ESPINOSA (MÉTODO INTUITIVO-PARADOXAL)

A experiência consiste em observar por um instante esta imaxe de unha paisaxem de montanha. Há duas cordilheiras cobertas de neve, unha colina, um vale, aldeias, bosques (pinhais, faias), o céu com diferentes tonalidades. Rexistado o seu conteúdo, podemos passar á sua possíbel interpretaçón. Claro que nón é unha cousa que se faça obrigatoriamente: o mais habitual é recrear o olhar com a paisaxe sem a analisar. Aqui, trata-se de entender os diversos modos possíbeis de observar a imaxe, a qual agora xá podemos descobrir que representa o mundo: a interpretaçón desta simples imaxem corresponde à interpretaçón do mundo. Ao ver a paisaxem, um cientista tentaria aplicar os seus princípios de análise e a sua metodoloxía, e construiría um modelo que talvez pudesse ter efeitos prácticos tecnolóxicos, mas que non atinxiría o fundo da realidade. O saber científico non chega à essência íntima do real porque parte sempre da hipótese de trabalho, de unha segunda realidade construída; non estuda o mundo, mas um modelo do mundo, unha concepçón do mundo. Alguns filósofos tentaram chegar ao núcleo principal da realidade. Os filósofos pré-socráticos, os primeiros da tradiçón ocidental, procuraram o princípio da realidade ou da natureza (que eles chamavam “physis”, daí que sexam denominados físicos). Procurarom o que habia por detrás, ou dentro, daquilo que percebiam polos sentidos, o mais real da realidade, a “última substância”, a ordem subxacente ao dinamismo aparentemente caótico da natureza, dos incessantes processos de mudança, xeraçón e corrupçón. Um pré-socrático teria visto nesta paisaxem algún princípio xerador que non se podia captar através dos sentidos: um teria visto “átomos” (partículas indivisíveis) que se combinam e rexeitam de diversas maneiras, outro, os “quatro elementos” – àgua, terra, ar, fogo – unidos polo amor e desunidos polo ódio, outro, um princípio indeterminado, imortal e indestructíbel, outro, o “ar” em diversos gráus de condensaçón ou rarefaçón, um pitagórico teria vislumbrado relaçóns de proporçón numéricas, Heraclito teria visto o princípio da realidade no próprio processo da mudança, no fluir ou devir, no “logos” ou lei universal que se expressa no mundo sensíbel… O mais importante, no que se refere aos filósofos físicos pré-socráticos, foi que teriam procurado na nossa paisaxem o que denominavam “archê da physis” (princípio da realidade ou da natureza).

JOAN SOLÉ

Deixar un comentario