Arquivos mensuais: Setembro 2021

BERKELEY (ABANDONAR O ESTADO DE MENORIDADE)

Contudo, existem diferenças entre as características dos processos iluministas da França, Alemanha e Inglaterra. O Iluminismo françês caracteriza-se pola procura da unificaçón do conhecimento, espelhado na “Enciclopédia”, e apresenta um grande conteúdo político e social, reflectido posteriormente na “Revoluçón Françesa”. Para o Iluminismo alemán, a razón concebe-se mais como um método do que como um ideal, manifestando um carácter muito mais sistemático do que os Iluminismos françês e inglês. Por sua vez, o Iluminismo inglês, fundamentado no empirismo e no sistema científico de Newton, apresentará propostas mais individualizadas e utilitaristas, e centrará as suas discussóns mais relevantes nos assuntos da relixión, da moral pública e privada, e da defesa acérrima da observaçón e da experimentaçón. Um a um, os inspiradores e protagonistas do processo iluminista inglês (Newton, Locke, Berkeley, Hume, Toland, Clarke, Mandeville, entre outros) ván derrubando os obstáculos que impediam o ser humano de sair do seu estado de menoridade. Newton formulou um sistema mecânico capaz de explicar o universo nos seus “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”, publicados em 1687, quando Berkeley tinha apenas dous anos. Assim, podemos compreender o motivo polo qual a polémica entre relixión natural e a relixión revelada, e a irrupçón do deísmo como conceito essêncial do Iluminismo respondem a unha mudança de enorme envergadura no terreno do conhecimento científico. Face à relixión revelada, a natural exclui o mistério e agarra-se à razón sob o nome de “deísmo”, defendendo as verdades que a razón demonstra ou compreende. A relixión natural remete para essa capacidade racional de poder deduzir a existência de Deus. Trata-se de um conhecimento da divindade a partir dos próprios meios humanos, ao passo que a relixión revelada, esixe unha mensaxem divina. O “deísmo” non é senón a possibilidade de conhecer Deus através da razón e da experiência. É muito significativo que “deísta” e “libre-pensador” fossem considerados no século XVIII dous conceitos quase sinónimos, pertencentes ao longo processo de racionalizaçón da teoloxia que culminaría no século XIX com a obra de outro inglês, Charles Darwin.

LUIS ALFONSO IGLESIAS HUELGA

O ILHA (1)

Abrir este espaço, nao é mais que aproveitar a oportunidade de procurar a autosuficiência no mundo da comunicaçao. Nao está na raíz desta ideia competir; afirmar ou propagandear questoes egoístas ou satisfazer vísceras inconfessáveis. Os Humanos comunicámos; mostrámos; damos e recebemos. Nasce para que sexa eido de todo tipo de pessoas; de todo tipo de ideias de Liberdade… Nao só eu serei o escritor de serviço; toda e qualquer pessoa que sinta desejo e vontade de escreber ou inserir um texto; um poema; uma emoçao ou um queixume, tem aquí uma janela para comunicar com esta parte do Mundo. Procurarei que sexa abranxente na questao temática, além das crónicas diárias, também se editarao diferentes tipos de expressoes artísticas ou de pensamento. Tentarei incluir um género de “CONVERSAS COM…”, que consistirá, como o próprio título diz em conversas para ser publicadas com diferentes tipos de pessoas e sobre diferentes campos da expressao Política; Pensamento ou Arte. É óbvio que nao esquecerei a rua; nao esquecerei as pulsoes sociais que percorrem o mundo nesta época de crise sistémica. Caminho; caminhamos; todos os caminhos levam à Liberdade. Sintam-se em casa.

JOSÉ LUÍS MONTERO

KUHN (“PARADIGMA” OU “MATRIZ DISCIPLINAR”)

Como funciona normalmente a ciência?

