
Segundo Habermas, Kant mostra, ao estilo liberal, unha grande confiança no desdobramento do indivíduo entre o burguês egoísta, reduzido à esfera privada, e o cidadán respeitador da legalidade que se realiza como ser libre na esfera pública. Habermas critica a cegueira de Kant em relaçón às duplicidades da sociedade burguesa. No entanto, os contornos da proposta moral-política habermasiana posterior están xá delineados neste prematuro texto. Com a posterior articulaçón da intersubjectividade como racionalidade comunicativa poderá oferecer, sobre o motivo inspirador da esfera burguesa, o modelo da democracia e de direito deliberativos. O diagnóstico de Habermas é que o núcleo deliberativo da democracia foi arruinado num processo histórico complexo. Mostra-se-nos, desde os seus inícios, como um democrata radical que partilha esta opinión de Hannah Arendt: O próprio governo representativo encontra-se actualmente em crise, em parte porque perdeu, no decurso do tempo, todas as instituiçóns que permitiam a participaçón efectiva dos cidadáns e, em parte, pelo facto de se ver afectado pola doença de que sofre o sistema de partidos: a burocratizaçón e a tendência dos partidos para representarem unicamente a sua própria máquina. (Arendt, “Crises da República”)
MARÍA JOSÉ GUERRA PALMERO