MONTAIGNE (VIAXEM A ITÁLIA)

O ano de 1580 é também o da “voyage en Italie”, da qual Montaigne fará um escrupuloso e pintoresco relato socio-antropolóxico no seu Diário. A quatro de Septembro, xuntamente com um bom grupo (Bertrand de Montaigne – o mais novo dos seus irmáns -, Charles d’Estissac, Bertrand de Calezelis – senhor de Frayche, seu cunhado e marido da sua irmán Marie – , e o senhor Du Hautoy), inicia a sua viaxem a Itália, passando pola Suíça e pola Alemanha. De 15 a 17 de Novembro, em Ferrara, visita Tasso, internado no hospital de Sant’Anna (aquela sabedoria e clareza tán luminosa ao ponto de cegar e se transformar em loucura, como rexistrará no regresso da viáxe). Vivacidade letal, apreensón nervosa da rexíon que deixa sem razón, exercício da alma que deixa sem alma. Montaigne conhece a teoría dos humores, a tese que afirma que os melancólicos som homes de xénio. Cita Platón (os melancólicos som mais dispostos para a ciência e mais excelentes e têm maior propensón para a loucura); teria podido citar também Aristóteles. Unha força e unha ductibilidade que atropelam os “homes de xénio”. Sente mais desprezo do que compaixón ao ver Tasso sobreviver a si próprio, non se reconhecer nas suas obras que, nas suas costas, mas sob os seus olhos, tinham sido publicadas “incorrectas e disformes”. Em Ferrara, cidade que parece a Montaigne escassamente povoada, visita também o túmulo de Ariosto e faz indirectamente alusón a ele, ao evocar a morte na indixência de Lílio Gregório Giraldi, de quem possuía um exemplar do “De deis gentium”, e de Sebastian Castellion. O argumento é evocado num contexto totalmente político em “Um Defeito dos Nossos Governos”, capítulo no qual Montaigne introduz unha interessante história paterna. O seu pai, “home de enxenho muito apurado por ter tido apenas a axuda da experiência e do temperamento”, tinha-lhe revelado um proxecto seu de carácter político-social, pois queria instituir nas cidades um lugar determinado ao qual pudesse recorrer quem necessitasse de algo: quero vender pérolas, procuro pérolas à venda, mas também buscas mais essenciais de trabalho e disponibilidade para fazer unha obra. Um meio para “avisar-se reciprocamente”, e, portanto, útil para as relaçóns públicas: “em qualquer momento, de facto, há situaçóns que se procuram reciprocamente e se non se encontram, deixam os homes nunha extrema necessidade”. A 30 de Novembro, chega a Roma: no dia de Natal, assiste à missa pontificia de San Pedro e, a 29 de Decembro, Gregório XIII recebe-o em audiência, como testemunha o “Diário”. A celeridade do encontro entre Montaigne e o papa fixo avançar a hipótese de unha motivaçón político-diplomática para a orixem da viáxe.

NICOLA PANICHI

Deixar un comentario