Segundo Kuhn, o que caracteriza um período de ciência normal é tratar-se de um modo de investigaçón científica que aparece inteiramente dominado por um tipo de estructura conceptual muito xeral, difícil de precisar, unha estructura que os cientistas envolvidos xamais ponhem em causa e que se transmite sem modificaçóns substanciais de unha xeraçón para o seguinte. Na primeira ediçón de “A Estructura das Revoluçóns Científicas”, Kuhn utilizou o rótulo de “paradigma” para esta estructura conceptual intocábel. Pouco depois da publicaçón do libro, vários críticos obxectarom contra o uso excessivamente vago e equívoco deste termo. Kuhn aceitou as obxeçóns e propós, no apêndice à segunda ediçón do seu libro (redixido em 1969), unha denominaçón alternativa para o tipo de entidade conceptual a que se queria referir, “matriz disciplinar”, além de mudar o nome, tentou precisar as suas componentes essenciais. No melhor dos casos, só unha dessas componentes correspondería de um ponto de vista filolóxico, ao significado xenuíno do termo “paradigma”. Exporemos mais adiante a descripçón de Kuhn sobre as diversas componentes de unha “matriz disciplinar”. Todavia, apesar de a expressón “matriz disciplinar” ser efectivamente mais apropriada que a de “paradigma” para o que Kuhn tinha em mente, a realidade é que quase todos os comentadores de Kuhn continuaram a falar de “paradigma”, e este é o termo que se tornou famoso – tán famoso que, inclusivamente, passou a fazer parte do vocabulário coloquial. Continuaremos, pois, a utilizar esse termo apesar de concordarmos com Kuhn que “matriz disciplinar” sería muito mais adequado. Em vez de falar de “paradigma” ou “matriz disciplinar”, Kuhn também podería ter usado o termo “teoría”. Evitou-se deliberadamente esta terminoloxía non foi por querer ser orixinal, mas porque conhecia bem o uso que os filósofos da ciência do seu tempo faziam dela. Referimos mais acima que, para os filósofos clássicos da ciência, unha “teoria” é simplesmente um conxunto de axiomas com as suas consequências lóxicas, Kuhn xulgou que este conceito era demasiado restrictivo, e demasiado inóquo ao mesmo tempo, para designar de forma adequada o xénero de estructura conceptual que impera durante um período de ciência normal. Um “paradigma” é muito mais “forte”, mais “dramático” (embora também muito mais difícil de definir) que unha simples “teoría” como sistema de proposiçóns. Um “paradigma” é unha espécie de “visón do mundo”. Examinamos em pormenor a complexidade da estructura conceptual em questón.

C. ULISES MOULINES

GALINHA DE FRICASSÉ

RECEITA:

  • 1 – Retirar a pel da galinha

2 – Partir a galinha em anácos

3 – Refogar com alho picado, cebola picada, sal, pimenta e azeite.

4 – Dar um aperto de calor aos pedazos da galinha durante uns minutos, regando com unha copa de azeite sobre o refogado.

5 – Quando começe a alourar, xunta-se unha copa de vinho branco e deixa-se cozer. Adicionando vinho conforme sexa necessário.

6 – Depois de cozida a galinha, retira-se unha cunca de molho e deixa-se arrefecer.

7 – A este molho frio xunta-se unha xema de ovo e zumo de limón, misturando tudo muito bem.

8 – Deita-se depois este molho no tacho, remexendo tudo.

9 – Finalmente, xuntamos salsa picada.

POPPER (AS REGRAS DA LÓXICA FORMAL)

A lóxica é unha disciplina puramente formal, isto é, em que non há afirmaçóns substânciais acerca do mundo. A sua funçón é proporcionar regras infalíbeis de raciocínio que. a partir de unha ou várias proposiçóns de partida (as premissas), permitam deduzir outra ou outras proposiçóns, que som as suas consequências. Se a(s) primeira(s) forem verdadeiras, a(s) segunda(s) também o serám necessariamente. Assim, por exemplo, das premissas “Todos os homes som mortais” e “O Xoán é um home” deduz-se necessariamente “O Xoán é mortal”. Duas das regras mais importântes e de mais frequênte aplicaçón na lóxica som o “modus ponens” e o “modus tollens”. Desempenham um papel de primeira ordem nos nossos raciocínios explícitos ou implícitos, tanto na vida quotidiana como na matemática e nas ciências empíricas. Vexamos como funcionam com um exemplo simples. Suponhamos que estou convencido de que é verdade que: a) se chove, entón a rua está molhada, e b) agora chove. Entón deberei estar também necessariamente convencido de que: c) agora a rua está molhada. Para isto nem sequer é preciso, dar unha espreitadela pola xanela, para me certificar de que realmente a rua está molhada. As proposiçóns a) e b) som as premissas (ou pressupostos) do meu raciocínio e c) é a sua conclusón necessária. A premissa a) chama-se “proposiçón condicional”: estabelece a condiçón de que, para que aconteça algunha cousa (por exemplo, a rua estar molhada), outra cousa debe acontecer (por exemplo, chover). Em contrapartida, b) non é unha “proposiçón condicional”, mas unha “proposiçón apodíptica”: afirma textualmente que chove. Estamos perante um exemplo de aplicaçón da regra do “modus ponens”. Esquematicamente, esta regra formula-se da seguinte forma, tomando as letras p) e q) como “variáveis” para unha qualquer proposiçón: a) Se p, entón q (proposiçón condicional); b) p (proposiçón apodíptica); Logo: c) q. No nosso exemplo, p = “chove” e q = “a rua está molhada”. O “modus tollens” é, por assim dizer, a regra contraposta ao “modus ponens” e resulta igualmente inflexíbel. Para a entendermos, prossigamos com o nosso exemplo da chuva e da rua eventualmente molhada. Suponhamos que continuo convencido de que, a) se chove, a rua está molhada; mas agora olho pola xanela e verifico que b) a rua non está molhada. Em tal caso, debo necessariamente inferir que non chove. O esquema correspondente é: a) Se p, entón q; b) Non q; Logo: c) Non p. Note-se que no caso do “modus tollens” ao contrário do “modus ponens”, a negaçón de unha proposiçón desempenha um papel fundamental. Para utilizar a terminoloxía de Popper, poderíamos dizer que aqui se trata de unha “falsificaçón” (no nosso exemplo, a “falsificaçón” do presuposto de que chove). Para compreender a importância do “modus tollens” para a metodoloxía científica, consideremos o seguinte exemplo, um pouco mais complexo que o anterior: a) Se o Xoán estiver em casa e o Pedro tocar à campainha com suficiente intensidade, entón o Xoán abrirá a porta; b) O Xoán non abre a porta; Logo: c) O Xoán non está em casa ou entón o Pedro non tocou a campainha com a suficiênte intensidade. Esquematicamente: a) Se p e se q, entón r; b) Nón r; Logo: c) ou non p, ou non q. Se non temos mais informaçón, em princípio non podemos decidir qual das duas alternativas é a verdadeira. Se quisermos optar por unha das duas, debemos apelar a outros elementos de xuízo. Por exemplo, podemos decidir-nos por non p porque sabemos previamente que a essa hora o Xoán non costuma estar em casa, ou porque sabemos que o Pedro toca sempre à campainha com muita força, etc. Como veremos, esta situaçón de indecisón é típica na ciência quando se aplica o “modus tollens”, e Popper referir-se-á a ela mais em pormenor.

