Arquivos diarios: 21/04/2021

GADAMER (HISTÓRIA EFEITUAL)

No caso do trabalho de Gadamer, tornaram-se particularmente conhecidas duas fórmulas de “Verdade e Método”: a “fusón de horizontes” e a “história efeitual”. O exemplo de Steiner é, sobretudo, da “fusón de horizontes”. Trata-se nela de um mero “desideratum”, análogo à sociedade ideal de comunicaçón à qual se referiu Jürgen Habermas, nos mesmos anos do auge de Gadamer. Entender adequadamente um texto seria fundir o meu inevitábel horizonte de preconceitos e expectativas com o que teve o autor e se insinua no resultado da sua tarefa literária. Mas o que, precisamente, non posso fazer, se de facto quiser entender algo, é forçar o autor a entrar no meu horizonte de compreensón e até que se situe, dentro dele, na minha própria posiçón. O texto non o escrebi eu, xustamente. Se se encontrar muito afastado do meu tempo e da minha cultura, notarei tanto mais facilmente que me obriga a apetrechar-me de conhecimentos suplementares, capazes de ampliar esse meu horizonte prévio, se quiser tirar algum partido dele. Em caso algum poderei transladar-me por enteiro para a desconhecida perspectiva daquele a quem leio a séculos de distância e com o prisma deformador de unha traduçón. Mas é um deber tentá-lo o mais que puder. Exemplo trivial: se se tratar de unha profecia bíblica, tudo muda quando o leitor sabe se procede do reino do Norte ou do reino do Sul; e se vem deste, também muda tudo se o texto for ou non posterior à destruçón do reino do Norte polos assírios. Para non falar do evidente problema da exegese neo-testamentária, que foi o campo de batalha para o qual, principalmente, se forxaram as melhores armas da hermenêutica, polo menos desde o “Tratado Teolóxico-Político” de Espinosa. Comprovei, amplamente, por mim próprio, nos meus trabalhos sobre o pensamento arcaico dos gregos (área de investigaçón também muito cara a Nietzsche, Heidegger e Gadamer, além de a unha plêiade de extraordinários filólogos e teóricos alemáns da literatura da primeira metade do século XX – Diels, Wilamowitz, Schadewaldt, Jaeger, Reinhardt), a importância da tomada em consideraçón da “história efeitual” para conseguir, unha vez que non a autêntica “fusón de horizontes”, unha compreensón extraordinariamente mais rica e “verdadeira” de um texto pré-socrático do que apenas lendo-o a partir de si próprio em direçón aos seus antecedentes.

MIGUEL GARCÍA-BARÓ

RAÍZ CRÍTICA – ETIMOLÓXICA – DESPIADADA (TORREIRO)

Igual, que todos os vaidosos, eu também quero aportar a minha modésta contribuiçón ao mar sem fundo da ignorância. Neste caso, trata-se de buscar a raíz etimolóxica da palabra “Torreiro”. Non é que queira abusar da minha abultada erudiçón, mas, vislûmbra-se aquí, unha bifurcaçón de duas raízes diferentes, e ínclúso outras mais antigas, que se perdem na poeira dos tempos. Torcer, da qual vem Tôrques, Torre, Torreiro e Terreiro. Das quais resultam duas vías diferentes: a primeira é Terreiro, tal como afirmam os portuguêses, unha eira de terra pisada ó redor da Torre. Torre, Terreiro, Torróns (de terra), Torrontês (que é da terra, do país). A segunda raíz é: Torreiro (lugar onde se Torra), Torrar (os cadáberes), Tostar, Torrefacto, Tórrido, Torresmo, Torrixa. O sentido é totalmente outro, e non me atrévo a assegurar que, Torreiro sexa o sentido verdadeiro históricamente falando. Pois, quando penso no culto funcionário do Concelho de Pontareas, que modificou o nome da minha nái de Erundina, para Dígna, porque a xente lhe chamaba Dina, acredito sincéramente que a ignorância é muito atrevida. Argumentarám vossas Senhorías que, é Terreiro, porque, normalmente o chán era de terra batída, mas, non sempre. Às vezes, eram feitos de laxêdos (algúns naturais), das pedregosas cimas das aldeias galegas, para conheitar e secar os frutos da terra ao sol do vrán. O Largo do Torreirinho, O Torreirinho do Trigo, O Torreiro do Paço e o definitivo e imprescindíbel Torreiro da Fésta. Tendo em conta que, o pobo é quem mais ordena, e quem melhor conserva as palabras arcaicas, no seu cérne. Torreiro, é a palabra que acompanha a todos os galegos, e que acolhe toda a maxía das reunións socias da aldeia. Torreiro podería vir do lugar ou eira, onde se torrabam as landras, para fazer o pán de belotas.

LÉRIA CULTURAL