
“Ser e Tempo” esconde duas obras a proxectada e a realmente escrita, que ficou incompleta. A primeira encontra-se formulada de modo integral na “introduçón” à obra, texto que tem em si mesmo autonomia própria, pois antecipa o alcance completo da investigaçón. A segunda, o texto escrito, publicado sob o conhecido título, sofreu um equívoco decisivo: identificar-se de forma exclusiva com o proxecto xeral da própria ontoloxia fundamental, como se fosse o seu único conteúdo. A própria interrupçón da obra ao chegar a certo ponto tem que ver com esta disparidade. Inicialmente proxectada em duas partes – 1ª A analítica ontolóxica do “ser-aí” e 2ª A destruiçón da história da ontoloxía -, cada unha dividida em três secçóns, o trecho escrito da obra só chegou até ao final da segunda secçón da primeira parte. Ficou assim por redixir essa terceira secçón e a segunda parte completa (vexa-se o plano do tratado, na páxina 51). O escrito coincide essencialmente com aquilo a que a recepçón chamou “analítica existencial”. Se se insiste neste ponto é porque é crucial para a comprehensón prévia da obra. O leitor terá de ser advertido sobre onde se vai meter: num texto inacabado, cuxo proxecto, no entanto, foi plenamente descrito. Assim, se o escrito for lido à luz do proxecto, como se faz no nosso libro, o resultado será diferente de ser lido como se o trecho escrito (“analítica existêncial”) coincidisse com a obra completa (“ontoloxía fundamental”). A queston é tán decisiva que ainda precisa de um esclarecimento posterior: as duas partes, a “analítica” e a “destruiçón”, non som duas partes sucessivas e complementares do desenvolvimento da obra, mas sim duas “tarefas” estructurais desta. De facto, só por motivos de exposiçón tem de vir unha antes da outra, porque do ponto de vista do proxecto isso seria irrelevante: a destruiçón poderia preceder a análise. Na verdade, se se ler bem, é precisamente isso que está a acontecer, mesmo que non o sexa expressamente a questón da destruiçón também se executa na parte escrita: a própria análise do “ser-aí” concluirá com a sua própria desmontaxem como ente, revelando que, na verdade, non era assim e que, consequentemente, non pode representar a figura do suxeito do conhecimento ou qualquer outra que se pretendesse validar como princípio filosófico. Assim, a tarefa analítica escrita é xá o início da destruiçón da ontoloxía. A análise existêncial do “ser-aí”, tema da primeira secçón da primeira parte, será apenas um ponto de partida da investigaçón e non o conteúdo positivo de unha suposta nova ontoloxia.
ARTURO LEYTE