Arquivos diarios: 14/11/2021

RORTY (DESVÍO CARA À HERMENÊUTICA)

Como xá vimos, nos anos sessenta Rorty xá estaba familiarizado com as correntes principais da filosofia analítica, mas a sua actitude é céptica. Afinal, a insistência na linguaxem non mudaba assim tanto a autoimaxem tradicional da filosofia. Os problemas que as diferentes filosofias tentabam solucionar parecerom-lhe cada vez mais producto da “adopçón inconsciênte de suposiçóns nas quais se formulabam os problemas – suposiçóns estas que era necessário questionar antes de abordar seriamente o mesmo problema”. E dado que, enquanto se remodelaba como filósofo profissional, no seu interior continuava a morar um historicista, non é de admirar que acabasse por ler mais filosofia europeia. Evidentemente, Wittgenstein non era o melhor filósofo para pensar a história, mas a sua forma de conceber o pensamento (unha espécie de álbum onde se ván amontoando ideias diversificadas) exercia a sua atraçón sobre Rorty. Afinal, Wittgenstein também tinha dito que “o trabalho do filósofo é compilar recordaçóns para unha determinada tarefa”. Fosse como fosse, o talento de Wittgenstein para desmontar imaxes cautivadoras, afirmou Rorty em 1979, “debia ser complementado com a consciência histórica” da fonte de muitas dessas imaxes. Durante a sua etapa em Princeton, esse complemento consistiu em ler filósofos europeus como Jacques Derrida (graças a um grupo de leitura organizado polo crítico Jonathan Arac), experiência que o levou a ler mais Heidegger. Afinal, a perspectiva deste filósofo também o axudou a entender a história de algunhas imaxes xeniais que a filosofia arrastaba desde o passado. Mas mesmo quando Rorty começou a sentir mais interesse por Heidegger, Dewey xá se tinha antecipado na sua axenda como modelo de consciência histórica. Dewey axudaba Rorty a transformar a perspectiva de Hegel em algo menos grandioso, mas também lhe servia para ponderar com mentalidade mais utilitária a história que Heidegger contaba sobre os erros da filosofia. Como Dewey dissera em 1909, em “A Influência de Darwin na Filosofia”, os problemas que surxem ao longo da história non se podem solucionar nos termos em que esses mesmos problemas se apresentam. Aquilo a que chamamos progresso às vezes consiste no puro e simples abandono de algunhas perguntas que nos fazemos e das alternativas que colocam. Esse abandono é fruto da sua falta de vitalidade face a mudanças nos interesses mais urxentes. Non resolvemos essas questóns. Passamos por cima delas. Se Dewey estivesse certo, talvez non fizesse sentido falar de mais nada a non ser das continxências, sem o “Espírito de Hegel” e sem o “Ser de Heidegger”. Se Dewey estivesse certo, tudo acabaria por ser menos grandioso, e a história tocaría o seu himno em surdina, mas non deixaría de ser surpreendente e interessante.

RAMÓN DEL CASTILLO