NIETZSCHE (DA VISÓN E DO ENIGMA)

Mas porque esta suposiçón de que “tudo volta” é tán importante para Nietzsche? Há que advertir, para começar, que o “eterno retorno” non é propriamente unha “teoria”, um conxunto coherente e acabado de proposiçóns. Já dissemos que “Assim Falava Zaratustra” é um libro que se propón transmitir um conhecimento abstracto através de imaxens e non de conceitos. Non é de estranhar, pois que o capítulo em que Zaratustra expón o “eterno retorno” se intitule “Da visón e do enigma”. Ali nos alerta que, para poder receber esse ensinamento, há que se esquecer de “seguir, com mán e às apalpadelas, um fio”; há que ter a vontade de “adivinhar” e non tanto de “deduzir”. Feitas as advertências, Zaratustra explica o “eterno retorno” através da imaxem de unha encruzilhada na qual confluem dous caminhos. De um lado encontramos um caminho que vai para trás e que “dura unha eternidade”, isto é, é infinitamente longo; esse caminho representa o passado. Do outro lado temos um caminho que vai para a frente, igualmente infinito, e que representa o futuro. E o cruzamento de ambos os caminhos é o instante presente. A argumentaçón é a seguinte. Se o caminho que vai para trás é por princípio infinito, todas as cousas têm de ter percorrido esse caminho. Isto é, se o passado abarca tudo, non pode ocorrer nada de novo, pois tudo o que pode ocorrer está xá contido nele. E o mesmo sucede com o caminho que vai para a frente: se o futuro non tem fim, tudo o que poida ocorrer está contido nele, está ainda por ocorrer. Em conclusón, tudo o que está no tempo, todos os seres e acontecimentos (incluindo “esta aranha e este luar entre as árbores e também este instante e eu mesmo”), están duplamente contidos no passado e no futuro. Nisso consiste exactamente o “eterno retorno” do idêntico: tudo o que xá ocorreu e tudo tem que voltar a ocorrer.

TONI LLÁCER

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