C. ULISES MOULINES

LITERATURA CASTELÁN (LA RAZÓN DE AMOR)

A “Razón de amor” e os “Denuestos del agua y el vino”. Forom encontrados, estes dous poeminhas num códice da Biblioteca Nacional de París e publicados por Morel-Fatio em 1887; ao final deles figura o nome de Lope de Moros, mas, a xulgar pola fórmula empregada e o lugar da sua colocaçón, parece seguro que se trata non do autor, mas de um mero copista. Os poemas seríam pois, anónimos e supostamente pertencentes a princípios do século XIII. A “Razón de amor”, vinha sendo considerada desde a sua publicaçón, e até ao descubrimento das “jarchas”, como a primeira composiçón lírica que se tinha conservado em castelán. Desde os seus versos iniciais o poema mostra-se-nos enraizado nos refinamentos da lírica provençal ou do “dolce stil novo” dos primeiros poetas toscanos. A personáxe masculina, que se apresenta como um poeta “que siempre dueñas amó”, aparece no meio dum delicado e fermoso xardím cheio de árbores, herbas e flores, na proximidade de unha fonte; é o momento da sésta; o poeta colhe unha flôr e descubre entón unha doncela, que à sua vez tinha preparado um copo de vinho e outro de àgua, resguardados baixo unha sombra, para oferecê-los ao amante. A doncela, que reúne todas as prendas da mais delicada beleza, vem cantando unha “cançón de amigo”; o poeta toma-a da mán, e entablan um diálogo de amor, com mútuas queixas. Quando a xovem se vai, o poeta queda desconsoádo. Unha pomba, que entón aparece, derrama a àgua sobre o vinho e começa com isto a segunda parte, ou o segundo poema independênte; xá que a relaçón entre ambos, tem sido diversamente estimada polos diferêntes comentaristas.

J. L. ALBORG

DESCARTES (A FUNESTA GUERRA DOS TRINTA ANOS)

