
Pois bem, esta visón tán característica da filosofia clássica da ciência, quanto à identidade das teorías (quer dizer, acerca de que tipo de entidades som), as suas relaçóns com a experiência e as suas eventuais relaçóns com outras teorias, é precisamente o que Kuhn pôn em causa. Nega pura e simplesmente as três teses clássicas que acabamos de expor: a) unha teoria científica non é simplesmente um conxunto axiomático de princípios; b) a sua relaçón com a experiência é de natureza muito diferente da que os filósofos clássicos da ciência supónhem, tanto “positivistas lóxicos” como “popperianos”; c) quando unha teoria considerada “melhor” sucede a outra mais antiga, a relaçón entre ambas non é de reduçón no sentido que descrebemos, mas de “incomensurabilidade” (de que falaremos mais adiante). Segundo Kuhn, o motor da dinâmica científica non é nem a induçón (como acreditam Carnap e os seus seguidores), nem a deduçón (como defendem os popperianos). De facto, non existe apenas unha forma de dinámica científica, mas duas, e nem unha nem outra correspondem aos modelos “inductivistas” ou “falsificacionistas”. Através dos seus estudos históricos, Kuhn detecta dous tipos de fases completamente diferentes na evoluçón de unha disciplina científica: por um lado, períodos que descrebe como de “ciência normal” e, por outro, períodos que classifica como de “ciência revolucionária” (para sermos exactos, deveríamos acrescentar, embora Kuhn nunca o tenha dito de forma explícita, um terceiro tipo de período entre os dous anteriores, unha fase mista e confusa de “crise”. Os períodos de “ciência normal” nunha determinada disciplina som, em xeral, bastante mais longos que as épocas revolucionárias. Veriamos alguns exemplos históricos de períodos de “ciência normal”: o desenvolvimento da “astronomia ptolemaica” (mais correctamente denominada “astronomia xeocêntrica”) desde o século V a. C. até meados do século XV (uns 2000 anos); o desenvolvimento da “mecânica newtoniana” desde finais do século XVII até começos do século XX (mais de duzentos anos); a “química daltoniana” durante todo o século XIX (cem anos); o desenvolvimento da “xenética” inadequadamente chamada “mendeliana” desde princípios do século XX até meados da década de 1950 (mais de meio século). Em contrapartida, as revoluçóns científicas costuman ter lugar em lápsos relactivamente breves (como acontece também com as revoluçóns políticas): além do caso singular da revoluçón “copernicana”, ou sexa, “heliocêntrica” (que foi abrindo caminho ao longo de século e meio), exemplos preeminentes de revoluçóns científicas, como a construçón da nova mecânica por Newton, o descobrimento do “processo de oxidaçón” por Lavoisier ou a concepçón das “teorias da relactividade” por Einstein, correspondem a fases revolucionárias comparativamente breves, xá que se estendem por apenas alguns anos. O esquema da revoluçón de unha disciplina científica segundo Kuhn é, pois, esquematicamente o seguinte a partir do momento em que a disciplina em questón se consolida como disciplina verdadeiramente científica (e non como um mero conglomerado heteróclito de especulaçóns dispares), desenvolve-se durante um longo período de “ciência normal”, o qual num determinado momento, vai derivar nunha crise, que se resolve por unha revoluçón, à qual sucede um novo período de “ciência normal”, que em algum momento também entrará em crise, dando lugar a outra revoluçón, e assim sucessivamente. De um ponto de vista epistemolóxico xeral, o importante é verificar que os conteúdos da “ciência normal” e da “ciência revolucionária” som completamente diferentes. Vexamos em que consistem uns e outros.
C. ULISES MOULINES