Arquivos diarios: 17/04/2021

CANCIONEIRO D’AJUDA (CCXXXIII)

Amigos quero vos dizer

mui gran coitan que me ten a

mui gran coitan que me ten

ua dona que quero ben e que

me faz en sandeçer. e catando

pola veer. Assi andeu assi an-

deu assi andeu assi andeu assi

andeu.

E ia meu consello non sei

Ca ia omeu adubad e

e sei mui ben per boa fe

que ia sempr assi andarei

catando se a veerei

Assi andeu assi andeu

E ia eu non posso chorar

ca ia chorandensandeçi

e faz mia mor andar assi.

como me veedes andar

ca tando per cada logar.

Assi andeu assi andeu

.

E ia o non posso negar. alguen

me faz assi andar.

CANCIONEIRO DA AJUDA (CCXXXIII)

HEGEL (O CAN MORTO ABRE UM OLHO…)

Há meio século, René Cresson, excelente professor de filosofía nunha escola francesa, descrevia um viaxante que, fascinado, avista ao lonxe as torres simétricas de unha catedral gótica, e que, ao aproximar-se, descobre com tristeza que os sólidos muros eram apenas cenários montados com enxenhosos recursos de teatro de ópera. Tal como a víctima desta miráxe da catedral, muitos leitores de Hegel – no seu tempo deslumbrados com o seu sistema – acabariam por ser alérxicos até mesmo ao nome do pensador, Daí a metáfora do animal contaminante do qual convém non aproximar-se. Na perspectiva dos seus detractores as únicas razóns para incitar à leitura de Hegel, seriam quase profilácticas: ler Hegel, diz Bertrand Russel, poderia constituir unha espécie de vacina para se inmunizar contra unha determinada práctica da filosofia. A autêntica ascese que implica a imersón na “Fenomenoloxia do Espírito” e, sobretudo, na “Ciência da Lóxica”, implica apostar realmente em encontrar aí o absolucto a tornar-se efectivo; no entanto, após a inevitábel decepçón, o espírito ficará prevenido para sempre e xamais abraçará aquilo que non tiver passado antes pola proba da confrontaçón, quer sexa com a realidade empírica quer com postulados e axiomas lóxicos partilhados pola comunidade filosófica e científica. “Tal como os médicos aprendem unha série de cousas sobre a saúde ao estudarem doenças, também nós podemos aprender muito acerca da saúde filosófica ao estudarmos Hegel”, escreve um estudioso particularmente acutilante, que tem o prazer de citar Santayana, para quem Hegel seria o caso paradigmático de egotismo, que consiste em conciliar as cousas com as palabras e non ao contrário. Porém, este cán morto tem unha estranha característica: o seu enterro entre pestilências repete-se ciclicamente. Na verdade, a nossa víctima da peste teve múltiplos renascimentos, sem deixarmos de lado a possibilidade de o momento em que vivemos ser um deles.

VÍCTOR GÓMEZ PIN