Arquivos diarios: 17/08/2021

O ROMANTISMO HISPÂNO

Enquanto se librabam as guerras de independência, a América hispâna todavía estaba procurando axustar-se às ensinanças da Ilustraçón e o neo-classicismo prevalecía ainda como modelo literário principal. O romantismo (que tinha aparecido na Europa nos últimos trinta anos do século XVIII) non haberia de afirmar-se no novo continente até finais dos anos trinta. Esta demora de mais de meio século, tivo enormes consequências. Em primeiro lugar, porque distorsionou decididamente a evoluçón da literatura hispanoamericana, e em segundo lugar, porque assegurou a prolongaçón, até quase finais do século XIX. A data oficial da chegada do romantismo à América hispâna considera-se 1832, quando o poeta arxentino Esteban Echeverría (1805 – 1851), despois de cinco anos de permanência em París e do seu retorno a Buenos Aires em 1830, publíca “Elvira, ó la novia del Plata”, colecçón de mala poesía romântica. Esta data, non tem em consideraçón, precisamente, os poetas pré-românticos e românticos que estabam activos no norte da América do Sul e em Cuba antes do retorno de Esteban Echeverría da França. Esses poetas (Andrés Bello, José Joaquín Olmedo, José María Heredia) tinham chegado ó romantismo polo caminho da poesía de fala inglêsa. Para os patriotas de Hispanoamérica, Inglaterra constituía, sem lugar a dúvida, unha referência modélica em múltiples sentidos. Para compensar a demora em ser introducído e aceitado na América, o romantismo habería de tardar em ir-se. Alguns poetas como o uruguayo Juan Zorrilla de San Martín (1855 – 1931), que publicou o poema indianista “Tabaré” em 1888, estabam compondo versos românticos quando na Europa e nos Estados Unidos, novos movimentos (realismo, naturalismo, paranasianismo, simbolismo, decadentismo, e demais tendências que estaba xerando a nova vanguarda estéctica) que xá tinham despraçado aos românticos. As classificaçóns ao uso na literatura europeia, tendem a obscurecer a orixinalidade de algunhas das soluçóns encontradas na América hispânica durante o século XIX. Ao buscar encaixar a produçón hispanoaméricana em moldes perfeitamente reconhecíbeis na Europa (a novela sentimental, a picaresca, a histórica), apagam-se precisamente aquelas características que aseguram a orixinalidade (algo inesperada) dos melhores productos da narrativa do século XIX. Unha das primeiras víctimas dessa alienaçón classificatória, foi a primeira novela publicada na América Hispâna: “El Periquillo sarniento” (1816), singular obra do escritor mexicano Joaquín Fernández de Lizardi (1776 – 1827) “El Periquillo sarniento” é unha novela picaresca, xénero que floreceu em Espanha mais de dous séculos antes. Tal anacronismo parecia invalidar o esforço de Lizardi. Non obstânte, as cousas non resultam tam simples. Por um lado, se bem é certo que a primeira novela picaresca, “El Lazarillo de Tormes, publica-se em 1555, polo outro lado, também é certo que se escrebem novelas picarescas em Europa até bem entrado o século XVIII, e que non faltam no XIX, notábeis exemplos da picaresca: “Les mystères de Paris”, de Eugène Sue, e “Oliver Twist”, de Charles Dickens, constituiem duas boas mostras da vitalidade de um xénero. Mas em vez de lamentar o anacronismo do “El Periquillo sarniento” em 1816, convém examiná-lo críticamente. Ampara-se o seu modelo narrativo no “El Lazarillo” (enquanto às sucessóns de amos e aventuras), e no “Guzmán de Alfarache”, de Mateo Alemán (em quanto à alternancia de aventura e sermón). Mas Lizardi era sobre tudo um reformista e para el novelar non significaba senón outra forma de escreber (ou descreber) a realidade contemporânea. A sua empressa intelectual mais ambiciosa, o xornal entitulado “El Pensador Mexicano” (1811 – 1812), representou um esforço claro para encauzar a nova acçón no caminho da reforma, que non o da revoluçón, e sem perder o contacto com o catolicismo. Ainda que Lizardi mantívo-se sempre em contra do poder excessivo da Igrexa e chegou a eloxiar òs masóns, o seu liberalismo non foi nunca ateo. Cabe recordar a sua defesa dos dereitos políticos das mulheres.

R B A EDITORES, S. A. – BARCELONA