
O RUÍDO GAMOW
Num único pulsar ofuscante, num momento de glória demasiado rápido e expansivo para se exprimir por palabras, a “singularidade” assume dimensóns celestiais, um espaço para além de qualquer conceito. No primeiro segundo da história (um segundo a que muitos cosmólogos dedicam a sua carreira, reduzindo-o a camadas cada vez mais finas), produz-se a gravidade e as outras forças que governam a física. Em menos de um minuto, o universo passa a ocupar mil bilións de quilómetros em todas as direcçóns, e continua a crescer. Fai imenso calor neste momento, dez mil milhóns de graus, o suficiente para iniciar as reacçóns nucleares que criam os elementos mais leves -principalmente o hidroxénio e o hélio, com unha pitada (perto de um átomo em cem milhóns) de lítio. Em três minutos, produz-se noventa e oito por cento de toda a matéria que existe ou algunha vez existirá. Temos um universo. Um lugar de unha potencialidade espantosa e compensadora e de grande beleza. E tudo foi feito no mesmo tempo que levamos a fazer unha sanduíche. O momento em que isto aconteceu é que xá é assunto para um longo debate. Os cosmólogos há muito que discutem se terá sido há dez mil milhóns de anos, ou o dobro, ou algures entre esses dous números. O consenso parece estar mais perto de um número como 13,7 mil milhóns de anos, mas evidentemente tudo isso é incrivelmente difícil de medir, como teremos a oportunidade de ver mais adiante. Tudo o que se pode realmente dizer é que, a dado ponto indeterminado, num passado muito distante e por razóns desconhecidas, surxiu unha ciência em que “t = 0”. Estávamos a caminho. É claro que continua a haber muito que non sabemos, e muito do que achamos saber, na verdade non sabemos. Mesmo a noçón do “Big Bang” é muito recente. Apesar de a ideia ter começado a manifestar-se nos anos 1920, foi Georges Lemaître, um padre e cientísta belga, o primeiro a propô-la nunha base experimental. Mas só por volta dos anos 1960 é que essa noçón se tornou mais importânte em cosmoloxía, quando Arno Penzias e Robert Wilson, ambos astrónomos, fixérom unha descoberta totalmente inesperada. Em 1965, quando estavam a tentar utilizar unha antena de comunicaçón xigante pertencente aos Bell Laboratories, em Holmdel, Nova Jérsia, forom confrontados com um barulho de fundo persistente -um silvo constante e agudo- que tornava impossíbel qualquer experiência. Era um ruído persistente e de orixem difícil de detectar. Vinha de todas as direcçóns do céu, noite e dia, em todas as estaçóns do ano. Durante um ano, os dous xovens astrónomos fizeram tudo para identificar e eliminar aquele barulho. Testarom o sistema eléctrico todo, reconstruíram instrumentos, verificarom circuitos, ligarom fios, limparom tomadas. Subirom ao prato e colocarom fita isoladora em cada xunta e rebite. Voltarom a subir ao prato com vassouras e escobas para limpar aquilo a que mais tarde se referirom num documento como “material dieléctrico branco”, ou sexa, aquilo a que vulgarmente chamamos caca de passarinho. Tudo sem resultado. Mal sabiam eles que na Universidade de Princeton, a apenas cinquenta quilómetros de distância, unha equipa de cientístas chefiada por Robert Dicke tentava encontrar xustamente aquilo de que eles tán afanosamente se tentavam desembaraçar. Os investigadores de Princeton estavam a desenvolver a ideia do astrofísico de orixem russa George Gamow, suxerida em 1940, segundo a qual, se perscrutássemos profundamente o espaço, encontraríamos unha radiaçón cósmica de fundo, um resquício deixado polo “Big Bang”. Gamow calculou que, quando esta acabasse de atravessar a vastidón do cosmos, chegaría à Terra sob a forma de microondas. Num estudo posterior, chegou mesmo a suxerir um instrumento que podería eventualmente comprovar isso: a antena Bell, em Holmdel. Infelizmente, nem Penzias, nem Wilson, nem qualquer dos membros da equipa de Princeton tinham lido o artigo de Gamow.
BILL BRYSON