como se faz no nosso libro, o resultado será diferente de ser lido como se o trecho escrito (“analítica existêncial”) coincidisse com a obra completa (“ontoloxía fundamental”). A queston é tán decisiva que ainda precisa de um esclarecimento posterior: as duas partes, a “analítica” e a “destruiçón”, non som duas partes sucessivas e complementares do desenvolvimento da obra, mas sim duas “tarefas” estructurais desta. De facto, só por motivos de exposiçón tem de vir unha antes da outra, porque do ponto de vista do proxecto isso seria irrelevante: a destruiçón poderia preceder a análise. Na verdade, se se ler bem, é precisamente isso que está a acontecer, mesmo que non o sexa expressamente a questón da destruiçón também se executa na parte escrita: a própria análise do “ser-aí” concluirá com a sua própria desmontaxem como ente, revelando que, na verdade, non era assim e que, consequentemente, non pode representar a figura do suxeito do conhecimento ou qualquer outra que se pretendesse validar como princípio filosófico. Assim, a tarefa analítica escrita é xá o início da destruiçón da ontoloxía. A análise existêncial do “ser-aí”, tema da primeira secçón da primeira parte, será apenas um ponto de partida da investigaçón e non o conteúdo positivo de unha suposta nova ontoloxia.

ARTURO LEYTE

O FRACASO DA ACADEMIA DE “LIGUE”

Em vista dos maus resultados que se obtinham desde o princípio, suxerím um Método que poderia chamar-se “obxectivismo afectivo” e que podía emparentar-se, muito de lonxe, com o Método de Stanislawsky. Em definitiva, o “ligue” e a seducçón tenhem bastânte de teatro, de actuaçón. ¿Ou non? Ao Roberto pareceu-llhe chinês. E quando lho expliquei, foi ainda pior. O do Método estaba muito claro, ainda que non se percebía nada. Tratába-se de activar a memória emocional e isso podía voltar “majara” à xente, sobre tudo pola afinidade de sentimentos parecidos em circunstâncias dispares. Ou sexa, para fazer verossímil o actuado habia que penetrar a realidade presente basando-se em sensaçóns vividas anteriormente. Na teoría pode que o Método fora enrrevessado, mas na práctica resultaba bastânte asequíbel. O melhor foi que, como primeira providência, introducíu-se a obrigaçón de contar com mulheres para as classes. Isto facilitaba certa naturalidade nas relaçóns e nos exercícios. A capacidade para transmitir ao corpo enteiro a enerxía concentrada num só ponto, base do referido Método, ficava muito reforzada. Por exemplo, mirábas a unha turista e a unha parte de teu corpo, ou sexa, o cérebro quería traxiná-la; pois essa enerxía habia que transmití-la a todo o organismo para non dar o “gatilhazo”. Isto da transmissón, ou sexa, a organicidade, tinha-o aprehendido eu na Escola de Actores que habíam aberto em Barcelona Fernando Espona e Julio Coll; por aquel tempo, este Método era unha doutrina muito novidosa e revolucionária. A mim chamába-me muito a farândula; mas logo advertí, ou me advertírom Coll e Espona, que carecía de virtudes para a comédia e também para o drama. Ou sexa, que, ó pior, tinha razón don Nicomedes, o director de teatro da Laboral, e non era tan bom actor como as raparigas e eu mesmo pensaba. Um dia na Escola de Coll facíamos um exercício sobre unha despedida de solteiro e, conforme nos “achispábamos”, puxem-me a inventar recordaçóns que non vinham a conto e que ademais non eram verdadeiras. Facía-o com a intençón de mostrar o meu desconsolo ao noivo, mas aquilo non era memória emocional nem nada que se parecê-se. E expulsarom-me do grupo, pois da minha desafortunada actuaçón deducíu-se que, nem sequer estaba convidado à “boda”. Desconhezo se os actores espanhois, instintivos por natureza, que se metíam nestes berenxenais do Método, percebíam mais do que eu, e lhe sacarom proveito.

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO