AURELIUS AGUSTINUS (A SEGUNDA CONVERSÓN)

Santo Agostinho chega a Milán num estado de profunda ansiedade e mal-estar, mergulhado num mar de dúvidas: o castelo de verdades e certezas, onde se tinha refuxiado nos últimos anos da sua vida, desmoronava-se irremediavelmente e non conseguia vislumbrar unha alternativa que as pudesse substituir. No entanto, para sua fortuna, os acasos do destino e a sua predisposiçón para “encontrar” certezas xogaram a seu favor. Assim como a leitura de Hortênsio tinha preparado o terreno para que fructificasse o seu encontro com os maniqueístas, da mesma forma os primeiros meses em Milán proporcionaram unha série de encontros e vicissitudes que o conduziram à sua nova fé: o catolicismo. O trabalho de preparaçón do caminho, que anos antes tinha sido feito pola obra de Cícero, era agora feito por “alguns libros de filósofos platónicos, traduzidos do grego para o latim”, que lhe tinham sido facultados por um home “cheio de soberba”. Custa a acreditar que neles estivessem os autênticos diálogos de Platón, unha vez que Santo Agostinho afirma em seguida que neles encontrou escrito “se non com as mesmas palabras, polo menos com o mesmo espírito e apoiado por numerosos raciocínios, que “no princípio era o Verbo, e o Verbo estaba em Deus, e o Verbo era Deus”; algo difícil de xustificar a partir da leitura dos diálogos do filósofo ateniense, por muito libre e forçada que sexa a interpretaçón que se queira fazer deles. É mais do que provábel que se tratasse das obras de Plotino e de outros neoplatónicos traduzidas para o latim por Caio Mário Vitorino, um professor africano de retórica repentinamente convertido ao cristianismo poucos anos antes. Sexa como for, a questón é que as leituras platónicas tiveram um duplo efeito sobre o estado de espírito de Santo Agostinho, um negativo e outro positivo. Por um lado, encontrou nelas unha via de escape para definitivamente abandonar um maniqueísmo que lhe parecia cada vez mais absurdo, sem que para isso tivesse de renunciar ao consolo que este lhe proporcionaba; isto é, a resposta à pergunta com que Santo Agostinho viveu obcecado durante toda a vida: como se explica a existência do mal no mundo?

E. A. DAL MASCHIO

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