A MORTE DE SÓCRATES

Non podemos acabar (metaforicamente) com Sócrates sem dedicar unhas linhas a explicar como os atenienses acabaram (materialmente) com ele. Sócrates morreu no ano 399 a. C., após ser condenado à morte num processo em que era acusado de “non só de non reconhecer os deuses que a cidade reconhece, mas ainda de introduzir outras novas divindades; e também é culpado de corromper os xovens. A pena é a morte”. A acusaçón esteve a cargo de Meleto, um poeta tráxico, de Ânito, um político da recentemente restaurada democracia, e de Lícon, um obscuro orador. Subsistem poucas dúvidas de que as acusaçóns eram um simples pretexto que escondia outras motivaçóns, sendo a principal delas a de se livrarem de unha personaxem cuxa sabedoria, espírito crítico e, sobretudo, dignidade moral o convertiam em testemunha incómoda para os poderosos. Unha vida inteira dedicada a dialogar e a aplicar a maiêutica com o intuito de desmascarar o erro e evidenciar a vacuidade da sabedoria, bem como a arrogância dos poderosos, tinha acabado por lhe granxear non poucos e perigosos inimigos. Como el próprio se definiu no seu discurso de defesa durante o processo, tinha axido como um moscardo cuxo aguilhón eram as perguntas inconvenientes e o seu afán de verdade à cidade adormecida ou, diríamos nós de forma mais informal, como unha melga da qual era melhor livrar-se. Após a enunciaçón das acusaçóns, o acusado tinha direito à defesa antes de o xúri, constituído por 500 cidadáns escolhidos ao acaso, emitir um primeiro veredicto. Em caso de condenaçón, o acusado podía reconhecer a culpabilidade e propor unha pena diferente da solicitada pola acusaçón; nesse caso, levava-se a cabo unha segunda votaçón, dessa feita para decidir entre a pena proposta polo acusado e a proposta polos acusadores. Na primeira votaçón, Sócrates foi condenado por unha estreita marxem de votos, polo que os discípulos tentaram convencê-lo a reconhecer a culpabilidade e a propor como pena o desterro, que o xúri certamente aceitaria. No entanto, e alardeando o desprezo pola morte e pola inxustiça que manifestara noutras ocasións ao longo da vida. Sócrates non só negou o recurso a unha saída desonrosa, como, num acto de provocaçón, chegou a propor como pena que a cidade o sustentasse com todas as mordomias no Pritaneu (edifício público, sede do poder executivo). Escusado será dizer que o resultado da segunda votaçón voltou a ser negativo, mas desta vez por unha diferênça sensivelmente maior. A execuçón foi adiada um mês, pois non podia efectuar-se até regressar a Atenas o “navio sagrado” de Delos, unha procissón marítima com que se comemorava a mítica libertaçón da cidade por Teseu e o fim do tributo de sete rapazes e sete donzelas imposto por Minos. Durante esse tempo, os discípulos (unha boa parte deles xovens de famílias abastadas) propuseram-lhe organizar unha fuga, possibilidade que o filósofo voltou a rexeitar. Assim, entre o desespero e o pranto dos seus seguidores, inxeriu a cicuta em execuçón da sentença e esperou a chegada da morte enquanto conversava. Sócrates non sai de cena sem antes nos deixar unha maravilhosa reflexón: “Pois, se me matardes, sendo eu como sou, fareis mais mal a vós próprios do que a mim. Nem Meleto nem Ânito podem fazer-me algum mal: non acredito que a lei divina consista que um homem melhor possa ser maltratado por outro pior. Poderiam talvez matar-me, banir-me ou privar-me de direitos, pensando como outros que som estas cousas grandes males. Mas eu non penso assim. O que penso é que quem o fizer está a fazer a si próprio muito pior, por tentar matar inxustamente um home inocente”.

E. A. DAL MASCHIO

Deixar un comentario