Após a nomeaçón do novo imperador, e depois de unha breve “paraxem técnica” em Ulm, onde seria assaltado pola sua grande epifania intelectual (“Sonho de unha noite de inverno”), dirixiu-se a Viena para se alistar nas tropas do xá citado Maximiliano. Este poderoso exército encontrava-se em marcha, na direcçón de Praga, como parte da campanha militar católica destinada a despoxar das suas possessóns ao reformista Frederico, eleitor do Palatinado da Boémia, o que constituiría o começo da funesta Guerra dos Trinta Anos. Chegado a Praga, Descartes participou na batalha da Montanha Branca, onde, nunha sangrenta manhám de Novembro de 1620, os vinte mil homes de Maximiliano venceram os quinze mil de Christian de Anhalt, do Palatinado. Embora non tivesse chegado a entrar em combate (supostamente mantívo-se como enxenheiro na retaguarda), Descartes ia no continxente que ocupou a rexión (hoxe checa) da Morávia. Seguíu-se entón unha feroz repressón dos protestantes boémios, que incluíu execuçóns massivas e atrocidades de todos os tipos. Com o catolicismo reinstaurado a ferro e fogo, os xesuítas desembarcarom em tropel para exercerem o control de escolas e universidades. Mas embora fosse o grande império católico (os Áustrias e os seus aliados xermânicos) a ter tomado a iniciativa na guerra, isso foi posteriormente o princípio do seu declínio: as outras potências europeias de ampla populaçón protestante, particularmente a França e a Suécia, observaram os sangrentos acontecimentos e aproveitariam os anos seguintes para estrangular loxística e diplomaticamente o inimigo, que tinha demasiados frentes abertos e se desdobrava ao longo de unha extensón territorial imensa. Pouco depois da sua “missón” em Praga, Descartes partíu para Itália, atravessando a perigosa rexión da Valtellina, unha passaxem estratéxica controlada polos Áustrias que estaba quase a cair nas máns do inimigo. Em Itália, viveu dous anos entre Veneza e Florença, e aproveitou para ir peregrinar a Loreto (lugar sagrado ao qual uns anxos supostamente levaram de Nazaré a casa da Sagrada Família) para, presumivelmente, dar graças pola sua revelaçón em Ulm. Quando regressou de Itália, provavelmente dando por finalizada a sua vida como viaxante (ou espión), tentou sem grande êxito encontrar um lugar como xurista similar ao do seu pai, na sua terra natal. Descartes era um tipo impaciente e, ao ver que os procedimentos se prolongavam, decidiu ficar três anos em Paris, onde permaneceu até 1628.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

CANCIONEIRO D’AJUDA (CCXLV)

Por quem o poiderom eles saber?

Estes que ora dizen mia sen

nor. que saben ca vus quereu

muy gran ben, pois en nunca

per mi souberen ren. querria

agora seer sabedor. Per quen o

poderon eles saber. pois mio vos

nunca quisestes creer.

Ca mia senor semp o eu neguei

qñteu mais pude assi ds me pdon

e dizen ora quantos a qui son

que o saben mais como saberei

Per que no poderon eles saber.

CANCIONEIRO D’AJUDA (CCXLV)

ALTHUSSER (O CONCEITO DE CAUSALIDADE ESTRUCTURAL)

Althusser nunca se definiu como estructuralista – tanto ele como Balibar se distanciaram explicitamente desta corrente -, mas do que non há dúvida é que a sua interpretaçón de Marx debia muito ao estructuralismo. Um dos seus conceitos mais importantes foi o de “causalidade estructural”, que Althusser remeteu para o próprio Marx, afirmando que foi a chave da sua “revoluçón teórica”, que -como comentávamos mais acima- iria afastá-lo das filosofias da história e encaminhá-lo polo trilho que desembocaria na sua obra definitiva, “O Capital”. Esse momento crucial ocorreria na famosa “Introduçón” de 1857, a que Althusser chamaria “o discurso do método” de Marx. Nesse texto, Marx utilizava certas metáforas que, para Althusser, avançavam um dos motivos “estructuralistas” que, com o tempo, ia ser mais tematizado: o conceito de unha “eficácia” estructural. Em todas as formas de sociedade, é unha produçón determinada e as relaçóns que ela enxendra som as que atribuem nível e importância a todas as outras produçóns e às relaçóns enxendradas por aquelas. É unha iluminaçón “Beleuchtung” xeral onde están submersas todas as cores, e que modifica as tonalidades particulares. É um éter particular que determina o peso específico de todas as formas de existência que nele se destacam. (Marx, Grundrisse) Althusser resumia o problema do seguinte modo: “Através de que conceito se pode pensar o tipo de determinaçón nova, que acaba de ser identificada como a determinaçón dos fenómenos de unha rexión dada pola estructura dessa rexión? (…) Como definir o conceito de unha causalidade estructural?” (Althusser, “A Favor de Marx”). As duas metáforas utilizadas – o “éter” e a “iluminaçón” – referem o próprio obxecto da obra de Marx: o capitalismo da sociedade capitalista. Mas, naquele momento, eram metáforas; era necessário substituí-las por um conceito que evidenciasse aquilo que, portanto, a obra de Marx consistia em pôr em xogo. E o seminário “Lire Le Capital” encontrou no conceito de “causalidade estructural” a forma de esclarecer o enigma, integrando assim, para o bem ou para o mal, o âmbito de correntes que se agrupou sob o título do “estructuralismo”. Na sua explicaçón sobre “noçón de estructura”, Lévi-Strauss citaba determinadas palabras que podem ser agora muito oportunas: Um sistema ou configuraçón é sempre, por natureza, outra cousa e mais do que a suma das suas partes; inclui também as relaçóns entre as partes; a sua rede de interligaçóns, que acrescenta um elemento significativo suplementar. Isto é bem conhecido da psicoloxia da “Gestalt” ou psicoloxia da forma. A “Forma” de unha cultura pode ser definida como o sistema (pattern) das relaçóns entre as suas partes constitutivas. (Lévi-Strauss, Antropoloxia Cultural) Neste sentido, nada poderia ilustrar mais graficamente este ponto -que Lévi-Strauss transforma nunha espécie de manifesto estructuralista- do que um texto de Marx, no qual se pretende, no último capítulo do Livro I de “O Capital”, tornar público o “segredo” profundo da sociedade moderna da qual o resto da obra acaba de dar conta. Há que dizer que estamos a falar de algo muito sério. A obra de Marx persegue, antes de mais, a resposta à pergunta “o que é o capital?”; e, neste momento, vai-nos falar de um senhor chamado Wakefield que, em sua opinión, teria encontrado a chave da tán ansiada resposta. E o caso é que Wakefield non era um filósofo, mas um colonizador britânico, um grande home de negócios, fundador das sociedades britânicas da Nova Zelândia e da Austrália. Acontece, porém, que alá nas colónias, Wakefield apercebe-se de repente de algo que em Inglaterra resultaba invisíbel. Como vamos ver, foi unha espécie de sobressalto platónico, unha inesperada “reminiscência” que o levou a um mundo novo: o “mundo das estructuras”. Aí encontrou o segredo mais profundo da economia capitalista, aquilo a que poderíamos chamar a sua “estructura profunda”. E o que descobriu foi precisamente que, como dizia o texto citado por Lévi-Strauss, “um sistema ou configuraçón é sempre algo mais do que a suma das suas partes”.

