Arquivos diarios: 06/12/2021

DIDEROT (A SEXUALIDADE E AS QUESTÓNS MORAIS)

Diderot aproveita os relatos de viaxens para defender que non faz sentido misturar a sexualidade com as questóns morais, como podemos ler neste fragmento: “Ora, como quereis que as leis sexam observadas quando elas se contradizem? Percorrei a história dos séculos e das naçóns, tanto antigas como modernas, e encontrareis os homes suxeitos a três códigos, o código da natureza, o códigp civil e o código relixioso, e coaxidos a infrinxir alternadamente os três códigos que nunca estiverom de acordo. (…) As instituiçóns relixiosas ligaram os nomes de vícios e virtudes a acçóns que non eram susceptíveis de qualquer moralidade. (…) O império da natureza non pode ser destruído: em ván procurar-se-á contrariá-lo por meio de obstáculos, ele haberá de perdurar. Escrevei quanto vos aprouver sobre tábuas de bronze, para me servir das expressóns do sábio Marco Aurélio, que a fricçón voluptuosa de dous intestinos constitui crime, o coraçón do home ficará comprimido entre a ameaça da vossa inscripçón e a violência dos seus pendores. Mas esse coraçón indócil non cessará de reclamar; e cem vezes, no curso da vida, os vossos preceitos aterradores desapareceram aos nossos olhos.”

(Denis Diderot, Suplemento à viaxem de Bougainville, ou Diálogo entre A e B sobre o Inconveniente de Ligar Ideias Morais a Certas Acçóns Físicas que as non Comportam.)

ROBERTO R. ARAMAYO

LITERATURA CASTELÁN (O DEBATE)

LA DISPUTA DE “ELENA Y MARÍA”

Este debate foi dado a conhecer e minuciosamente estudado por Menéndez Pidal em 1914. Conservou-se num minúsculo caderninho, formado por trozos irregulares de papel, de non mais de seis centímetros de lado. Menéndez Pidal pensa que foi escrito alá polo 1280, e o seu autor procedería -segundo se deduce por certas formas lingüísticas- de terras de León, Zamora ou Salamanca. Consta a obra de 402 versos, predominantemente octasílabos, agrupados em pareados, consoantes na sua maioría. A poesía contída neste manuscrípto refere unha disputa habida entre duas irmáns nobres ou fidalgas: María, namorada dum abade, e Elena, amiga dum cabaleiro, sobre qual dos dous amantes sería o melhor. “María estima no seu clérigo a vida tranquila e regalada que leva; come abundantemente, dorme em leito bem mulhido, tem dinheiro, roupas e serviço em abundância, mulas e cabalos; quando avála de manhám para os seus maitines, se há grandes xeádas, vai bem arroupado, envolto na sua capa forrada com peles de cordeiro, e a este teor, a sua amiga non carecería de nada…” María satiriza a continuaçón ao cabaleiro amante de Elena, mas esta “responde muito enoxada que o cabaleiro anda sempre entre nobres xentes, e recebe em palácio boa soldada com que mantém os seus escudeiros, entretêm-se nos mais nobres desportos, nos torneos combatendo polo amor da sua dama, na caza de ribeira com falcóns perseguindo garzas e abutardas. O clérigo resulta desaxeitado, barbirrapado e gordo de pescoço, que parece um sapo. Para derimir a disputa, ambas irmáns se encaminham cara à côrte do rei Oriol, “grande xuíz em casos d’amor”; chegadas à sua presênça, no meio de unha côrte faustuosa animada por todo xénero de regocixos e belezas, Elena começa a defender o seu caso, mas aos poucos versos desgraçadamente interrompe-se o manuscrípto, falto também de começo e com algunhas lacunas na sua metade, e quedamos sem conhecer o desenlace. O tema deste “debate” conhecera diversas versóns em várias literaturas europeas, e tinha sido escolhido igualmente pola literatura latina medieval, às vezes em poemas descaradamente satíricos -como o que descrebe o concílio das monxas benedictinas do mosteiro de San Romarico- ou na forma mesurada e cortês, como a “Altercatio Phyllidis et Florae”, ambos escritos probábelmente por meados do século XII. A “disputa de Filis y Flora” foi imitada por um poeta françês que escrebeu -a finais do século XII ou começos do XIII- “Le Juguement d’Amour”, obra que tivo enorme êxito e foi repetidamente imitada e refundida. Unha das suas imitaçóns, “Hueline et Eglantine”, acentuaba muito mais os rasgos satíricos, à diferença de “Le Juguement”, que acolhe numerosos elementos decorativos e fantásticos, artificiosamente poéticos. A intençón satírica de “hueline” foi continuada e intensificada por dous poemas anglonormandos: “Florence et Blancheflour” e “Melior et Idoine”, que xá descendem a detalhes da realidade vulgar, a vezes inclúso grosseira.

J. L. ALBORG