Arquivos diarios: 01/11/2021

LITERATURA HISPÂNA (LA TRADICIÓN)

Muito mais orixinal, e mais americana que a novela indianista, habería de resultar unha variante do relato costumbrista que se conheceu na América Hispâna baixo o nome de “Tradición”. O seu fundador e mais brilhante fazedor foi o peruano Ricardo Palma (1833-1919), de cuxas “Tradiciones peruanas” (primeira série, 1872; última, 1911) haberíam de derivar polo menos quarenta imitadores e discípulos (entre eles, Clorinda Matto de Turner). Impenitente leitor de papeis velhos e habitante enfeitiçado dos arquivos, Palma tinha sonhado com escreber a história da Inquisiçón de Lima. Depois de muitos intentos, acabou por deixar apenas um esboço da obra (que escrebería o chileno José Toribio Medina, com impecábel professionalismo) para dedicar-se a um tipo de narraçón que ainda que tem as suas raízes no documento histórico busca outras fontes para o seu desarrolho. O mesmo Palma definíu a tradiçón como um relato, que com um pouco de história e muito de lenda e ficçón, construíu unha anedocta dos tempos passados. Nas suas tradiçóns, o passado do Perú, e em particular o período virreinal, aparece condensado maxicamente em vinhetas ao mesmo tempo, brilhantes e satíricas. O grupo de tradiçóns que Palma centra em personáxes como “La Perricholi” e el Virrey Amat” mostra a sua habilidade para caracterizar em poucos rasgos a unha personáxe e a unha época. Ainda que Palma no seu tempo, foi atacado por reaccionário e acusado de tradicionalista (el prefería chamar-se tradicionista), a verdade é que os seus relatos non só revelan unha nostalxia polo passado brilhante do Virreinato; também reconstruiem essa era na sua miséria, no seu grotesco e na sua rapazidade. Demasiado bom artísta para cair na beataría dos conservadores, as suas “Tradiciones peruanas” continuam sendo das poucas obras que non perderom frescura e non requerem unha especializaçón do gosto.

RBA EDITORES, S. A. (BARCELONA)