Arquivos diarios: 31/10/2021

LOCKE (O NOVO ANGLICANISMO)

Durante a Idade Média, falar da Igrexa Anglicana significaba referir-se à Igrexa Católica de Inglaterra e nada mais. Xá se tinham ouvido vozes críticas de Roma em terras inglesas: John Wyclif (1328-1384) tinha esixido reformas muito antes de Lutero e Calvino, mas ainda era demasiado cedo para a mudança. A Igrexa Anglicana, podia ter as suas peculiaridades, mas non diferia muito da de outros territórios católicos, e só passou a ter unha identidade própria após o conflicto do rei absoluctista Henrique VIII com o papa Clemente VII. A ruptura produziu-se porque o papa non quixo anular o casamento do rei com Catarina de Aragón, xá que isso o colocaria em confronto com a poderosa coroa espanhola, um dos bastións católicos. Perante a negativa, Henrique VIII decidiu cortar relaçóns com Roma em 1531 e obrigar a hierarquia eclesiástica inglesa a reconhecê-lo como cabeça suprema da Igrexa de Inglaterra. Na verdade, este xesto non respondia a intençóns reformistas por parte do rei, mas a interesses políticos e pessoais, pois com isso aumentou o seu poder e satisfez o seu desexo de se casar com Ana Bolena. Henrique VIII continuou a defender o catolicismo apesar de se ter afastado de Roma. Após esse primeiro momento, o anglicanismo evoluiria por intermédio do bispo Thomas Cranmer (1489-1556), que introduzio unha reforma das cerimónias católicas à inglesa, simplificando o culto e adoptando unha liturxía mais simples. A ascensón ao poder de Maria Tudor e o seu casamento com o católico Filipe II de Espanha orixinou um parêntese no estabelecimento do anglicanismo, que se viu de novo reforçado com o reinado de Isabel I que, de 1558 a 1603, o consolidou como unha terceira via entre o catolicismo e o protestantismo. No entanto, os conflictos relixiosos e políticos, misturados, continuariam e aumentariam após a morte de Isabel I, como exemplifica a famosa “Conspiraçón da Pólvora”, de 1605, em que um grupo de extremistas planeou fazer ir polos ares o parlamento britânico. A tensón acabaria por rebentar em 1642 com a “Guerra Civil” entre absoluctistas e parlamentaristas; porém, apesar da instabilidade política, a “terceira via” significaba que o anglicanismo se acabaría por impôr. Teóricos como Richard Hooker (a quem Locke alcunha de “o sensato”) axudariam a perfilar as bases do “novo anglicanismo”. Hooker defende unha opçón mais tolerante, menos extremista do que o “puritanismo calvinista”, e Locke adoptaría esse discurso moderado. A chegada de Guilherme III de Orange, em 1689, completa a reforma inglesa. A assignatura da “Acta de Tolerância”, que promulga a “liberdade de consciência” pola primeira vez na Europa, orixina a confirmaçón definitiva dessa terceira via que deu, estabilidade ao país.

SERGI AGUILAR

CANCIONEIRO D’AJUDA (COITA D’AMOR)

Ora non moiro nen vivo

nen sei, como me vay, nen ren

de mi se non, a tanto que ei eno

meu coraçon, coita damor qual

vus ora direi Tan grande que

me faz perder o sen e mia sennor

sol non saben de ren.

Non sei que faço nen ey de fazer

nen en que ando, nen sei ren demi

se non atanto que soffr é soffri

coita damor qual vus quero dizer.

Tan grande que me faz perder o sen.

Non sei que e de mi nen que sera

meus amigos nen sei de mí ren al,

se non atanto que eu soffr atal,

coita damor qual vus eu direi ia.

Tan grande que me faz pder o sen.

CANCIONEIRO D’AJUDA (CCLXVI)