Arquivos diarios: 02/01/2022

ILUMINISMO (CRISTIANISMO SEM MISTÉRIOS)

Mas antes era preciso derrubar alguns muros e para tal contribuíram os iluministas ingleses, pensadores non tán secundários como podem dar a entender os manuais de história da filosofía. Entre outros, John Toland (1670-1722) foi unha referência do deísmo inglês com a sua obra “Christianity not Mysterious” (Cristianismo sem Mistérios). Nela segue os passos de Locke no empenho de conciliar razón e fé; chega inclusive a afirmar que no Evanxelho non há nada de contrário à razón. Também convém destacar Samuel Clarke (1675-1729), que, inspirando-se em Newton, publicou em 1705 “Demonstraçón do Ser e os Atributos de Deus”, na qual advoga a liberdade de Deus para se mover e determinar, bem como a liberdade do homem; o ser humano é libre e os ensinamentos morais do cristianismo som completamente racionais. Com a publicaçón em 1730 da obra o “Cristianismo, tán Velho como a Criaçón”, Matthew Tindal (1656-1733) incide no processo racionalizador do facto relixioso: a revelaçón non é importânte porque Deus se revela à razón do home a partir da natureza humana criada por ele; basta obedecer à lei natural e racional. Outro defensor do deísmo, o notável discípulo de Locke, Anthony Collins (1676-1729), deu um passo de xigante na defesa da emancipaçón da razón com relaçón aos dogmas da Igrexa, que Berkeley tentará refutar. No seu “Discurso sobre o Pensamento Libre”, publicado em 1713 (no mesmo ano em que Berkeley publica “Três Diálogos entre Hilas e Filonous”), Collins sustenta que se Deus nos esixe conhecer algunhas verdades, e se o conhecimento dessas verdades é útil para a sociedade, temos o direito de pensar com liberdade. Pensar por nós próprios é unha forma de nos defendermos das artimanhas do maligno e de aperfeiçoarmos as distintas ciências, o que nos axuda a conseguir a nossa própria perfeiçón. Na opinión de Collins, há unha série de ideias absurdas e contrárias à razón que permanecem incrustadas na Igrexa cristán, como o poder dos sacerdotes para salvar e condenar ou a absurda adoraçón das imaxens. E houve muitos mais pensadores influêntes neste processo emancipador, como o bispo Joseph Butler (1692-1752), para quem as leis da natureza e as leis divinas non som diferêntes, o que estabelece um elo evidente entre o home e Deus, entre o natural e o divino. Berkeley também fai parte do Iluminismo. É estranho que um bispo, teólogo e empirista favorábel à relixión adquira o estatuto de iluminista, mas a verdade é que participou na confiança na razón e no progresso da ciência, e defendeu o saber e a cultura. Mas sempre nunha perspectiva vincadamente teísta.

LUIS ALFONSO IGLESIAS HUELGA