CARLOS FERNÁNDEZ LIRIA

INCÉNDIO DO GRAN HOTEL DO BALNEÁRIO

Hai a quen lle gosta ir contra corrente: se a povoación da comarca baixa debido á política económica dos gobernos franquistas e da UCD, que primaban -malprimados- as indústrias de enclave e as concentracións de empresas en determinados lugares (Vigo, Porriño), non importa. O que si importa e pasar á história como o alcalde que fixo as cousas máis grandes (praza da música que poucos concellos no mundo teñen, alumeado público para a estrada xeral e nada para as parróquias, compra do castelo de Sobroso…). Ben, e se baixa a povoación, non importa, fagamos unha sociedade para reconstruir o Gran Hotel e oferezamos postos de traballo a todos os que se fagan accionistas. Porque disto último si que houbo, non veñan agora a desmentilo na rádio, fóra xa de prazo, cando as protestas dos tristeiramente famosos van ser ouvidas no Brasil, en Venezuela, lugares nos que van ter un eco total… Non vai haber postos de traballo e, ao que parece, o Gran Hotel vai seguir como está: derrubado. Pero xuntando a Deus co Demo, Castro firmou un contrato cos donos do Gran Hotel para que fose vendido á sociedade que estaba a formar. Foi só unha opción de compra, ante notário e os concellos da comarca ian ser accionistas. O compromiso era pagar, se mal non lembramos, vinticinco millóns ao firmaren a operación e logo prazos de millón e medio cada mes, até completar os aproximadamente oitenta, que foi o precio fixado. Aos meses, vendo o señor Castro que non daba xuntados os cartos, fixo unha viaxiña á América, á percura de accionistas para o evento. Sábese que o que tiña máis posíbeis de todos, dono de dúcias de estabelecementos hosteleiros en Venezuela, non quixo participar. Asi, o pago de millón e medio mensuais viase mouro. Que se saiba, nen siquera a sociedade Promotora do Turismo do Condado está inscrita legalmente. Existe unha “Constructora do Condado”, que é a que en primeiro está a levar as cousas da compra do Gran Hotel. Para remediar isto, houbo unha xuntanza en Ponteareas o pasado dia 16, á que tiñan que asistir todos os accionistas. Pero resulta que non todos foron. Nen moito menos. Nen os apoderados dos que hai en América. O notário non quixo levantar acta da xuntanza e a cousa segue como antes, co cruño do Concello de Ponteareas na firma do contrato de opción de compra, com case trinta e un millóns desembolsados e de seguir así, perdidos. Da xuntanza, que non a houbo, nada saiu. Temos testigos directos do que aconteceu. Claro que os meios de información fianse máis do que poida dicer o señor Castro e unha emisora de rádio explicaba que todo estaba en marcha ao dia seguinte. Nada está en marcha, todo segue parado e moitos pequenos accionistas, homes que gastaron os aforros dunha vida a cámbio dun posto de trabalho poden verse sen nada.

