
Bertrand Russel é unha das figuras que definem a era dos grandes intelectuais que tentaram explicar e ocasionalmente mudar o mundo do século XX. O libro sobre os escritos russellianos que Kenneth Blackwel e Harry Ruja publicaram em 1990 inclui mais de duas mil entradas, entre libros e artigos, a que o seu biógrafo Ray Monk acrescenta unhas quarenta mil cartas, artigos, conferências e intervençóns radiofónicas que non foram publicadas durante a vida do autor. Recebeu o Prémio Nobel da Literatura pola sua contribuiçón para o pensamento, mas também pola escrita ensaística. Num tempo em que tantos ensaístas se encostam a um xargón complicado, sentimos por vezes a falta do esforço de Russel por deixar transparecer as ideias sem as forçar. Foi preso duas vezes, o que Jorge VI teve de mencionar ao condecorá-lo com a Ordem de Mérito, a mais alta do Reino Unido; por se opor à Guerra Mundial e, muito mais tarde, por se manifestar contra a enerxia nuclear. É inclassificábel no espectro da direita/esquerda. O seu primeiro libro publicado, como xá assinalámos, foi sobre a social-democracia alemán, nunha altura em que era dirixida polo maior partido marxista do mundo, muito antes da ruptura entre sociais-democratas e comunistas. Celebrou a Revoluçón Russa, mas depressa se tornou um dos seus grandes críticos. A pesar de os seus textos liberais e anticomunistas lhe terem granxeado o favor do lado occidental da Guerra Fria e de o seu sionismo poder associá-lo a unha certa forma contemporânea do pensamento conservador, o seu activismo antinuclear, anti-imperialista e contra a intervençón norte-americana no Vietname situam-no no lado radical do século XX. Os seus inúmeros textos e a sua actitude antipuritana deixam antever a revoluçón da vida quotidiana que o século passado impulsionou, em especial a transformaçón dos costumes da década de sesenta. Educaçón liberal, feminismo da igualdade e vida sexual libre foram constantes nas suas reivindicaçóns. O seu compromisso activo nos campos da política e da vida quotidiana afastaram-no da vida académica tranquila e isolada. Foi um “freelancer” do pensamento e da acçón e embarcou na vida nada segura do conferencista aflicto com as contas por pagar. A sua vida foi frugal e anunciou também as críticas ao consumismo que se estenderiam até depois da sua morte.
FERNANDO BRONCANO