Arquivos diarios: 29/06/2021

NIETZSCHE (HERACLITO OU O ELOXIO DO DEVIR)

¿Mas, porque é, que o filósofo metafísico “mumifica” o ser? ¿Porque, recusa o devir e exalta a quietude? E Nietzsche, com a sua farda de psicólogo, responde: por medo! O metafísico, sente a vida, como unha ameaça. Sente-se, demasiado fráxil, perante o frémito constante da vida. Tem medo da mudança, de envelhecer, da morte. Por isso, fabrica um microcosmos de repouso, e de ordem, onde possa sentir-se a salvo, um lugar onde tudo o que é azul é “perfeitamente” azul. O filósofo, como também o cientista, tem unha actitude reactiva. Non é a vontade de conhecer, que move o seu pensamento, mas a necessidade de se protexer do caos. Face a tal actitude, Nietzsche reivindica a vida, como um puro devir. O autêntico filósofo, non tem necessidade de reduzir a vida, no sentido que esse verbo tem na fala galaico-portuguesa: o de mermar algo. No seu eloxio do devir, Nietzsche encontra um aliado em Heraclito, o filósofo pré-socrático, que afirmaba: “Tudo flui, nada permanece”. A ele corresponde a ideia de que “é impossíbel banhar-se duas vezes no mesmo rio”: ao segundo mergulho, esse rio xá non é o mesmo.

TONI LLÁCER