XOSÉ CURRAS (PUBLICADO NA PENEIRA – ANO I – 1984)

HANNAH ARENDT (UNHA DESCIDA AO HORROR ORGANIZADO)

Hannah Arendt ilustra muitas vezes os fenómenos políticos que analiza, recorrendo a obras da literatura. Neste caso, para examinar como se produziu o domínio imperialista em África, através do racismo e da burocracía, utiliza a obra de Joseph Conrad “O Coraçón das Trevas” (1899). Tendo como base unha viaxem que o próprio Conrad realizou no rio Congo, conta-nos a travessia de Charlie Marlow à procura de Kurtz, um empregado desaparecido da companhia de exportaçón de marfim, na qual ele próprio trabalhaba. A sua viaxem é unha descida aos horrores do colonialismo, expostos através do sistema burocrático da companhia inglesa, até encontrar um Kurtz mergulhado na doença e na loucura. Na viáxe de regresso polo rio, Kurtz morre, mas non deixava de exclamar as suas últimas palabras: “O horror! O horror!”. Neste caso, o horror surxe da desumanizaçón dos outros, num contexto de racismo burocratizado, que aniquilaba e massacraba a populaçón indíxena sem piedade. A viaxem de Kurtz é unha descida moral aos infernos, ao “impacto de um mundo”, diz-nos Arendt, “de infinitos crimes possíbeis no espírito do drama, pois a combinaçón do horror e do riso implica a total realizaçón de unha existência quase fantasmática”. Xá encontramos em Kurtz a ideia do mal radical como expressón da aniquilaçón da populaçón supérflua dos nativos e muitos dos comportamentos instalados posteriormente num rexime totalitário.

CRISTINA SÁNCHEZ

DAVID HUME (O ARGUMENTO DO DESÍGNIO)

Primeira premissa: o mundo revela ordem, organizaçón e um completo axustamento de todas as suas partes. Segunda premissa: o mundo, embora num gráu muito superior, assemelha-se às produçóns dos seres humanos e, tal como estas, tem um propósito ou desígnio. Conclusón: existe um autor do mundo, e esse autor, embora com poderes muito maiores, proporcionais à obra que realizou, é semelhante aos seres humanos.

Neste argumento, a segunda premissa é de importância capital. E isto por duas razóns: 1º -ao estabelecer a semelhança entre obxectos naturais e artificiais faz do argumento um “argumento por analoxia”; e, graças a isso, 2º -permite afirmar que, tal como os artefactos, o mundo também tem desígnio. Non é de estranhar, por isso, que boa parte das críticas de Hume ao argumento sexam dirixidas contra esta segunda premissa. Mas, antes de avançarmos para estas críticas, vexamos um pouco melhor o que caracteriza os “argumentos por analoxia”. Os “argumentos por analoxia” som um dos tipos de argumentos inductivos e, por isso, nom podem demonstrar que a conclusón é verdadeira, mas apenas mostrar que é probábel que sexa verdadeira. Outra característica importânte dos argumentos por analoxia é que a sua força depende da informaçón disponíbel e, sobretudo, da relevância dessa informaçón para a conclusón que procura estabelecer. Vexamos melhor o que isto significa. (…) A força de um “argumento por analoxia” depende de várias condiçóns: 1º -o gráu de semelhança entre as propriedades partilhadas polas entidades comparadas (se a semelhança resulta elevada, a probabilidade de a conclusón ser verdadeira é elevada; se a semelhança é baixa, a probabilidade de a conclusón ser verdadeira será também baixa); 2º -a relevância das semelhanças para a conclusón a que se pretende chegar (se as propriedades comparadas som semelhantes e som relevantes para o que se pretende concluir, a analoxia é forte e a probabilidade da conclusón ser verdadeira também; mas se a analoxia non tem qualquer relaçón com o que se pretende concluir, a probabilidade de a conclusón ser verdadeira é baixa); 3º – o número das semelhanças relevantes (quanto maior o número de semelhanças relevantes para a conclusón mais forte é a analoxia); 4º – a natureza e gráu das diferênças (as diferênças podem enfraquecer ou fortalecer o argumento, consoante acentuem ou non a relevância das propriedades para a conclusón). Destas condiçóns, a semelhança entre as entidades comparadas é talvez a mais importânte. Non é de admirar, portanto, que algunhas das críticas ao “argumento do desígnio” se centrem neste aspecto e procurem mostrar que a analoxia é fraca. A crítica de Hume ao “argumento do desígnio” é muito diversificada. Dada a impossibilidade de, no espaço desta introduçón, apresentar – e ainda menos discutir – essa crítica em toda a sua riqueza e detalhe, limitamo-nos a esboçar os principais argumentos.

