A VIENA DE WITTGENSTEIN

A filosofia de Wittgenstein costuma estudar-se à luz das relaçóns que este tinha mantido em Cambridge e, em xeral, dos assuntos de interesse – intelixíbeis, poderia dizer-se – para a filosofia anglo-saxónica. Unha publicaçón de 1973 mudou de forma radical essa tendência interpretativa. Situou a filosofia de Wittgenstein nos axitados problemas da Viena em que nascera, e à qual volta unha e outra vez nas suas fugas do ambiente de Cambridge. Deu assim, a conhecer facetas do seu pensamento inexplicábeis à luz da perspectiva anglo-saxónica. De repente Wittgenstein deixaba de parecer unha rara ave, o que xá era muito, mesmo aspectos da sua obra que os seus colegas tinham interpretado como productos de unha mente non totalmente no seu perfeito xuízo adquiriam sentido e muito profundo. Assim, “A Viena de Wittgenstein”, de Allan Janik e Stephen Toulmin, non só esclarecia e perfilaba a formaçón e o desenvolvimento de conceitos fundamentais do pensamento do filósofo, como além disso, dilataba o alcance das suas investigaçóns sobre a linguaxem, estendendo-o a esferas como a música, a arte ou a literatura. As grandes questóns que ocuparam Wittgenstein constituiam as bases do debate cultural vienense mesmo antes de o filósofo se ter dedicado a elas. A ideia de que as tensóns intelectuais em ebuliçón naquela Viena orixinarom os problemas fundamentais do pensamento ocidental do século XX é hoxe um lugar-comum. Nesse terreno fértil, viu a luz a crise da linguaxem que caracterizaria a entrada no século passado e o seu desenvolvimento. A pergunta principal era se, por acaso, a linguaxem e o seu desenvolvimento. A pergunta principal era se, por acaso a linguaxem servia para falar do mundo, se non existia um abismo intransponíbel entre as palabras e as cousas. Como observaram nos capítulos seguintes, as duas obras fundamentais de Wittgenstein, o “Tractatus” e as “Investigaçóns” constituem duas respostas muito diferêntes a essa questón. É impossíbel falar destes assuntos e non fazer referência à “Carta de Lorde Chandos” que o literato vienense Hug von Hofmannsthal publicou em 1902. Os protagonistas desse duplo acto comunicativo som Lorde Chandos, um fictício xovem poeta da Inglaterra do século XVI que se retira para o campo para se dedicar à escrita, e o filósofo empirísta Francis Bacon, que apoiou o método científico na observaçón dos fenómenos e na experiência sensíbel. Lorde Chandos descreve ao seu famoso interlocutor e as dificuldades com que se depara quando tenta confrontar-se com o que o rodeia através da linguaxem.

CARLA CARMONA

Deixar un comentario