GADAMER (NOVA TEORIA DA CIÊNCIA)

Mas se admitirmos este último aspecto, como parece necessário, surxe de imediato o problema de se o “Quixote” está a ser mal compreendido por determinado xogo hermenêutico, por determinado leitor. O que devolve o problema da existência da obra de arte a unha posiçón extremamente difícil de situar. Qual dos xogos de interpretaçón é melhor? Existe um óptimo, talvez irrepetíbel, que seria non xá o modelo do “Quixote”, mas sim o próprio Quixote? Seguramente, tal como prescrebe o princípio de introduzir a história dos efeitos do texto na interpretaçón a fim de entendê-lo melhor do que alguém antes deste momento o tenha entendido, non é precisamente Cervantes, nem muito menos, o autor do Quixote em plenitude. Toda esta situaçón pode ser descripta como um movimento em direçón a unha ideia platónica que, afinal, non existe nem pode existir, ou que seria unicamente a “entelequia” de toda unha tradiçón interpretativa, cuxa potência inicial, quase matéria-prima deste desenvolvimento, tê-la-ia depositado – tê-la-ia posto em xogo – no seio da tradiçón a saída das gráficas, em 1605, do primeiro volûme do Quixote. De facto, foi na tradiçón exegética do Talmude onde mais se desenvolveu este tipo de concepçón do xogo (na ausência do termo). Talmude é, na verdade, qualquer palabra humana relevante para o sentido absolucto de todas as cousas; e estas palabras contêm quem as pronuncia, xuntamente com todos os seus incontábeis horizontes de férteis preconceitos. Non se pode realmente editar o Talmude! Naturalmente, este esquema pode ser estendido – mas non sem um certo risco – a qualquer aspecto da existência, até a transformar num xogo esexético do princípio ao fim. Basta dar um passo no qual insistiu muito a chamada “nova teoria da ciência”, sobretudo a partir dos entusiasmos iniciais de Karl Popper e dos seus discípulos polo trabalho de Gadamer. E esse passo é retroceder de Husserl para Kant no modo de compreender como se vive irreflexiva e directamente a experiência, inclusíve a que parece mais passiva de todas.

MIGUEL GARCÍA-BARÓ

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