ÁLVARO NUNES E EDIÇOES 70

AS SECRETARIAS DA REPÚBLICA DE FLORENÇA

No tocante à política, a República de Florença organizava-se como um pequeno Estado cuxo território non chegava a abranxer toda a rexíon da Toscana actual (Siena era entón unha República independente). As instituiçóns florentinas eram do tipo democrático e baseavam-se num Grande Conselho (de uns mil membros com dereito a voto) que proclamava, por sufráxio popular, os cargos da “Signoria” (o governo executivo propriamente dito). Deste último, que era liderado polo “gonfaloneiro” ou “gonfaloniero”, dependiam as diversas “chancelarias” ou “secretarias” que, tal como os nossos ministérios actuais, se dividiam por áreas xurisdicionais. Nicolaus de Bernardo de Machiavelli nasceu a três de Maio de 1469. Era a época do Magnífico, tendo a sua infância e xuventude coincidido com o máximo esplendor da sua prezada cidade. Xá a sua família non tivo a mesma sorte, outrora abastada e agora a passar tempos difíceis, situaçón que o levou a escreber, muito tempo depois, que “nasci pobre e aprendi primeiro a sofrer do que a gozar”. O seu pai, de nome Bernardo, intimamente relacionado com os círculos do humanismo florentino, foi um modesto xurista com um profundo interesse polos pensadores clássicos. Apesar de deber dinheiro aos cofres públicos, non poupou esforços para proporcionar ao xovem Nicolaus unha das melhores formaçóns humanísticas do momento. Como prova, Bernardo Machiavelli trabalhou incansabelmente para um impressor, criando um índice toponímico polo qual recebeu, em troca, um exemplar por encadernar da “História de Roma”, de Tito Lívio. a grande obra que marcará profundamente o pequeno Nicolaus: “Tito Lívio nostro”, chamar-lhe-á familiarmente. Os primeiros anos e a adolescência do nosso protagonista foram dedicados à observaçón e ao estudo. Nicolaus foi o terceiro de quatro irmáns e o primeiro filho varón do casal. Naquela época, a residência familiar estaba situada no centro de Florença, nunha zona muito próxima do Ponte Vecchio. Florença, apesar de ser unha cidade relativamente pequena, era cenário de constantes lutas entre as diversas facçóns em que se dividia a sua populaçón: “guelfos” e “gibelinos”, “Neri” e “Bianchi”, banqueiros e comerciantes, classes altas (ottimati) e populares, estetas e devotos. Num contexto tán convulso, a corrupçón, as intrigas e as conspiraçóns estavam na ordem do dia. Um destes episódios da truculenta história das facçóns florentinas, do qual Machiavelli extraíu um dos seus primeiros ensinamentos em matéria política, é a conspiraçón dos Pazzi. Foram uns acontecimentos terríbeis, que o futuro secretário retratará em várias das suas obras e que despertaram em sí unha permanente desconfiança em todo o tipo de conxuraçón, desconfiança plenamente xustificada, como veremos mais adiante.

IGNACIO ITURRALDE BLANCO

GALLEIRA (21)

