Arquivos diarios: 20/08/2021

¡¡QUE NADA SE SABE!! (46)

Escuto o que afirman acerca destes casos; non obstânte, nem por isso conheço melhor o asunto. Também assim pensaba eu antes, mas non ficava com isto satisfeito o meu espírito, porque se algo houbera conhecido perfeitamente, non o tería negado, senón que, ao contrário, tería gritado de alegría cheio de entusiasmo, xá que nada mais venturoso podería ter-me acontecido. Agora, em câmbio, me atormenta unha contínua tristeza, pois desespero de poder saber algo perfeitamente. Por tanto, ou som eu o único que ignora absoluctamente tudo, ou também o som todos os demais conmigo. Acredito que âmbas cousas som verdade. Mas algo sabería eu, non obstânte, se os demais também o sabem, pois non é verossímil que só a mi a natureza tivéra sido de todo adversa. Mas eu non sei absoluctamente nada. Tú tampouco. Há nas cousas outros muitos motivos para a nossa ignorância, motivos cuxa enumeraçón neste lugar sería non só abundantes senón também inútil, posto que poderás vê-los em cada um dos tratados sobre elas, e eu mesmo os asinalarei sempre que se presente a ocasión de falar deles. Só citarei de momento um ou dous como os mais importantes. A variedade das cousas, a sua múltiple forma, figura, quantidade, as suas acçóns e usos tán numerosos e diversos, de tal maneira enrredam a nossa mente -ou, melhor, a distraiem-, que non se pode nem dizer nem pensar cousa algunha com seguridade sem que de outra parte se vexa asediáda e obrigada a abandonar a sua opinión, e assim, cambiándo-se de um sítio e de outro, nunca se afinca. Se chega a afirmar que a brancura (baste aducir um exemplo relativo às cores) é produzida polo calor, sería contradecída pola neve, e o xelo. Os xermanos; afirmam que é produzida polo frío, sendo contradecido pola cinza, a cal, o xéso e o osso, que som cousas calcinadas. Se afirmam que pola humidade, será contradecida por isto; se pola sequedade, por aquilo. Respeito da negrura, sobrevivem outras tantas dúvidas. ¿E quê poderias dizer das cores intermédias? ¿Quê proporçón de calor e frío lhes asignarás? Nem sequer os extremos parecem ter unha causa manifesta, como o frío para a neve ou o calor para a cinza, pois âmbas cousas som captadas polos sentidos.

FRANCISCO SÁNCHEZ