Arquivos diarios: 12/01/2022

HABERMAS (O GOVERNO REPRESENTATIVO EM CRISE)

Segundo Habermas, Kant mostra, ao estilo liberal, unha grande confiança no desdobramento do indivíduo entre o burguês egoísta, reduzido à esfera privada, e o cidadán respeitador da legalidade que se realiza como ser libre na esfera pública. Habermas critica a cegueira de Kant em relaçón às duplicidades da sociedade burguesa. No entanto, os contornos da proposta moral-política habermasiana posterior están xá delineados neste prematuro texto. Com a posterior articulaçón da intersubjectividade como racionalidade comunicativa poderá oferecer, sobre o motivo inspirador da esfera burguesa, o modelo da democracia e de direito deliberativos. O diagnóstico de Habermas é que o núcleo deliberativo da democracia foi arruinado num processo histórico complexo. Mostra-se-nos, desde os seus inícios, como um democrata radical que partilha esta opinión de Hannah Arendt: O próprio governo representativo encontra-se actualmente em crise, em parte porque perdeu, no decurso do tempo, todas as instituiçóns que permitiam a participaçón efectiva dos cidadáns e, em parte, pelo facto de se ver afectado pola doença de que sofre o sistema de partidos: a burocratizaçón e a tendência dos partidos para representarem unicamente a sua própria máquina. (Arendt, “Crises da República”)

MARÍA JOSÉ GUERRA PALMERO

LITERATURA CLÁSSICA LATINA (TERENCIO)

EA TEMPESTATE FLOS POETARUM FUIT

Terencio tivo unha carreira teatral difícil, non só a causa de Luscio Lanuvio senón também pola sua dificuldade de reconciliar os gostos de unha ninoria refinada e unha maioria conservadora. As suas reformas da têcnica teatral están todas dentro da tradiçón da “palliata”, mas em xeral eram centrípetas e negativas. Em particular, evitou os têrmos polos que os velhos escritores tinham estabelecido as suas relaçóns com o público sem ser capaz de enfocar a sua “Atenas” satisfactóriamente. Concentrou-se num aspecto de experiência mais estreito que Menandro ou os seus próprios antecesores, mas, por outra parte, fixo-o bem. Por exemplo, o seu interesse na relaçón entre páis e filhos e na educaçón, e a sua representaçón realista, consistente e solidária da personaxe, especialmente femenina, que eram novas para o público romano. Perxudicou involuntariamente a “palliata” como forma dramática, xá que a localizaçón lóxica de personaxes realistas, como os que apresentaba, non eram da sua “Atenas” carente da cor, senón da Italia real. Com el abre-se a permanente escisón entre gostos literários “elevados” e “mais baixos”. Ao grande público non lhe gostaba muito Terencio e tampouco a el lhe gostaba este. O espírito dos comediógrafos mais antigos perviveu no mimo e na farsa, mentras que o interesse de Terencio nas personaxes foi mantído por Afranio nas suas “togatae”. “Ea tempestate flos poetarum fuit” (naquela época viveu a flor dos poetas), afirma o repositor da “Casina” de Plauto, fazendo referência ao período “pre-terenciano”. Bem podia ter incluído a Terencio e a Luscio na sua condena dos modernos. Non obstânte, o único e mais importânte êxito de Terencio foi convertir-se em o “Menander Latinus” na biblioteca e na aula mais que na escena, e como tal foi muito importânte para determinar o gosto e a linguáxe deste período clássico.

E. J. KENNEY E W. V. CLAUSEN (EDS.)