Nas marinhas, afirma o P. Sobreira: “som os castros de duas columbres (corpos), em todas as montanhas som de unha, em Sanles de quatro e mais, em Trasdeza de um coto e um curuto (cumbre) situados em baixo, contra a lei de todos os demais”. Tenha-se por exacta esta observaçón, mas só no essêncial se pode aceitar por completo. Nunha mesma rexíon, em frente uns dos outros, encontrá-mo-los de diferentes corpos. E non há que extranhar; a sua forma dependia da importância e extensón da fortificaçón, melhor ainda das condiçóns da colina na qual se construía. Por isso non pode assinalár-se a cabida das coroas, nem a altura do monumento. Grandes ou pequenos, de um ou mais corpos, estes monumentos venhem a ser unha colina natural ou artificial, a cuxa cûme se ascende por um caminho em espiral e em cima que aparece plana, puido emprazar-se unha poboaçón, ou aloxar-se certo número de combatentes. Chamase-lhe “Castros ou Crátos”, ainda que estes últimos poucas vezes e em algunhas comarcas “Croas” polas plataformas circulares em que terminam. O caminho que a estas últimas conduce é, como xá queda indicado, em forma de espiral, sem parapeto unhas vezes e à maneira de unha sinxéla rampa: outras, tenhem defendidos estes caminhos com muralhas ou parapetos de terra. A cima ou “Croa”, aparece polo xeral ao descoberto e em fartas ocasións circuído por um grosso muro de terra, alto e com declíve cara ó centro do Castro. Acreditasse que estes som os mais antigos, pois existem outros em que a muralha é de pedra, da altura de unha pica, afirma Castellá, descrebendo o Castro Lupário. O da Arreten (Padrón) conserva os restos da muralha, tería sído como de meio metro de grossor com argamassa. O denominado Castro Valente, que franqueia o río Ulla, antes de desembocar na ría de Cesures, resulta mais curioso ainda, ao atopar-se em ruínas o principal da sua fortificaçón. O que permanece em pé, está composto por pequenos bloques, algúns aproveitados sobre o terreno, que os oferece em abundância, e em ocasíons por “láxes” medianas postas de plano unhas sobre as outras, sem terra nem enlace algum; o qual leva a pensar se non sería cousa posterior. Ainda que farto maltratado polo tempo, que non permite sequér reconstruir a rampa por onde se ascendia, pode-se adivinhar, polo nome que alberga e pola extensón da sua “Croa” que terá perto de um quarto de légua, a importância que tivo que ter noutros tempos. O chán é desigual e em declíve para o Sudoeste, non presentando como outros menos curiosos, unha superfície por completo horizontal, mas em câmbio por toda a sua extensón encontram-se esparcidas grandes rochas naturais, algunhas com estanques, e assim mesmo unha fileira de pedras cravádas, como de um metro de alto, que se a miramos como um alinhamento, ou se non, podería ser arriscado, dar unha opinión sobre o seu destino, que significam naquelas solidóns? Non som estas circunstâncias as que lhe dán maior notoriedade, senón os extensos e desiguais restos do seu muro, no qual e de distância em distância, se abrem algunhas portas, unhas mais importântes que as outras, mas todas indicando o cuidado que se puxo em fortificalo convenientemente. Unha tán só apresenta as pedras trabalhadas; mas todas elas ao desmoronar-se, verterom sobre os campos os restos dos cubos que guarneciam a muralha, deixando aperceber que uns eram quadrangulares e outros redondos, estes últimos polo estilo, ainda que de pedra, dos que apresentam algunhas fortalezas da Gália. Os quadrados encontram-se todos na parte mais notábel da fortificaçón, e os redondos na que parece mais antiga.

MANUEL MURGUÍA

BERGSON (A CONVERSÓN ESPIRITUALISTA)

Félix Ravaisson, muito admirado por Bergson, assistíu a aulas de Schelling em Munique e levou para França parte desse impulso, revitalizando assim um espiritualismo adormecido. Ravaisson apadrinhou unha linha minoritária conhecida como “positivismo (ou realismo) espiritualista” que alcançaria o seu auge em Bergson, após passar pelos seus professores Lachelier e Boutroux. Face à soberba conveniente de outros espiritualistas, estes autores caracterizam-se por “manchar as máns” de ciência a fim de arrebatar ao “inimigo materialista” as suas armas. Lonxe de representar unha “queda” no nada, a matéria é usada polo espírito como um acelerador dos seus processos criadores. Mais: o verdadeiro emerxir do espírito no mundo só pode ser encontrado vendo de perto o mundo natural. No seu seio non se encontra xá a cega necessidade, mas a “continxência”, noçón que reivindicam como um facto orixinário e non como o resultado de unha complexidade mecânica. Ou se coloca a liberdade desde o princípio ou non a conseguiremos entender. Neste sentido, no seu “Do Hábito”, Ravaisson escrebeu que “do mecânico non se pode passar ao vivo por via de composiçón; é a vida que dará a chave do mundo inorgânico”. Além de ser filósofo, Ravaisson foi conservador no Museu do Louvre. Aí restaurou, entre outras, a Vénus de Milo e a Victória de Samotrácia, devolvendo-as às suas actitudes orixinais a partir de um punhado de ruínas. O factor decisivo para entender a conversón “espiritualista” do xovem Bergson, no entanto, é o enorme potencial que ele vê no “suplemento de alma” que passa para o corpo para dotar as suas acçóns de alcance e eficácia. A consciência é vista por sí como unha reserva de acçón virtual que se manifesta na vontade. Unha alma alargada non só “tem mais mundo”, como também chega mais lonxe e atinxe com mais força, porque o esforço é o espaço de comunhón e transferência entre o sentido e o valor, a ideia e o corpo, o espírito e a matéria. Daí nasce a noçón metafísica de “intensidade” que Bergson defenderá na sua tese de doutoramento.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO